Pouco tempo depois das demissões de Andriy Schevchenko e Roberto D’Aversa, as equipes do Genoa e da Sampdoria anunciaram os seus novos comandantes para a sequência da temporada. Os blucerchiati foram mais previsíveis e selecionaram Marco Giampaolo, já o rossoblù surpreendeu ao contratar o alemão Alexander Blessin.
Os dois principais clubes de futebol da região da Ligúria, no norte da Itália, enfrentam uma péssima fase na Serie A e lutam contra a zona do rebaixamento. A Sampdoria ocupa a 16ª colocação da liga e está quatro pontos acima da parte vermelha da classificação, enquanto o Genoa é o vice-lanterna do campeonato e corre sérios riscos de voltar para a Serie B.
Esse “Derby della Lanterna” disputado fora das quatro linhas do campo mostrou que Genoa e Sampdoria tomaram decisões diferentes em relação aos seus treinadores. Um deles buscou um técnico com mais bagagem no futebol local, já o outro decidiu inovar ao escolher um comandante jovem, estrangeiro e que terá sua segunda experiência profissional.
A Sampdoria foi curta e totalmente sem cerimônia para decidir o substituto de D’Aversa, pois Giampaolo é um velho conhecido do futebol italiano e do próprio clube genovês, pois treinou a equipe entre os anos de 2016 e 2019. Além de tentar aliviar o momento dos blucerchiati, o comandante terá uma chance de se redimir dos ruins trabalhos no Milan – onde foi demitido após sete jogos – e Torino.
Giampaolo assinou um vínculo válido pelos próximos seis meses e o clube tem a opção de renovar o contrato por mais dois anos. Em seu primeiro treinamento em Gênova, o comandante já experimentou algumas mudanças no esquema tático, pois testou durante os trabalhos uma defesa formada por três homens. Vale destacar que o treinador costuma elaborar seu sistema defensivo com quatro atletas.
Os caminhos de Sampdoria e Giampaolo se cruzaram novamente, mas a atual situação do clube é um pouco pior se compararmos com o time de 2016, quando o treinador de Bellinzona substituiu Vincenzo Montella. O técnico conquistou os torcedores não apenas pelos resultados em campo, mas sobretudo com os bons desempenhos dentro das quatro linhas, e espera seguir essa receita em sua segunda passagem.
O Genoa, por sua vez, seguiu o caminho contrário da arquirrival e surpreendeu ao escolher o não tão conhecido Blessin como novo treinador. O vice-lanterna da Serie A, que precisa urgentemente deixar a zona do rebaixamento, deverá ter a paciência que não teve com Shevchenko, pois o alemão dirigirá pela primeira vez na carreira uma equipe italiana e passará por sua segunda experiência profissional.
O rossoblù parece estar confiante nas habilidades de Blessin, tanto que ofereceu um contrato válido até o ano de 2024 e pagou a cláusula de rescisão presente no (agora antigo) vínculo com o Oostende, da Bélgica. Apesar da chegada do alemão, o sonho do Genoa era Bruno Labbadia, mas o comandante recusou a oferta do clube no último minuto.
O novo treinador genovês passou oito anos nas categorias de base do RB Leipzig, tendo assumido as funções de auxiliar-técnico e de comandante das equipes sub-17 e sub-19 do clube alemão. Blessin é considerado como um “filho” para Ralf Rangnick, atualmente no Manchester United, e vem da escola de “Gegenpressing” (sinônimo em alemão para “counterpressing“) dos Bullen, que se caracteriza pela pressão alta, grande taxa de trabalho e ataque total.
Blessin deixou Leipzig para comandar pela primeira vez na carreira uma equipe profissional em junho de 2020 e teve um impacto muito positivo no Oostende, que disputa a elite do Campeonato Belga. Ele liderou o clube até um excelente quinto lugar na liga local e foi eleito como o melhor técnico da temporada de 2020/21 da competição, tendo superado os mais renomados Philippe Clement (Brugge), John Van Den Brom (Genk) e Vincent Kompany (Anderlecht).
O bom trabalho de Blessin no futebol belga o deixou muito próximo de assumir o comando do Sheffield United, da Inglaterra, mas viu o negócio não dar certo em virtude das regras do Brexit, que rejeitaram as permissões de trabalho do antigo comandante do Oostende.
O alemão geralmente implanta em suas equipes o esquema tático 3-5-2, mas com bastante intensidade. A formação de Blessin é muito semelhante à que Davide Ballardini utilizava no Genoa, mas vai na contramão do 4-3-3 que Shevchenko tentou implantar na equipe rossoblù.
Em suas primeiras palavras como técnico do Genoa, Blessin destacou os nove títulos do Campeonato Italiano do clube e sabe da tradição do rossoblù no futebol local. Apesar de entender no que está se metendo, o alemão precisará ser rápido e certeiro em suas escolhas para trazer bons resultados, pois a diretoria genovesa provou com a demissão de Shevchenko que não tem muita calma.