Para se colocar em outro patamar, João Félix precisa sair das ‘’garras’’ de Simeone

Na última terça-feira (13), em entrevista a Tatiana Mantovani, jornalista da TNT Sports, o jogador do Atlético de Madrid, João Félix, foi perguntado se no futuro poderia estar na briga com Mbappé e Haaland para ser considerado o melhor jogador do mundo após a Era Messi-Ronaldo. O jovem português de 21 anos respondeu positivamente, ressaltando que caso fique longe de problemas físicos estaria apto para entrar nessa disputa.

Indo para sua terceira temporada na capital espanhola, não se questiona de forma alguma a capacidade e o talento de João Félix. É realmente um jogador diferente. No entanto, neste período de tempo, já foi possível notar que há uma certa ‘’incompatibilidade’’ entre o seu estilo de jogo com o que é pedido pelo seu treinador, Diego Simeone.

O técnico argentino, como é sabido, tem seu trabalho estabelecido a partir da montagem de uma defesa sólida, a pedra central de seu jogo, e apesar das tentativas ao longo do tempo de ‘’soltar’’ o time, lhe tornando mais dinâmico, mesmo assim, devido à raiz do estilo Cholista, jogadores como João Félix tendem a ter dificuldade para se adaptar e executar o seu futebol neste contexto.

A título de ilustração, em LaLiga na temporada atual, o Atlético de Madrid é somente a oitava maior posse de bola do campeonato. Isso, não está errado, pois não há uma forma ruim e outra positiva de jogar futebol – tanto é que os Colchorenos foram campeões em 20/21. Porém, isso reflete em termos individuais a distância entre o que é João Félix e o que Simeone pede.

O jogador português é daqueles que precisa estar sempre próximo da bola, seja do lado esquerdo, do lado direito, entre as linhas do adversário ou até mesmo dentro da área, o seu jogo alheio a este esquema é prejudicado. São nesses momentos de uma partida que Félix consegue ser o que se espera, um Playmaker, e se houvesse uma sequência disto, aí sim poderia concorrer futuramente com Mbappé e Haaland.

Nos tempos de Benfica, onde foi revelado, com o treinador Bruno Lage, isso acontecia, não só pela forma de jogar daquele time, mas também pelo contexto da Liga Portuguesa, onde poucas equipes iriam disputar o domínio da posse com os jogadores Encarnados, o que favorecia este João Félix.

Um exemplo de outro atleta que sofre do mesmo problema que o português, é Paulo Dybala, na Juventus – apesar de haver diferenças de características entre ambos, vale dizer. Talvez o argentino tenha mostrado sua melhor forma com a camisa Bianconeri com Maurizio Sarri, quando eleito melhor jogador da Série A há duas temporadas, alí havia a liberdade concedida para que o camisa 10 pudesse se movimentar com a posse da bola ou próximo dela, diferente da época de Pirlo.

Óbvio que tanto no caso Dybala quanto no de João Félix, há além da questão de estilo, situações como o próprio português destacou, de lesão, ou ainda, acrescento, fatores externos como pressão pela quantia que foi paga pelo Atlético ao Benfica para contar com os serviços dele. Isso deve ser levado também em consideração, mas antes de tudo, o que está na raiz é esta incompatibilidade.

Como Simeone não sairá nem tão cedo do Atlético de Madrid, pelo trabalho, a sua maneira, maravilhoso que faz e ainda tem capacidade para fazer, João Félix que tem contrato com o time até meados de 2026 já deveria avaliar novos rumos em sua carreira.