Paciência com o Flamengo de Paulo Sousa

É normal a torcida do Flamengo esbravejar, ter pouca paciência. E é fácil entender: o sarrafo rubro-negro subiu muito. Mas tudo tem seu tempo, é preciso respeitar o processo. O momento é de abraçar o novo projeto e manter o otimismo.

Logo de cara, causa estranheza o estilo do técnico Paulo Sousa, com muitas variações, sobretudo na utilização dos atletas em novas posições. E essa novidade não é exclusividade da torcida. É tudo novo também para os jogadores. Um verdadeiro recomeço.

Com um modelo de jogo definido, mas sem ser refém do mesmo, Paulo Sousa está em busca de sua identidade rubro-negra. E isso não acontece do dia para a noite. São muitas novidades a serem assimiladas.

Pelo lado da comissão técnica, o momento é de introdução da nova metodologia, de “fincar um novo alicerce” no Ninho do Urubu. Momento de colocar o grupo de atletas em bom condicionamento físico e de descobrir, através de tentativa e erro, com quem pode contar para a temporada. É tudo novo, e por vezes o novo nos deixa desconfortáveis.

“Não escondi desde o início, seja para o time ou publicamente. A equipe sabe o nosso modelo, o que pretendemos no nosso jogo, sobretudo ter domínio e a bola. Criar oportunidades várias, seja no corredor central ou pelos lados. Para além da minutagem que pretendemos dar a todos, também quero expô-los de forma positiva para tomarmos certas decisões”, Paulo Sousa

Pelo lado dos jogadores, trata-se de um recomeço. Sem exageros. Depois daquele Flamengo avassalador de Jorge Jesus, com excelência em todas as áreas, a realidade é dura, mas inegável: o Flamengo andou trôpego, sem convicções técnicas, quase à deriva. Sem tirar a responsabilidade dos atletas (e eles sabem bem disso), o grupo ficou órfão de metodologia. E isso custou muito caro. Basicamente um inédito tricampeonato brasileiro (de forma seguida) e o tricampeonato da Libertadores.

“Fazia tempo que eu não aprendia tanta coisa assim em tão pouco tempo. Creio eu que ele tem mais coisas para ensinar e mais coisas para passar de novo”, Gabi.

O torcedor tem licença poética para ser impaciente, muitas vezes está com a razão, mas normalmente “pensa com o fígado”. E é compreensível. Agora, jornalista e principalmente dirigente precisam ser racionais, usar aspectos técnicos para avaliar. E mais do que tudo: se contratou Paulo Sousa e acreditou no projeto, tem que dar espaço para o técnico e sua comissão trabalharem. Não há sucesso sem trabalho.

“É ter um pouquinho de paciência não só com ele, mas também com a gente por causa dessas mudanças que vêm acontecendo…Entendemos um pouquinho a impaciência da torcida, mas a gente tem treinado bastante, se dedicado e aprendido bastante. Isso requer tempo para o professor ver as melhores características dos jogadores, conhecer de perto e ver qual é o melhor sistema para encaixarmos”, Gabi.

Esperar paciência da torcida não é fácil. É até ingênuo. A Nação quer voltar a ver o Flamengo dominante, de preferência, agora. Mas essa é a hora da Diretoria não deixar aflorar seu lado torcedor e respeitar o processo. Se manter firme. Paulo Sousa precisa de tempo. O futuro é incerto, mas a única certeza que tenho é que sem tempo, sem metodologia e sem respeitar o processo, o fracasso é uma garantia. Independentemente do técnico escolhido.

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