Flamengo em busca do tri da Libertadores

Foi uma típica quarta-feira de decisão. Já nos primeiros minutos do dia, ao levantar e começar a rotina com meus filhos, o frio na barriga começava a se fazer presente. Ali, ainda cedo, já não era possível manter o foco, pensar em trabalho. Tudo girava em torno do Flamengo, do jogo da volta da semifinal da Libertadores 2021.

O Flamengo tem um timaço e tinha uma vantagem bastante considerável (2 a 0 no jogo de ida contra o Barcelona de Guayaquil). Ainda assim, desenvolvi um nervosismo insuportável, mas justificável. Com 42 anos, sou gato escaldado no que se refere a Flamengo. Já passei por muitos apertos em Libertadores passadas. Desilusões, frustrações e inúmeros vexames criam cascas. Nos protegem de novos fracassos. Não se trata de ceticismo, mas de prudência histórica.

Até outro dia eu comemorava vaga na Libertadores, ficava eufórico com vaga direta na fase de grupos. Agora me vejo comemorando mais uma final da competição. Agora o Flamengo trucida os adversários na fase de mata-mata e preenche de orgulho e esperança o coração do torcedor rubro-negro. Que momento mágico do Flamengo!

“Chega meia noite, mas não chega 21h30”

Voltemos à lentidão das voltas do ponteiro. Essa foi a tônica do dia da semifinal da Libertadores. A vontade era de tomar um calmante e dormir por horas a fio, na esperança de acordar somente a poucos minutos de a bola rolar. Dizem que o melhor da festa é esperar por ela. De fato, é prazeroso, mas como negociar isso com a ansiedade rubro-negra? Eu só queria que o jogo começasse.

Quando finalmente o relógio deu uma colaborada e a hora chegou, eu só pedia aquela ajuda marota de São Judas Tadeu. Um pequeno auxílio para um timaço que nem precisaria dessa força, mas é aquilo: toda ajuda é bem-vinda quando a coisa aperta.

“Que seja feita a vontade de São Judas Tadeu!!!”

Bola rolando, o Flamengo confirmou o que todo mundo já esperava: a vaga na final era do Rubro-Negro. Não foi um primor de desempenho, mas não dá para dizer que o Flamengo não fez uma boa partida. Controlando as ações e contando – mais uma vez – com ótima atuação de Diego Alves, o Flamengo encaminhou a vaga logo aos 17 minutos do primeiro tempo, com Bruno Henrique em passe açucarado de Everton Ribeiro. E a vaga seria sacramentada logo no início da segunda etapa, mais uma vez com a dobradinha Everton Ribeiro Bruno Henrique, em espetacular jogada coletiva do Flamengo, que contou com todos os jogadores tocando na bola até o gol do camisa 27.

Vaga na final garantida e a história sendo escrita diante de nossos olhos. É um Flamengo que vai em busca de seu tricampeonato da Libertadores e não parece se saciar com o que já conquistou. Um grupo talhado para o sucesso, que certamente já figura no panteão do Clube.

Dia 27 de novembro estarei em Montevidéu, mais uma vez ao lado do meu time de coração, sonhando com o tricampeonato da Libertadores. Paguei caro para garantir minha presença no Uruguai, mas dinheiro a gente recupera (tomara!). Arrependimento, JAMAIS!!!!! Assim como foi em Lima em 2019, quero ter a chance de voltar a sentir aquela dor de felicidade. Junto dos meus amigos, da mulher que amo e do Clube que faz parte da minha vida.

Não me levem a mal, mas numa semifinal em que o Flamengo venceu as duas partidas e chegou em mais uma final de Libertadores, me recuso a focar em parte tática (por enquanto), em time com fragilidades etc. É hora de comemorar a chance de ser tri da América. Teremos dois meses para debater parte tática, compactação, passe entrelinhas, jogo apoiado e bola coberta e descoberta. No momento, eu só quero vestir o Manto e sair na rua, com um sorriso estampado no rosto. Que tal se permitir um tantinho de felicidade? Esforça-te!!!!