Buscando opções em mercados alternativos, clubes da Serie A ajudam futebol escocês ressurgir

As janelas de transferências do continente europeu se mostraram cada vez mais acirradas e doloridas para os cofres de muitas equipes da Serie A. Como alternativa, alguns times da principal divisão do Campeonato Italiano começaram a explorar mercados alternativos e o futebol escocês acabou virando uma opção de bons negócios.

De acordo com o ranking elaborado pela Uefa, a liga escocesa é apenas a nona colocada entre os principais campeonatos europeus, ficando atrás de Áustria, Holanda e Portugal. Ao falarmos sobre o futebol da Escócia, não demora para vir em mente os tradicionais Celtic e Rangers, mas os jogadores do país que desembarcaram recentemente na Itália não chegaram dos dois multicampeões.

Antes de analisarmos a nova geração de atletas da Escócia no Belpaese, é necessário observar que o calcio nunca foi um destino popular entre os jogadores britânicos. Em 2019, o meio-campista Liam Henderson, que na época defendia o Hellas Verona e hoje está no Empoli, se tornou o primeiro escocês a disputar uma partida da Serie A desde o lendário Graeme Souness, da Sampdoria, em 1986. Ou seja, a elite da liga italiana precisou esperar mais três décadas para ver novamente um escocês no campeonato.

Apesar de Henderson ter sido o grande responsável por quebrar esse longo jejum para os escoceses no futebol da Itália, foi o lateral-esquerdo Aaron Hickey, recém-chegado ao Brentford, quem escancarou as portas da Scottish Premiership para os dirigentes dos times da Serie A.

Revelado pelo Heart of Midlothian e um dos grandes destaques da equipe de Edimburgo, Hickey se tornou uma aposta para o Bologna, que contratou o então jogador de 18 anos de idade por cerca de dois milhões de euros. O atleta seria enviado para trabalhar com a equipe sub-19 (Primavera), mas uma lesão do holandês Mitchell Dijks forçou o técnico Sinisa Mihajlovic a escalar o escocês como titular.

Jogador polivalente, que pode atuar até como meio-campista, ambidestro e protagonista na fase ofensiva, Hickey não demorou para virar o dono da posição e caiu nas graças da torcida bolonhesa. Em sua segunda temporada na Itália, o lateral anotou cinco gols em 36 partidas e entrou na mira de vários clubes da Premier League, incluindo o poderoso Arsenal.

Embora seja um jogador de bastante qualidade e que tinha importância para a equipe liderada por Mihajlovic, o Bologna não conseguiu segurar Hickey, pois foi vendido por mais de 20 milhões de euros ao Brentford. A quantia, contudo, vem ajudando o rossoblù a agir com mais eficácia no mercado de transferências, tanto que o heptacampeão italiano contratou um outro escocês.

Em mais uma negociação no modelo low cost, o Bologna adquiriu o meio-campista Lewis Ferguson, do Aberdeen. Aos 22 anos de idade, o jogador foi um dos principais destaques das recentes boas campanhas do time alvirrubro na Scottish Premiership, tendo marcado 26 gols nas duas últimas temporadas. Com experiência na seleção e em torneios continentais, o talismã escocês foi comprado por cerca de 3,5 milhões de euros e os felsinei esperam que o atleta tenha o mesmo sucesso que Hickey.

Percebendo o bom negócio que o Bologna se envolveu, o Hellas Verona seguiu os mesmos passos do rival da Emilia-Romagna e fechou a contratação do jovem defensor Josh Doig, do Hibernian. O atleta disputou 78 jogos pelo Hibs desde sua estreia em agosto de 2020, principalmente como lateral-esquerdo. Assim como Ferguson, o jogador de 20 anos é uma das grandes promessas do futebol da Escócia.

Os clubes não informaram os valores do negócio, mas a imprensa escocesa revelou que a equipe gialloblù tirou Doig do Hibernian por pelo menos 3,5 milhões de euros. Jogador forte fisicamente e de grande velocidade, o lateral terá a oportunidade de evoluir ainda mais na Serie A e possivelmente se transformar em um ótimo negócio para o Verona.

Hickey, Ferguson e Doig, assim como Nathan Patterson (Everton), Calvin Ramsay (Liverpool), Billy Gilmour (Chelsea) e Kieran Tierney (Arsenal), mostram o positivo desenvolvimento do futebol escocês. Após passar tantos anos sendo deixada de lado pelo resto do continente como um patinho feio, a Escócia voltou a enviar muitos jogadores para as principais ligas europeias e sonha em voltar a disputar uma Copa do Mundo.