As ausências do Chile e da Colômbia na Copa do Mundo de 2022, no Catar, chamaram bastante atenção e deixaram ainda mais evidente o ruim momento das duas seleções sul-americanas, que precisam juntar os cacos e recomeçar. A fase é um pouco pior para os chilenos, que assim como a Itália, não disputarão um Mundial pela segunda vez consecutiva.
Bicampeão da Copa América nos anos de 2015 e 2016, o Chile estava entre as principais forças do futebol do continente ao ter em mãos uma geração de ouro. O tempo passou e, sem encontrar boas alternativas, o envelhecimento do grupo custou as classificações para as Copas do Mundo de 2018 e 2022.
Dos 11 jogadores chilenos que começaram o jogo contra o Brasil, por exemplo, sete tinham 32 anos ou mais. Na oportunidade, os únicos que estavam abaixo desta faixa etária eram Enzo Roco (29), Claudio Baeza (28), Paulo Díaz (27) e Gabriel Suazo (24). Sem uma sucessão mais concreta, a geração de ouro do Chile perdeu o encanto e vem causando problemas.
Nas Eliminatórias para o Mundial de 2018, na Rússia, os chilenos fecharam a competição em sexto lugar, com 26 pontos em 18 rodadas. Já na edição mais recente do torneio sul-americano, a Roja foi eliminada em uma modesta sétima colocação e com apenas 19 pontos somados.
A fraca campanha nas Eliminatórias da América do Sul pode ter sido o último ato de alguns medalhões do futebol do país, como Claudio Bravo, Gary Medel, Arturo Vidal e Alexis Sánchez. A demissão do técnico uruguaio Martín Lasarte também mostra que a Federação Chilena de Futebol pretende dar um basta no nebuloso momento da seleção.
O trabalho não será nada fácil para o próximo comandante do país, pois alguns dos poucos talentos do Chile são Sebastián Vegas, Victor Dávila, Marcelino Núñez e Benjamin Brereton. No entanto, a nação está bem longe do que produzia de jogadores anteriormente em qualidade e quantidade.
O objetivo do Chile não é se transformar em um novo Paraguai, que ficou de fora da terceira Copa do Mundo seguida após mais uma fraquíssima campanha nas Eliminatórias. A Roja quer se reerguer e mostrar que ainda pode medir forças com Brasil, Argentina e Uruguai.
A Colômbia, por sua vez, busca tratar esse vexame como apenas um deslize no meio do caminho, mas deverá superar e aprender com os erros. A desastrosa campanha nas Eliminatórias sul-americanas causou a queda do técnico Reinaldo Rueda e pode sinalizar o fim das trajetórias de Radamel Falcão, David Ospina e Juan Cuadrado na seleção.
James Rodríguez, uma das maiores sensações do futebol colombiano, tem 30 anos de idade e não possui mais um papel central na seleção do país. No entanto, o próximo comandante da equipe encontrará muitas peças de qualidade no plantel, principalmente no setor ofensivo, mas vai precisar retomar a confiança desses atletas.
Ao contrário do Chile, que não tem muitas peças interessantes disponíveis, a Colômbia tem nomes de peso e que possuem bastante lenha para queimar, como Luis Muriel, Duván Zapata, Rafael Borré, Alfredo Morales e Luis Suárez. Além deles, os Cafeteros ainda contam com os habilidosos Luis Sinisterra e Luis Díaz.
A campeã da Copa América de 2001, que participou e deu trabalho nas Copas de 2014 e 2018, tem em seu elenco os mais experientes Wilmar Barrios, Mateus Uribe, Davinson Sánchez e Yerri Mina. Todos esses nomes mostram que o problema da Colômbia não é qualidade, mas questão de tomar decisões melhores e colocar ordem na casa.
O português Carlos Queiroz assumiu a Colômbia depois da boa passagem pelo Irã, mas o comandante é conhecido por montar times com uma maior rigidez defensiva. O ex-Real Madrid tentou se adaptar e até elaborou equipes mais ofensivas, mas o time não rendeu tudo o que poderia. Para piorar, a retaguarda colombiana também sofreu nas Eliminatórias.
Rueda chegou na seleção da Colômbia logo depois da dura derrota por 6 a 1 diante do Equador, mas não retomou o brilho do esquadrão. Embora tenha vencido Peru e Chile ao longo da trajetória, a Tricolor tropeçou contra as modestas Bolívia e Paraguai, além de ter ficado cinco duelos consecutivos sem vencer.
As experiências de Queiroz e Rueda fizeram os torcedores colombianos ficarem com saudades do argentino José Pekerman, pois o estilo ofensivo do experiente comandante se encaixou perfeitamente na seleção colombiana. Além disso, o vexame pode ter aberto os olhos da federação para escolher algum técnico que possui as características que a equipe necessita.
Os colombianos fecharam as Eliminatórias na sexta colocação, com 23 pontos, um atrás do Peru, que ficou em quinto e se classificou para a repescagem da Copa do Mundo.