Teve gente que nunca acreditou em Paulo Sousa. Teve quem optasse por esperar mais um tempo para ver alguma evolução (me incluo nessa lista). Ainda teve a turma que defenderia o técnico a qualquer custo. Hoje, parece estar claro para quase todo mundo que o treinador português não deu certo no Flamengo.
Contratado no fim de dezembro de 2021 e com trabalhos iniciados no Clube na primeira semana de janeiro desse ano, Paulo Sousa até pode ter seus motivos para ainda não ter feito seu time jogar (quais seriam?), mas não vai poder reclamar de falta de tempo. Foram quase seis meses para apresentar um futebol minimamente competitivo, decente, com claras ideias de jogo. O fato é que estamos na segunda semana de junho e o que se vê em campo é uma espécie de time de pelada reunido às pressas para um jogo contra. Fiz da eloquência minha forma de externar a revolta que sinto com o desempenho do meu Flamengo. Do nosso Flamengo. Os últimos dois jogos determinaram o fim da minha paciência.
Fim de jogo no Maracanã. O Flamengo perde para o Fortaleza por 2 a 1, pelo Brasileirão. #CRF
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— Flamengo (@Flamengo) June 5, 2022
Faço aqui o meu mea culpa sobre a insistência em Paulo Sousa. Detesto trocas incessantes de técnicos, uma prática esquizofrênica do futebol brasileiro. Todo bom trabalho precisa de tempo, é fato, mas também não se pode deixar de admitir que, em alguns casos, os sinais nos alertam para a necessidade de mudança. Eu levei seis meses para me convencer de que Paulo Sousa não pode continuar como técnico do Flamengo. Algumas pessoas levaram menos tempo. Outras seguem otimistas e resilientes. Notem que não se trata de quem está certo ou errado, de quem “cantou a pedra” ou não. É sobre o melhor para o Flamengo, Clube e torcida. Não dá mais, a água está batendo no pescoço.
Importante sempre dizer que quando um navio está a ponto de naufragar, é comum existirem alguns motivos para a tragédia se consumar. Invariavelmente, não existe apenas um problema. São vários fatores que colocaram o Flamengo na atual situação, da transformação de um time espetacular e dominante para uma equipe frágil e irregular, que irrita a torcida dia sim e dia também. O trabalho de Paulo Sousa é ruim, simples assim. As ideias são frágeis, a gestão de grupo é péssima e o resultado em campo é desanimador. Hoje, dia seis de junho, o time não funciona, não se comunica, não dá resultado, não tem organização, não entrega o mínimo condizente com o elenco que o Flamengo possui. A culpa é de muitos, mas em grande parte de seu comandante.
Com a iminente queda de Paulo Sousa, o torcedor se vê novamente à procura de um técnico ideal para comandar o Flamengo. Idealismo este que simplesmente não existe. O que o Flamengo precisa está muito além da simples – e necessária – troca de treinador. Mas como diz um grande amigo meu, “trocar todo mundo agora não será possível, mas algo precisa ser feito e com esse técnico a gente não vai a lugar algum”. As aspas certamente não traduzem literalmente o que o citado rubro-negro falou, mas dá uma clara ideia do que se passa na cabeça do torcedor do Flamengo neste momento. A paciência acabou. Ninguém aguenta mais assistir a um futebol tão modorrento como o da equipe de Paulo Sousa.
O Flamengo se reapresentou na manhã desta segunda (06), no Ninho do Urubu e iniciou a preparação para a partida diante do Bragantino, pelo @Brasileirao.#VamosFlamengo #CRF
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A pergunta que não quer calar: quem entra? Com Jorge Jesus novamente empregado, o sonho de grande parte da Nação fica adiado novamente. E com a temporada já em andamento, me parece pouco provável que o Clube tente e/ou consiga trazer um novo estrangeiro para assumir o comando da equipe. O caminho mais óbvio é contratar um “brazuca-tampão” que aceite esse baita desafio, de preferência, sem um longo contrato. Alguns nomes começam a surgir, mas nenhum empolga. Barbieri, Cuca, Dorival, todos com algum tipo de rejeição interna e externa, uns mais que os outros. Um amigo lembra do argentino Vojvoda, do Fortaleza, algoz da última rodada do Brasileiro. Esse, com todo respeito, periga não aguentar um mês de “fogo alto” no caldeirão rubro-negro, apesar de ter suas qualidades.
Para encerrar o assunto, gostaria novamente de salientar que o Flamengo precisa de uma profunda reformulação. A troca imediata de treinador até pode conduzir o Clube a novas conquistas, modificar o ambiente e satisfazer (em parte) as cobranças da torcida, mas não resolverá todos os problemas do Flamengo. Enquanto torcida, imprensa e dirigentes seguirem nesse modus operandi, nenhum Clube brasileiro funcionará a longo prazo. O profissionalismo é a chave do sucesso de qualquer empresa. A temporada ainda não acabou, o Flamengo segue vivo em todas as competições, mas para ter algum êxito, vai precisar se reinventar dentro de campo. E ser mais profissional fora dele.