Pedro Henriques foi eleito melhor CEO de clubes no país em 2020 no Prêmio Conafut.
O futebol brasileiro tem como uma das principais pautas para 2022 a nova possibilidade de modelo a ser adotado pelos de clubes de futebol: a SAF. A forma de Sociedades Anônimas do Futebol (SAF) já vem se tornando uma realidade após ter sido aprovada como lei recentemente.
O Cruzeiro e o Botafogo, tradicionais clube do Brasil, já seguiram o caminho do novo molde, e assim como ele, outras equipes como o Figueirense também. Além disso, os noticiários indicam que frequentemente outros times flertam com essa possibilidade.
O ex-CEO e antigo vice-presidente do Bahia, Pedro Henriques, destacou que o impacto na realidade das equipes depende do estilo de gestão adotada.
– O impacto de qualquer mudança num clube de futebol dependerá da forma como a gestão tratar as demandas do dia a dia. A mera transformação de natureza jurídica não garante uma mudança imediata. Ocorre que vai passar a existir uma série de novos mecanismos e novas responsabilidades que o clube deverá estar atento. Claro que havendo um investidor que aporte dinheiro imediatamente, se imagina um impacto inicial relevante, mas é preciso entender o planejamento no uso desse recurso. Por exemplo, um aporte de algumas dezenas de milhões pode ter impacto imediato no campo se for revertido na montagem do elenco, mas se esse dinheiro for utilizado para equacionar o passivo do clube e fazer um investimento no seu patrimônio físico, a tendência é demorar um pouco mais de ver isso se converter em resultados desportivos (embora possa se esperar um pouco mais de consistência quando eles chegarem) – explicou
A grande dúvida de muitos torcedores, apesar da empolgação inicial pela esperança numa nova organização, passa também pelo receio do tamanho das mudanças que o novo “dono” do seu clube pode fazer.
Pedro destaca que a preocupação das torcidas com mudanças radicais pra tradição do clube é algo relevante para se manter a atenção, mas que pode ser evitado durante o processo de transformação em SAF.
– Possível é, embora eu acredite que seja improvável se houver cuidado para evitar. A depender do projeto do acionista majoritário poderia haver interesse em promover mudanças de aspectos de identidade do clube, como cor do uniforme, escudo, nome de estádio e, eventualmente, até mando de campo. Mas isso tudo é algo que pode ser prevenido na fase de transformação da associação em sociedade anônima desde que o clube permaneça com um determinado percentual das ações (10%) e, com isso, tenha poder para vetar esse tipo de mudança. – finalizou