De olho na Copa e no bom futebol, Phillippe Coutinho está à Premier League para trabalhar com um velho conhecido

Alguns jogadores possuem tamanho nível técnico de futebol que é difícil acreditar que eles possam ter desaprendido a como jogar. É quase como se fosse andar de bicicleta, afinal, muitos dizem que depois que aprende nunca se esquece. Nessa linha, um dos grandes talentos da atual geração brasileira é Phillippe Coutinho. Jovem promissor revelado pelo Vasco da Gama, que foi mágico em Liverpool e sumiu em Barcelona, agora está de volta à Inglaterra, chegando ao Aston Villa.

A ida de Coutinho para o time de Birmingham tem diversos fatores que podem justificar. Primeiro, o Barcelona precisava abrir vaga para que Ferrán Torres pudesse ser inscrito. O próprio brasileiro desejava mais minutos em campo visando a Copa do Mundo, que acontecerá entre os meses de novembro e dezembro. E, um terceiro: que tal atuar com um velho conhecido?

Para que nem não se lembra, Phillippe Coutinho e Steven Gerrard foram companheiros de Liverpool entre as temporadas 2012 e 2015, agora, como treinador dos Villans, o inglês pode ser o responsável por resgatar a magia do brasileiro.

Como Phillippe Coutinho pode encaixar no elenco do Aston Villa e buscar o melhor futebol de sua carreira?

 

A melhor versão de Phillippe Coutinho foi na Inglaterra

Revelado pelo Vasco da Gama na temporada 2008, Phillippe Coutinho foi vendido para a Inter de Milão ainda com 16 anos, ficou dois anos emprestado ao clube carioca até rumar à Europa.

No Velho Continente, demorou para se firmar, pelos Nerrazzuri não teve tanto espaço em um time comando por José Mourinho e com estrelas com o Wesley Sneijder, Javier Zanetti, Samuel Eto’o e Diego Milito. Em janeiro de 2012, foi emprestado por seis meses ao Espanyol, pela equipe catalã conseguiu demonstrar certo protagonismo, fato que chamou atenção de diversos clubes.

Em 30 de janeiro de 2013, mesmo apagado na Itália após o empréstimo, o Liverpool desembolsou certa de 9 milhões de euros para contar com os trabalhos de Phillippe Coutinho. E o brasileiro chegou com moral, vestindo a camisa 10 dos Reds.

Pelo gigante da Inglaterra foram 201 jogos, 54 gols e 43 assistências. Números impressionantes para quem chegou com 20 anos a uma das ligas mais importantes do continente, e que visa o jogo físico em todas as partidas.

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Sob o comando primeiro de Brendan Rodgers e depois de Jürgen Klopp, Coutinho se desenvolveu, deixou de ser apenas um jogador de centro de campo para atuar também deslocado pelas beiradas, sobretudo no lado esquerdo do campo.

Foi nesse momento que uma de suas jogadas mais características começou a ficar conhecida: o corte vindo da esquerda para dentro e a batida forte no ângulo.

Em um time que foi vice campeão inglês da temporada 2013/2014, Phillippe Coutinho formou um ataque impressionante com o uruguaio Luis Suárez e o inglês Daniel Sturridge, onde o Liverpool superou a casa dos 100 gols na Premier League.

Mesmo após a saída do uruguaio, que foi para o Barcelona, Coutinho continuou sendo ovacionado e amado pelos torcedores. Ganhou, inclusive, novos companheiros de ataque, Sadio Mané, Roberto Firmino e Mohamed Salah foram chegando, mas os títulos teimavam em não entrar na sala de troféus.

Dessa forma, Phillippe Coutinho definiu que era hora de novos voos.

 

Realizando um sonho e convivendo com lesões que lhe tiraram o protagonismo

Em dado momento de sua trajetória no Liverpool, Phillippe Coutinho não escondeu que um de seus sonhos seria atuar pelo Barcelona. Até que em janeiro 2018 ele se tornou realidade. Em uma transação de cerca de 135 milhões de euros, o mágico deixou Liverpool rumo à Catalunha.

Mas, o que era para ser um sonho, acabou sendo nada mais do que lampejos, sem lembrar em nada o jogador que encantou o futebol mundial, e tornou-se intocável na Seleção Brasileira ao lado de Neymar.

No Liverpool, Phillippe Coutinho era o cara, o time era formado exclusivamente para que o seu futebol fosse desenvolvido, na Espanha, um certo Lionel Messi era quem recebia todo esse carinho.

Mesmo com esquemas de jogo que na prática eram semelhantes (variáveis do 4-3-3) em nenhum momento o brasileiro conseguiu ser o protagonista. Pior, passou a conviver com o banco de reservas e até mesmo com diversas lesões.

Após uma temporada e meia (2017/2018 e 2018/2019) muito abaixo do que poderia desempenhar, Phillippe Coutinho foi emprestado ao Bayern de Munique com uma cláusula de compra para os Bávaros.

 

Phillippe Coutinho foi a Alemanha para ganhar a Champions e passar por cima do Barcelona

Quando o empréstimo de Phillippe Coutinho foi concretizado ao Bayern de Munique no início da temporada 2019/2020 muito se esperava que o brasileiro pudesse reencontrar o bom futebol, ainda mais se tratando de uma liga em que os Bávaros dominam de ponta a ponta.

Os títulos até vieram, mas o bom futebol ficou longe. Pela Bundesliga, foram 23 partidas, 15 como titular, oito gols e seis assistências, na Copa da Alemanha, quatro jogos sem gols ou assistências. Já na Champions League, foram 11 partidas, três gols e três assistências. Porém, o que mais chama atenção é que dois desses gols e uma dessas assistências foram na goleada por 8 a 2 sobre o Barcelona, nas quartas de finais.

Na Alemanha ele foi campeão de tudo, mas o fraco futebol e a alta taxa de compra ao final do empréstimo fizeram com que ele não fosse contratado em definitivo.

A falta de futebol de Phillippe Coutinho lhe tirou espaço na Seleção Brasileira

Se nos momentos em que foi mágico em Liverpool Phillippe Coutinho era intocável na Seleção Brasileira, após a saída da Inglaterra tudo mudou.

Hoje, no meio-campo ele possui poucas oportunidades de jogo. Lucas Paquetá tem ocupado a vaga sem deixar sombras para os reservas. Pelas pontas, Raphinha do Leeds United e Antony do Ajax tem cumprido muito bem o papel. Sem falar em Vinícius Júnior do Real Madrid, que na Espanha tornou-se amado e vem brigando por oportunidades com a camisa amarela.

Para a Copa do Mundo de 2018 ninguém discutia o papel de Phillippe Coutinho no time de Tite, agora, pouco mais de 10 meses para a competição de 2022, ele corre contra o relógio para garantir a sua vaga entre os selecionáveis.

 

O reencontro entre Phillippe Coutinho e Steven Gerrard: como o inglês pode ajudar o brasileiro e vice-versa?

Quando se fala de futebol inglês e de jogadores de meio-campo, Steven Gerrard passa pela mente de todos os fãs do esporte. Um dos maiores nomes da história do Liverpool, o hoje treinador de futebol assumiu o Aston Villa em 11 de novembro de 2021, após um ótimo trabalho de reconstrução do Rangers, na Escócia.

A estreia de Gerrard ocorreu no dia 20 de novembro, com uma vitória suada, nos minutos finais sobre o Brighton. Ali, já ficava evidente um esquema de jogo que o comandante buscaria para os Villans, o 4-3-3. Com o brasileiro Douglas Luiz atuando como um volante de marcação e John McGinn e Jacob Ransey um passo a frente na linha de meio-campo, e Emiliano Buendia, Ashley Young e Ollie Watkins formando um trio mais à frente.

Da mesma forma, Steven possui outras variáveis para o seu esquema, partindo para um 4-3-1-2, em que o meio-campo possui um trio com Douglas, McGinn e Ransey, e Buendia atuando como um elo de ligação entre o setor e os dois atacantes, no caso Watkins e Danny Ings.

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Os dois esquemas de jogo podem favorecer Phillippe Coutinho, seja com 3 atacantes, onde ele pode ser um dos pontas, principalmente atuando pela esquerda e deslocando Buendia para a direita. Ou até mesmo no esquema com dois homens de referência em que ele pode ser o responsável pela ligação meio-ataque.

Coutinho tem novamente Gerrard ao seu lado, agora como seu chefe. Em entrevista antes do fechamento da contração, Steven afirmou: “Acho que você não recebe o apelido de ‘O Mágico’ se não for um jogador de futebol especial”.

As cartas estão na mesa, o contrato do brasileiro é de empréstimo por seis meses com opção de compra por parte dos Villans. Mais do que mostrar que ele deve permanecer, é reencontrar o bom futebol em uma equipe que quer brigar por voos maiores, as vagas em competições continentais.