O Napoli de Gennaro Gattuso encantou na temporada 2019/20, conquistando a Copa Itália sobre a Juventus, seu maior rival e mostrando um futebol ofensivo tendo o azar de não ter se classificado para as quartas de final da Liga dos Campeões, após duelo difícil contra o Barcelona. Mas o casamento ruiu em 2020/21, quando o time foi eliminado na Liga Europa pelo Granada, perdeu uma Supercopa italiana em jogo duro contra a Juventus com direito a pênalti perdido por Insigne na reta final da partida e por fim não garantiu a vaga para a Liga dos Campeões depois de levar o empate do Verona nos acréscimos da partida.
Então Gattuso deixou o cargo e veio Luciano Spalletti, classico treinador italiano que possuí um ótimo currículo com grande destaque para a Roma que encantou o futebol nacional na primeira década do século XXI.
Somando a derrota diante da Inter no último final de semana (a primeira do time na Serie A), são 17 jogos, com 12V, 3E e 2D, ótimos números para uma equipe que praticamente não se reforçou em relação a época anterior, trazendo apenas o zagueiro brasileiro Juan Jesus e o volante camaronês Anguissa.
A diferença entre o Napoli atual e o do passado recente é grande se tratando de defesa, já o ataque as semelhanças são grandes, afinal o futebol ofensivo do time segue a todo o vapor.
Napoli x equipes mais fracas
Se analisarmos os duelos contra Venezia, Sampdoria, Udinese, Cagliari e Bologna, times abaixo tecnicamente, veremos uma supremacia enorme do Napoli. Afinal foram jogos em que a equipe venceu e convenceu. Mas o que ajudou muito os napolitanos a saírem vencedores nesses jogos foram o fato das equipes jogarem na defensiva esperando oportunidades de contra-ataque o que de fato não aconteceu. A bola então ficou em média 63% do tempo com os jogadores Partenopei permitindo um amplo domínio sobre os rivais e tempo o suficiente para trabalhar jogadas ofensivas que resultaram em muitos gols e vitórias em determinados jogos (Sampdoria e Udinese) relativamente fáceis.
O ponto principal desta equipe diante de adversários que abdicam do ataque, é a troca rápida de passes e muitas finalizações (em média de 11 por jogo). Alinhada a uma defesa sólida com Koulibaly e Rrahmani, com a entrada de Juan Jesus em alguns jogos, Spalletti encontrou sua segurança. Agora o calcanhar de Áquiles do time tem sido as laterais. Com dois jogadores ofensivos (Di Lorenzo e Mario Rui), sobram espaços para os adversários chegarem ao campo de defesa napolitano.
Mas as equipes que o Napoli enfrentou pouco conseguiram se aproveitar desta deficiência da equipe e por ter um ataque forte com Insigne, Osimhen e Politano (ou Lozano), muitos gols surgem e com isso os rivais passam a terem muito receio de atacar pois sabem que o retorno é implacável.
Napoli contra os gigantes
Porém a situação muda completamente quando os Partenopei enfrentam os grandes clubes italianos ou na Liga Europa. Os números falam por si só. Na competição europeia, empate fora de casa contra o Leicester City e derrota em casa para o Spartak Moscou. Esses jogos o Napoli marcou gols porém a defesa ficou muito vulnerável, já que em ambos os jogos o meio-campo foi controlado pelos adversários que conseguiam chegar no ataque com muito volume de jogadores o que era fatal para os goleiros Meret e Ospina.
Já no campeonato italiano o feitiço voltou contra o feiticeiro. Se contra os times mais humildes da Serie A, só se via pressão napolitana no começo do jogo e troca rápida de passes. Contra Roma, Inter, Juventus e até mesmo o Verona (uma grande pedra no sapato) vimos um time contido sofrendo muito com atacantes rápidos como Correa, Lautaro, Zaniolo, Abraham, Chiesa, Simeone, entre outros. Parecia que bastava o time adversários possuir em seu elenco jogadores rápidos que o Napoli não consegue segurar e passa a sofrer. Os primeiros tempos contra todos esses times citados acima, o Napoli sofreu demais, demorando a reagir ou encontrar um esquema de jogo que pudesse trazer mais velocidade ao time e maior posse de bola.
Contra a Juventus, gol logo no início após saída errada da defesa para o ataque; Morata aproveitou e marcou. No Olímpico, muitas falhas defensivas e Abraham perdeu duas boas chances de gol e Zaniolo uma. Diante do Verona, Mario Rui deu espaço de sobra no lance que Giovanni Simeone abriu o placar. E no último jogo contra a Inter, desatenção da defesa em todos os gols somando com o azar de Koulibaly, que colocou a mão na bola.
Os primeiros tempos de todos os jogos difíceis, vimos um Napoli totalmente dominado e com reação muito tardia. Porém, no segundo tempo de ambos, teve condições de vencer a partida quando Spalletti fez mudanças corretas no time, mas a vitória só veio contra a Juventus.
O que falta para o clube?
Essa demora para reagir quando é pressionado pelo adversário tem prejudicado muito o Napoli e a oscilação do elenco também atrapalha. Insigne oscila muito, Osimhen quando tem apoio e boas bolas para chegar no gol decide, mas sozinho não é capaz de fazer muita coisa. Fabián Ruiz é muito marcado e aparece menos do que deveria. Por fim Zielinski tem lampejos e a dupla Politano e Lozano alternam demais entre bons jogos e fraquíssimas exibições.
De fato o elenco Partenopei é mediano e abaixo do trio Milan, Juventus e Inter, pois faltam peças de reposição com qualidade necessária para resolver a partida. Elmas, Demme, Lozano, Mertens estão muito abaixo apesar do último estar voltando de lesão e ter entrado muito bem no duelo contra a Inter. Mas hoje é difícil ver por exemplo um atacante que possa revezar com Osimhen como por exemplo a Inter de Milão tem quando Inzaghi não utiliza Dzeko utilizando Correa no lugar.
As laterais precisam de peças de reposição já que Di Lorenzo, hoje titular da seleção, tem sentido muito o desgaste e Mario Rui mais erra do que acerta podendo ser um bom reserva para Luciano Spalletti.
Hoje é muito difícil pela qualidade do elenco não vermos o Napoli no mínimo na próxima Liga dos Campeões, porém sem mais três ou quatro contratações em janeiro fica difícil ver esse time ser campeão nacional com tantas dificuldades que apresentou nós jogos mais duros que disputou na Serie A.
Os duelos contra Lazio, Atalanta e Milan serão fundamentais para determinar o que torcedor terá pela frente se é alegria ou decepção como foi na temporada passada.
Spalletti pode fazer o Napoli ser campeão?
Luciano Spalletti fez um verdadeiro milagre com o atual elenco e se tivesse uma mágica para que o time titular não tivesse desgaste físico ou oscilação técnica, sem dúvidas conseguiria o título. Seu trabalho é impecável só pelo fato da equipe ser a melhor defesa do campeonato mas as poucas opções que tem podem fazer diferença lá na frente.
Os minutos finais dos jogos duros que teve que mexer na equipe são muito positivos, até porque o time sabe reagir mesmo com pouco tempo restante para mudar o cenário do jogo. Seu trabalho com Osimhen é sensacional tornando o nigeriano um dos melhores atacantes do futebol italiano atualmente além de elevar ainda mais o nível de Koulibaly que passou a ser mais um líder em campo ao lado de Insigne.
Se aumentar a confiança do elenco e incluir no esquema tático Mertens, Elmas e Demme como fez com Osimhen, sem dúvidas o Scudetto passa a ser uma realidade próxima. Mas com reforços pontuais como foram Juan Jesus e Anguissa, as ambições podem ultrapassar a Serie A chegando também para a Copa Itália e a Liga Europa.