Adrien Rabiot está vivendo um grande paradoxo em Turim. Mesmo que seja regularmente criticado pelos torcedores da Juventus por seus desempenhos considerados irregulares, o jogador francês é uma das peças mais utilizadas por Massimiliano Allegri na atual temporada e, de alguma maneira, conseguiu manter a confiança do técnico bianconero.
Apesar do seu futebol não ser tão vistoso, o ex-atleta do Paris Saint-Germain, no entanto, ganhou ainda mais força no elenco juventino depois das saídas de Rodrigo Bentacur, Dejan Kulusevski e Aaron Ramsey. Essa janela aberta no meio de campo abriu alas para Rabiot ser regularmente colocado em ação, principalmente na faixa esquerda do gramado.
O atleta de 26 anos de idade aparece entre os cinco jogadores mais utilizados por Allegri na atual temporada. Em 24 partidas disputadas na Serie A, o ex-parisiense foi titular em 20 delas, perdendo apenas para Álvaro Morata, Juan Cuadrado, Manuel Locatelli e Wojciech Szczesny.
Titular quase absoluto da Juve, Rabiot participa da campanha de recuperação do time piemontês no Campeonato Italiano. Dos riscos de ficar de fora da Liga dos Campeões, a Velha Senhora retomou os bons resultados e sonha em voltar a vencer o torneio. Embora criticado, o francês teve sua parcela de participação nisso tudo.
É possível comparar a relação entre Rabiot e a torcida da Juventus com a construção de um castelo de cartas. A evolução é devagar e há necessidade de muito cuidado, pois qualquer movimento em falso ou um simples vento pode fazer tudo desmoronar. No jogo de ida pelas oitavas de final da Liga dos Campeões, a fortaleza do jogador foi derrubada em função de um desempenho desastroso contra o Villarreal.
Além de errar no único gol marcado pelo clube espanhol, Rabiot não foi expulso pelo árbitro alemão Daniel Siebert por um milagre, pois o francês mostrou as garras ao dar uma entrada duríssima no joelho do nigeriano Samuel Chukwueze. Nem é preciso dizer que críticas e mais críticas ao jogador inundaram as redes sociais naquele dia.
Outra reclamação comum sobre Rabiot é o seu baixíssimo impacto ofensivo no esquadrão juventino, um problema já mencionado anteriormente por Allegri e Andrea Pirlo. Desde 2019 na capital da região do Piemonte, o atleta balançou as redes somente seis vezes em 118 jogos. Na atual temporada, por exemplo, o meio-campista ainda não marcou.
Em seu retorno ao time de Turim, Allegri até comentou que Rabiot precisaria ser mais incisivo no setor ofensivo e ter uma maior liberdade para marcar gols, mas o comandante bianconero precisou alterar a estratégia, já que o francês não conseguiu mostrar eficácia na frente da meta adversária.
“Rabiot está fazendo uma boa temporada, porque ele se sacrifica, corre muito e recupera bolas, mas ele deveria ficar mais livre para se projetar no ataque. Ele pode decepcionar quando você espera que ele faça 10 gols, porque Rabiot dá a sensação de conseguir fazer isso, mas não está em suas características”, disse Allegri, praticamente jogando a toalha em relação ao assunto.
O meio-campista francês, contudo, aparenta não ficar muito ofendido com as vaias da torcida da Juventus ou até mesmo com as zoações dos rivais. Em uma das raras declarações para a mídia, Rabiot disse que é extremamente “profissional” e um bom conhecedor do futebol.
Carinhosamente apelidado de “O Duque” pela torcida do Paris Saint-Germain, Rabiot parece ter perdido seu título real ao trocar a capital francesa por Turim, embora sua chegada ao clube italiano tenha sido recheada de pompa, pois a Juve havia superado uma forte concorrência para assinar sem custos com o atleta.
O futuro de Rabiot ainda é muito certo, principalmente com a próxima janela de transferências. Apesar de tentar deixar sua marca em Turim, o francês poderá ir embora da Itália ou ter a vaga preenchida por algum novo reforço para o setor. Para piorar, o meio-campista corre sérios riscos de perder espaço na seleção da França em um ano primordial, já que teremos a disputa da Copa do Mundo no fim de 2022.