O presidente da Sampdoria, Massimo Ferrero, foi preso na última segunda-feira (6) pela Guarda de Finanças da Itália e deixou a situação do clube italiano ainda mais complicada na atual temporada, pois os blucerchiati já estão envolvidos na luta contra a zona do rebaixamento da Serie A.
O dirigente de 70 anos de idade foi detido pela polícia italiana em um inquérito por crimes societários e falência fraudulenta, mas sem relação com a tradicional Sampdoria. No entanto, essa bomba soltada em Gênova pode impactar negativamente o desempenho da equipe dentro dos gramados.
A prisão de Ferrero não poderia ter acontecido em pior hora para a Sampdoria. Além de ver o próprio presidente sendo detido e brigar contra a parte vermelha da tabela, o clube da região da Ligúria terá na próxima sexta-feira (10) o clássico diante do Genoa e o técnico Roberto D’Aversa pode estar com seus dias contados no comando da equipe.
O plantel da Sampdoria recebeu a bombástica notícia da prisão de Ferrero através do diretor esportivo Daniele Faggiano, mas o grupo continuou a preparação para o tradicional e aguardado Derby della Lanterna, no Estádio Luigi Ferraris. Enquanto isso, o diretor Alberto Bosco ficará provisoriamente no comando do clube genovês.
Empresário da indústria do cinema e um grande simpatizante da Roma, Ferrero é dono da Sampdoria desde 2014. A investigação que resultou em sua prisão é conduzida pelo Ministério Público (MP) da cidade de Paola, na região da Calábria, e leva em consideração a falência de quatro empresas do cartola nos setores hoteleiro, turístico e cinematográfico, todas com sede na província de Cosenza.
Nos últimos tempos, Ferrero não escondeu sua vontade de vender a Sampdoria e passava por uma enorme crise financeira. Em uma interceptação telefônica de novembro de 2020 entre Andrea Diamanti, braço direito do cartola, e Gianluca Vidal, contador do dono da Samp, é revelado que o empresário não tinha um euro no bolso.
“Massimo Ferrero é um vendedor excepcional, mas também é seu pior inimigo. Ele diz que não é ganancioso, mas na realidade quer sempre mais. Não temos um euro. O ponto é que se você disser a ele que está fechando a venda de uma empresa aos 80, ele quer 100. Se você disser 100, aí ele pede 120. Sinto que estou trabalhando para uma empresa limitada. Ele me fala que quer ‘mais do que isso’, mas aí sempre digo que ele falhou“, disse Diamanti em um trecho da conversa divulgado pelo “Secolo XIX”.
Com Ferrero fora do caminho da Sampdoria, o clube genovês deverá ser vendido nas próximas semanas. Na pole position estaria o fundo de investimentos americano York Capital, do magnata James Dinan, que tentou comprar o time há cerca de dois anos e que gostaria de ter o ex-jogador Gianluca Vialli como presidente. A batalha também deverá ter um fundo de investimentos dos Emirados Árabes Unidos e um consórcio liderado pelo ex-zagueiro italiano Alessandro Costacurta.
Vale destacar que as negociações da venda da Sampdoria serão administradas por Vidal e tudo deverá ser concluído antes do Natal.
A prisão de Ferrero gerou bastante repercussão em território italiano. A Federclubs, associação de torcedores da Sampdoria ao redor do mundo, disse à “ANSA” que o clube italiano atingiu o “ponto mais baixo” em toda sua história. Já Sergio Gasparin, ex-CEO do time, declarou em entrevista ao portal “Itasportpress” que a gestão do cartola foi “completamente falida”.
“Não me arrependo, pelo contrário, pelo menos a Sampdoria se libertou de tudo isso. Precisaram encerrar este assunto ainda mais cedo. Agora espero que o clube possa voltar a ser uma equipa séria e, no final, isso foi uma boa notícia“, comentou o ex-jogador Pietro Vierchowod, que defendeu a Samp entre 1983 e 1995, ao “LaPresse”.
Apesar de tudo isso, Sampdoria e Genoa vão fazer um clássico dos desesperados, principalmente pelos dois tradicionais times estarem brigando na parte de baixo da tabela. Os blucerchiati, mesmo com todo esse fator extracampo, estão em uma situação um pouco melhor, pois somam 15 pontos e ocupam a 15ª colocação. Com 10, o rossoblù está na 17ª posição e abre a zona do rebaixamento da Serie A.