Passado o auge da dor pela derrota na final da Libertadores, acordei no dia seguinte, mais calmo, e resolvi desabafar no twitter. Colocar em palavras tudo aquilo que vivi intensamente nesses dias em Montevidéu. A ideia de trazer para cá, em forma de artigo, foi de um amigo. E achei que realmente faria sentido. O relato a seguir é de um cara que ama o Flamengo, nem mais nem menos que os outros, que apenas sentiu à sua maneira a dor da perda de um título que parecia tão perto.
A Nação vibra nas vitórias e se fortalece ainda mais nas derrotas. pic.twitter.com/Vv70zVQrL6
— Pablo dos Anjos (@PabloWSC) November 30, 2021
O primeiro ponto é que o Flamengo não perdeu o título somente na partida decisiva. O cenário já vinha se desenhando arriscado há algum tempo. O clima era ruim. O Flamengo não chegou bem preparado para lutar pelo tri da Libertadores. Parte física precária, parte técnica sofrível e torcida desconfiada. Tudo acabou sendo notado na final. O time parecia sem intensidade, apático, frágil fisicamente e incapaz de enxergar o tamanho da partida. Ninguém vibrou, pressionou o juiz, chamou a torcida, nada. À margem do campo, se via um comandante sem comando, impotente e incapaz.
E a arquibancada também ficou devendo. Sempre batemos no peito, com razão, para falar que fazemos a diferença, mas no último dia 27/11 não fizemos. Eu estava lá. Ninguém me contou. Seja pela (péssima) acústica, seja pelo vento (descomunal) contra, seja pelo reflexo da apatia do time em campo. Não vibramos. Ao menos não como de costume. Não fizemos valer no grito, a imensa maioria na arquibancada do estádio Centenário.
Ainda assim, com um time muito abaixo do esperado e uma torcida diferente do que se costuma ver, o Flamengo estava no jogo, teve chances (poucas) de ser campeão. No fim, um erro fatal de Andreas Pereira acabou com o sonho. E não me venham falar que faz parte. Não faz. Foi decisivo. Talvez o maior erro da história do Flamengo.
Vamoooooooo pic.twitter.com/Bk4Nag8O8a
— Pablo dos Anjos (@PabloWSC) November 27, 2021
Estar em Montevidéu não foi brincadeira. Muito dinheiro gasto, logística pesada para poder estar junto do time e uma frustração que não se explica. Uma dor que não se apaga, mas que deveria servir de exemplo para a correção do rumo do futebol do Flamengo.
Difícil demais olhar para os amigos no estádio e ver todos incrédulos, buscando explicações. Arrasador ver minha mulher aos prantos no fim da partida, desolada. Marcante ver um grande amigo consolando o filho, mas assim é o futebol. O tempo todo. A gente se frustra hoje e comemora amanhã. É preciso saber sofrer, detectar os problemas e corrigir o curso de sua própria história.
O Flamengo vai seguir gigante e brigando por tudo, mas ninguém é maior que o Clube. E é preciso humildade para entender isso. Olhar para frente (sem esquecer do passado) e fazer o que deve ser feito. Organização e planejamento. De nada adianta ficar remoendo, se martirizando, mas passar pano também não vai ajudar a fazer o Flamengo voltar a ser campeão.
É na dor das derrotas que a gente forja novos campeões. Foco em 2022! pic.twitter.com/2a6tey6T3I
— Pablo dos Anjos (@PabloWSC) November 30, 2021
Cheguei ao Rio de Janeiro na 2ª feira, exausto, depois de uma peregrinação por voos e conexões. Um cansaço mais mental que físico, de saber que ao pisar na minha casa, aquele vacilo do Andreas Pereira não terá sido um simples pesadelo. Que a manutenção de Renato Gaúcho por tanto tempo não era apenas fruto da minha imaginação. Era tudo verdade. Demos tudo de bandeja aos adversários. Abri a porta de casa e a primeira coisa que meu filho mais velho (Gabriel) disse foi: “papai, o Palmeiras venceu de 2 a 1 do Mengão”. A realidade nua e crua oferecida por um menino de cinco anos.
Saber perder faz parte, é do jogo. Se alimentar de rancor e remoer os fatos não me fará encontrar paz de espírito e tampouco fará a taça mudar de dono. Meus filhos já estão tomando gosto pelo Flamengo, já criei meus monstros. Mas tenham a certeza de uma coisa: Vencer tem que ser uma obsessão. Perder, sempre um ensinamento. É na dor das derrotas que a gente forja novos campeões.
Nós somos o FLAMENGO! pic.twitter.com/Co03riiW5d
— Pablo dos Anjos (@PabloWSC) November 27, 2021
E para aqueles que acham que a torcida do Flamengo baixará a guarda, se esconderá, deixará de ostentar o Manto pelas ruas, sugiro um programa para esta 3ª feira à noite: se puderem, vão ao Maracanã assistir a Flamengo e Ceará. Se não for possível, espiem pela televisão. E sintam o que é o Flamengo para sua gente. A Nação vibra nas vitórias e se fortalece ainda mais nas derrotas. Aguardem! Voltaremos!