Flamengo tetracampeão: o povo feliz outra vez

Quando o juiz Wilton Pereira Sampaio apitou o fim do jogo no Maracanã, na finalíssima da Copa do Brasil, um silêncio tomou conta não só do estádio, mas de milhões de rubro-negros. A festa na favela e no asfalto estava entregue ao imponderável. O sonho do tetra dependia, agora, da disputa de pênaltis. E por que não dizer, do Cara lá de cima.

Considerado o melhor time do futebol brasileiro, a equipe a ser batida, a que movimenta as redações, que vende jornal e que gera mais cliques, o poderoso Flamengo vivia um período de seca de títulos. Depois de amargar seguidos vice-campeonatos (Libertadores 2021, Brasileiro 2021, Supercopa do Brasil 2022 e Carioca 2022), o Rubro-Negro se via mais uma vez entre a cruz e a espada, entre a glória e o fracasso. Uma linha tênue entre voltar a ser campeão ou reviver o fantasma do “cheirinho”.

Sabe aquela expressão “estava escrito”? Pois bem, ela se encaixa perfeitamente no roteiro apresentado ao torcedor flamenguista na final da Copa do Brasil. Em uma noite de futebol abaixo do esperado, com vários problemas físicos e com um técnico pouco inspirado na partida, o torcedor se apegou à mística do Manto Sagrado. O Flamengo foi tetracampeão da Copa do Brasil porque tem dias que o Cara lá de cima aponta e fala que era o justo a ser feito, que a Nação merecia voltar a sorrir. Porque o morro e o asfalto precisavam gritar “é campeão” novamente.

No futebol e no esporte em geral, jogar bem nem sempre é uma ciência exata. Às vezes, a sorte precisa se sobrepor ao trabalho, ainda que estejam quase sempre em sintonia. E muitas vezes, o futebol nos presenteia com lindas histórias de superação e de volta por cima. Pois coube a um contestado e em fim de contrato Rodinei ter a última bola em suas mãos. A última cobrança, a derradeira, a chance da redenção. E com muita calma (nem tanta assim, ok), o lateral rubro-negro deslocou Cássio e soltou o grito preso na garganta de milhões. Quem poderia imaginar? Um típico roteiro rubro-negro.

O Flamengo não foi um primor diante de um Corinthians organizado e até certo ponto surpreendente, mas lutou, se entregou, também fez por merecer dar a volta olímpica. Aliás, tradição essa que sequer foi realizada, devido a um número inaceitável de “convidados” no gramado após a confirmação do título. Um desrespeito ao público, aos jogadores e ao evento.

Foi uma noite de fortes emoções, um verdadeiro teste para cardíaco, mas sobretudo de muitas lições que precisam ser aprendidas para que o sonho do tri da Libertadores não se transforme em frustração em Guayaquil. A menos de 10 dias de mais uma final, o título da Copa do Brasil fez a Nação sorrir de novo, respirar aliviada, afinal de contas, a fase do “quase” havia chegado ao fim.

Depois de uma temporada que se desenhava frustrante, a exemplo de 2021, o trem rubro-negro entrou nos trilhos e agora pode fechar o ano com duas conquistas muito expressivas. O Flamengo das Copas segue forte e em busca de mais uma Glória Eterna, mas para que o sonho do tri se concretize, Dorival e companhia precisam entender que o Flamengo não nasceu para se defender, que a Nação não aceita ver seu time acuado, entrincheirado. O Flamengo é ataque, é pressão. No Flamengo não há espaço para covardia. O Flamengo nasceu para o protagonismo. Até Guayaquil!

 

Foto: Flamengo