A nova realidade do Flamengo

Sou do tempo em que Libertadores para o Flamengo era um sonho distante, apenas sobre conseguir uma vaga na competição. Sou do tempo de cantar a plenos pulmões “Libertadores, qualquer dia tamo aí”, o ápice da alegria rubro-negra no estádio em priscas eras. Pois é, a chave virou. E a realidade atual é maravilhosa. E muito merecedora.

O torcedor do Flamengo que foi ao Maracanã na última 4ª feira, na volta da semifinal contra o Vélez Sarsfield, ou que assistiu de casa a mais uma vitória, pôde comemorar a terceira  final rubro-negra nos últimos 4 anos. Um marco na história do Clube mais querido do Brasil. Algo inimaginável num passado recente, mas que virou rotina para uma instituição que sangrou por anos para atingir o atual patamar. Outro patamar.

Futebol se ganha no campo, na entrega, na competência e no talento, mas esse Flamengo parece talhado a se tornar tricampeão da América. Com uma campanha histórica, invicta e com 100% de aproveitamento no mata-mata, é impossível não apontar o Rubro-Negro carioca como favorito em 2022, sempre respeitando o Athletico. É o time a ser batido, a equipe que joga o melhor futebol e merecedora de mais uma conquista.

Em 2019, o Flamengo chegou à final jogando o fino da bola. Enfrentou um River Plate taticamente perfeito e que, por pouco, não tirou o sonho do bi rubro-negro. Um iluminado Gabigol fez a Nação enlouquecer no fim. Em 2021, o Flamengo chegou à decisão aos trancos e barrancos, em frangalhos fisicamente, com um treinador ultrapassado e contestado, e viu o sonho do tri se esvair com o erro juvenil de Andreas Pereira na prorrogação. E em 2022? Qual será o enredo rubro-negro em Guayaquil no dia 29 de outubro? Sob a batuta do técnico Dorival Junior e com o faro de gol do artilheiro Pedro, o Flamengo pode fazer história mais uma vez.

Quem costuma ler meus textos sabe o quanto bato na tecla da necessidade de o Flamengo construir uma nova história, com novos protagonistas. Sem esquecer de ídolos como Gabigol, Arrascaeta e Everton Ribeiro, chegou a hora de também apontar os holofotes para outros importantes destaques do esquadrão rubro-negro. Que o goleiro Santos finque sua bandeira na história do Flamengo, que David Luiz fique marcado positivamente no Clube, que João Gomes prove o quanto Renato Gaúcho estava errado ao deixá-lo fora até do banco em Montevidéu e que Pedro, bizarramente utilizado somente no 2º tempo da prorrogação em 2021, confirme o que todos nós já sabemos: será o artilheiro e Rei da América em Guayaquil.

Ainda falta bastante tempo para os rubro-negros embarcarem para o Equador, mas já podemos dizer, agora, que o Flamengo não pode perder, não deve perder. E o motivo é justo e “pouco parcial” rs. Que a arquibancada possa voltar a fazer a diferença, empurrando o Flamengo a mais um título e dando alegria a milhões de rubro-negros.

“Quando o Flamengo vence, há mais amor nos morros, mais doçura nos lares, mais vibração nas ruas, a vida canta, os ânimos se roboram, o homem trabalha mais e melhor, os filhos ganham presentes. Há beijos nas praças e nos jardins, porque a alma está em paz, está feliz”.

Hoje, assistindo ao Globo Esporte, fiz o exercício sugerido na matéria do competente amigo Richard Souza e fechei meus olhos (https://globoplay.globo.com/v/10919986/). E com eles cerrados, me teletransportei para Guayaquil, no dia 29 de outubro de 2022. E embarquei no sonho do tricampeonato da Libertadores. Visualizei o dia, a torcida cantando, os lances, o nervosismo, o gol salvador, o grito de gol e os abraços nos amigos. Arrepiado e com os olhos marejados, lembrei de Lima. Lembranças marcantes de um fim de semana inesquecível em 2019. Eu quero tudo de novo. Igual? Pouco provável, mas quero ver o Flamengo no topo da América mais uma vez. A gente merece. O Flamengo merece. Partiu, Guayaquil! Rumo ao tri da Libertadores!