Em reconstrução, Fla repete erros do passado e perde a Supercopa

Quatro chances para ser campeão. QUATRO! E um título jogado fora por falta de tranquilidade na hora de decidir a disputa de pênaltis. Uma frustração justa e compreensível, que acaba tirando o brilho do bom futebol apresentado pelo Flamengo na Supercopa do Brasil 2022.

No primeiro grande teste da temporada, contra o atual campeão brasileiro e da Copa do Brasil, gostei do que vi. Se não foi dominante, ao menos o Flamengo ditou o ritmo da partida, criando as melhores oportunidades claras de gol, mas acabou cansando no 2º tempo e sendo castigado com o gol de empate depois de conseguir uma grande virada.

O desapontamento geral não ficou restrito às inacreditáveis falhas nas penalidades máximas. Num roteiro batido e desgastante para a torcida, o Flamengo voltou a apresentar os recorrentes defeitos que costumam custar vitórias e taças: muitas chances claras de gols perdidas e gols de presente ao adversário. Combinação fatal para quem voltou a ser assombrado pelo fantasma dos vice-campeonatos.

O técnico Paulo Sousa, inclusive, já identificou as fragilidades citadas e não se furta de apontá-las em suas entrevistas. Em busca de um Flamengo ideal, o treinador fez seus testes e agora me parece ter tido certo tempo para saber com quem pode ou não contar. Pois chegou a hora de focar em dar minutos ao time que considera ideal. E algumas escolhas precisam ser revistas. A insistência em certos nomes e que pouco acrescentam na qualidade do time pode minar o respaldo que Paulo Sousa tem com a impaciente Nação Rubro-Negra. Certo ou errado, é assim que é.

Alguns jogadores vêm deixando a desejar nesse início de temporada. Seja pelas questões físicas ou por dificuldade de entendimento do novo modelo de jogo, Paulo Sousa tem ajustes a fazer na equipe rubro-negra. No time titular e nas opções do banco. Em breve falaremos sobre as carências do elenco, mas antes, uma rápida análise do que vejo no atual grupo do Flamengo.

Os veteranos da equipe precisam de minutagem para realmente fazerem a diferença em campo. Willian Arão parece encontrar dificuldades com o novo esquema e talvez possa ser uma opção na zaga. João Gomes faz excelente início de ano e merece a titularidade. Diego Ribas, hoje, apenas compõe o elenco. Não pode ser resposta para os problemas do time. Hugo Souza tem um futuro brilhante pela frente, mas seu presente ainda não é entre os titulares da equipe.

Por fim, o que está a cada dia mais claro para todos: o elenco do Flamengo tem importantes carências que precisam ser sanadas o quanto antes, ainda mais em uma temporada apertada, curta e cheia de competições. Goleiro, zagueiro, volante e ala pela esquerda. São as posições que considero sensíveis do atual elenco e que ajudariam na evolução do novo Flamengo de Paulo Sousa.

Perder nos pênaltis não é motivo para terra arrasada, ainda mais pelo contexto do jogo e da forma como foi o empate em 2 a 2 com o Atlético MG, mas é preciso aparar as arestas e focar nas grandes conquistas da temporada. A pecha de vice de novo não combina com o Flamengo, não com esse Flamengo atual.

O Flamengo de 2022 é um recomeço. Para voltar a levantar taças, o Rubro-Negro vai precisar de uma importante combinação entre time, técnico e torcida. Caminhar juntos pode ser o diferencial entre retomar a hegemonia e bater na trave seguidamente. Novas lideranças, novos protagonistas, o que o Flamengo precisa mesmo é se “livrar” das conquistas recentes e construir uma nova história. Ganha o Flamengo, ganha a torcida.

Foto: Paula Reis/CRF