Quantas rodadas são necessárias para que possamos traçar um panorama claro sobre as chances de cada equipe na atual temporada da Serie A? Certamente, seis jogos configuram uma amostra muito pequena. Ainda assim, é possível tirar algumas lições diante do que já foi apresentado. Napoli, Milan, Inter, Roma. Quem, de fato, é candidato ao título? E a Juventus? Será que a Vecchia Signora vai se recuperar após um início ruim de campeonato?
Além disso, existem sempre as ‘surpresas’ da temporada: equipes que não eram cotadas entre as principais, mas que conseguem cavar uma vaguinha no alto da tabela. Enfim, baseado nestas primeiras semanas de campeonato italiano na temporada 2021-22, o MondoSportivo Brasil traz uma análise sobre o começo da trajetória dos principais clubes da Serie A. Venha com a gente!
Sem turbulência
Napoli, Milan e Inter ocupam as três primeiras colocações na tabela após seis rodadas disputadas. Essa equipes, também, são as únicas que permanecem invictas no campeonato. A diferença, porém, é que o Napoli segue sustentando o aproveitamento perfeito de 100%. O Milan tem um empate, e a Inter já deixou pontos pelo caminho em duas oportunidades. Ou seja, uma diferença mínima, e que por isso mantém o trio bastante próximo na classificação (18, 16 e 14 pontos, respectivamente).
Boa noite, seus 100% de aproveitamento 🌛
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— SSC Napoli Oficial (@sscnapoli_br) September 26, 2021
Os 100% do Napoli
Líder absoluto, o Napoli aposta na mesma fórmula de sucesso dos últimos anos. Embora tenha sofrido uma mudança no comando técnico (Gattuso foi substituído por Luciano Spalletti), o DNA ofensivo segue bastante latente na equipe. Até aqui, o time do sul da Itália foi um verdadeiro rolo compressor: goleou Udinese e Sampdoria fora de casa, além de bater a Juventus, em Nápoles, de virada. Os confrontos mais difíceis (tirando a Vecchia Signora) ainda não chegaram, mas o indicativo até aqui é promissor.
O Napoli está invicto há 21 jogos da Serie A, vale dizer. Portanto, trata-se de uma sequência que vem desde a última temporada, quando a equipe teve ótima recuperação, mas acabou fora da Champions League por um tropeço na rodada final. Victor Osimhem é o artilheiro até o momento, com quatro gols. O atacante foi expulso de forma precoce no primeiro jogo, mas se recuperou, marcando nos últimos três duelos.
Ao seu lado, o ídolo Lorenzo Insigne, um pouco discreto em termos de gols, mas com boa produção nas assistências neste início de temporada. O diferencial também está no meio-campo: evolução nítida de Fabián Ruiz e Zielinski, tornando o time muito mais confiável. Com muita velocidade à disposição, o Napoli vem dominando as partidas e amassando os adversários. Lá atrás, Ospina em boa fase lidera um sistema defensivo que sofreu apenas dois gols nos seis primeiros jogos (melhor defesa da Serie A).
Sendo assim, estamos diante de um time perigoso (como sempre), mas que parece estar mais maduro e organizado. Dessa forma, o Napoli se coloca como equipe a ser batida neste início de Serie A. Vai ser interessante acompanhar o desempenho dos napolitanos, daqui para frente. Será que Spalletti terá fôlego (em termos de elenco também) para fazer desta esquadra, uma campeã italiana?
Unidos e invictos na @SerieA 🙌#SempreMilan 🔴⚫️ pic.twitter.com/fgZagxMpM6
— AC Milan BR (@acmilanbr) September 23, 2021
Milan aprendendo a ser confiável em casa
Na temporada passada, um gostinho um pouco amargo ficou na boca do torcedor do Milan. O time voltou à Champions League, é verdade, depois de sete temporadas de ausência. Contudo, o vice-campeonato italiano – para a rival Inter – poderia ter sido “evitado”, digamos assim. Os rossoneros lideraram boa parte do torneio e apresentaram um rendimento exuberante longe de San Siro (16 vitórias em 19 rodadas). O que faltou?
Curiosamente, o desempenho dentro dos próprios domínios foi um fator de desequilíbrio. Contra equipes mais fechadas, defensivas, o Milan de Pioli apresentou dificuldades. Ficou emperrado em adversários mais modestos e deixou escapar resultados importantes. Claro, este foi apenas um motivo. Houve, também, os desfalques – como Zlatan Ibrahimovic, fora de mais da metade do campeonato.
Mas, agora, o panorama parece ser outro! Diante de sua torcida (que retornou às arquibancadas nesta edição da competição), o Milan foi extremamente… dominador. Venceu, sem muito drama, os três jogos até aqui, além de bater outros dois oponentes fora. O único “tropeço”, se é que se pode chamar assim, foi contra a rival Juventus, em Turim. Ou seja, um resultado aceitável para este início de temporada.
Brahim Díaz vem liderando o time em gols, mas com ajuda de muitos companheiros (Giroud, Rafael Leão, Rebic, Theo Hernández). Afinal, o Milan é isso: uma equipe que preza pela coletividade. A virtude é, justamente, não depender de uma só mente criativa ou do brilhantismo de um craque. Com equilíbrio entre os setores, o Milan se coloca como grande candidato ao título. O elenco é jovem, mas já calejado. Os “traumas” da última temporada, certamente, só fizeram bem aos milanistas em termos de experiência. Resta agora, torcer para que as lesões não atrapalhem esta nova caminhada.
🔚 | FINAL DE JOGO#InterAtalanta acaba aos 51 minutos do segundo tempo. Um jogo cheio de emoções e chances de gol 2️⃣-2️⃣
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— Inter (@Inter_br) September 25, 2021
Inter sem pressa em dar o bote
A essa mesma altura da temporada passada, a Inter tinha 11 de 18 pontos conquistados e estava na 7ª colocação. O fim, todo mundo já sabe. Até com certa tranquilidade, a equipe de Milão sagrou-se campeã italiana, após uma campanha fantástica de recuperação. Agora, a invencibilidade permanece, mas com dois pequenos tropeços no caminho. Nada que assuste a detentora do Scudetto…
Ora, a Inter não tem pressa em “dar o bote” na classificação. Engajada na Champions, os nerazzurri não querem repetir o fiasco da última edição do torneio continental, quando amargaram a lanterna do grupo, sequer se classificando para a Liga Europa. É preciso saber balancear o calendário, e a Inter vem tentando fazer isso com sabedoria. Para além das goleadas contra Genoa e Bologna, o time virou um duelo difícil com a Fiorentina no Artemio Franchi, mas acabou empatando com Sampdoria e Atalanta: ambos em 2 a 2.
O curioso é que, nas próximas sete rodadas, a Inter vai encarar quatro pedreiras: Lazio, Juventus, Milan e Napoli. Uma tabela ingrata, mas que já pode dar o tom a respeito da força da campeã. Foram perdas importantes na janela, é verdade (como Hakimi e Lukaku). Entretanto, as reposições vem se destacando até aqui – que tal Edin Dzeko com cinco gols na Serie A? A Internazionale está diferente, mas segue forte.
Por isso, a atual terceira colocação sequer preocupa (ou deveria preocupar) os torcedores do clube. O campeonato italiano é uma maratona, não um tiro de 100 metros – e a Inter sabe isso melhor que ninguém. Sendo assim, o conjunto de Simone Inzaghi segue, também, como amplo favorito a mais uma conquista. Nos resta acompanhar, de perto, as próximas rodadas desse esquarão – que prometem ser empolgantes.
Buscando encontrar consistência
Atrás de Napoli, Milan e Inter, temos outras três boas forças da Itália, mas que ocupam um degrau mais baixo neste momento. É o caso da dupla da capital, Roma e Lazio, e da ‘sensação’ Atalanta. No caso destes times, o título é um desejo um pouco mais utópico. A vaga na Champions, porém, é extremamente plausível. Só que alguém vai ter que ficar de fora…
A Roma começou empolgada, com seu novo treinador, José Mourinho. Venceu três seguidas, mas depois caiu diante de Verona e da arquirrival Lazio – além de um triunfo sofrido contra a Udinese. Está claro que ainda falta um pouco mais de consistência para a Roma. O time tem valores interessantes, contratou bem (Rui Patrício no gol foi um belo achado, além de Tammy Abraham, no ataque). Todavia, a equipe ainda leva muitos gols. Foram oito em seis rodadas. É preciso corrigir este detalhe para almejar algo maior.
A Lazio, que bateu a rival na última rodada, também vive em uma grande montanha-russa. A equipe comandada por Maurizio Sarri alterna grandes jogos – como o Derby – com atuações decepcionantes, como no empate contra o Torino. No fim, não dá para depender de um gol salvador de Ciro Immobile nos últimos minutos. A Lazio precisa, também, ser mais confiável, oscilar menos e atuar com mais energia.
Por fim, o caso da Atalanta é um pouco distinto. Novamente envolvida na Champions, a Dea tem um início de Serie A curioso. Nada de chuva de gols! O time só marcou oito vezes em seis rodadas e sempre venceu pelo placar mínimo. Certamente, algo estranho, mas que vem dando para o gasto. Fora de sua característica, ao menos por enquanto, vale prestarmos atenção nesta nova ‘versão’ da Atalanta no futebol italiano.
FORZA, JUVE! 💪⚽️#JuveSamp #FinoAllaFine #ForzaJuve pic.twitter.com/WjRxpo4f9t
— JuventusFC (@juventusfcpt) September 26, 2021
E a Juventus?
Pois bem, a Juventus… talvez a grande notícia da temporada até aqui foi a presença da Vecchia Signora na zona de rebaixamento após a quarta rodada. Não durou muito. Enfim, a equipe se recuperou, venceu duas vezes seguidas (sem facilidade, é verdade) e conseguiu, ao menos, respirar na tabela. O caso da Juve é algo complicado e vai para além das quatro linhas. A novela envolvendo Cristiano Ronaldo certamente impactou.
Sem o astro, quem deve assumir o protagonismo? É difícil criar uma nova cultura do dia para a noite. Por isso, também é natural que a Juventus encontre dificuldades neste novo caminho. A defesa, porém, precisa melhorar de forma urgente. A equipe vem sofrendo gols de forma consecutiva há 20 jogos – uma sequência péssima, que só não é pior que a de 21 jogos no longínquo ano de 1955.
Somado a isso, a postura dos bianconeri, às vezes, também parece incomodar a própria torcida. O time demora para pegar no tranco, joga de forma apática, sem criatividade, aceitando a pressão dos rivais. Com oito pontos, e na 9ª colocação, o objetivo a curto prazo deve ser simples: vencer. Sem grande contas ou matemática desnecessária. Neste momento, a Juve não almeja o título e, sim, garantir uma vaguinha na próxima Champions League.
Mas, como estamos falando de uma gigante do futebol europeu, tudo pode acontecer. É preciso dar tempo ao tempo para entender se o panorama vai melhorar em Turim. Certamente, a torcida deposita muitas de suas fichas em Paulo Dybala e Federico Chiesa. Elenco, esse time tem de sobra. A questão é encaixar as peças e encontrar um objetivo em comum que motive o grupo de jogadores.
✅ 2-1 Torino
✅ 1-2 Atalanta
✅ 1-2 GenoaTRÊS vitórias seguidas pela @SerieA? Isso não acontecia com a #Fiorentina desde outubro de 2019, ainda pela temporada retrasada. Na ocasião, o time bateu Sampdoria, Milan e Udinese em sequência. Que continue assim! #ForzaViola 💜 pic.twitter.com/xTFu4eKgps
— Fiorentina Brasil (@FiorentinaBR_) September 19, 2021
As surpresas
Como ‘gratas surpresas’, até aqui, podemos apontar a dupla da Toscana: Fiorentina e Empoli, cada um a sua maneira. A Viola, que vem de três temporadas na metade debaixo da tabela, trouxe bons reforços pontuais e tem condições de subir no elevador da classificação. O começo, ao menos, anima: quatro vitórias em seis jogos, sendo TRÊS delas fora de casa (mesmo número de triunfos longe de Florença de toda a Serie A passada).
Trata-se de um time mais bem treinado, consistente. As falhas defensivas ainda incomodam, mas lá na frente o dinamismo imposto por Vincenzo Italiano traz um novo – e saboroso – tempero. Até onde esta equipe (5ª colocada no momento) vai chegar, é difícil dizer. No entanto, a primeira impressão já foi boa, e serve para colocar mais expectativas num possível, porém difícil, retorno da Viola às competições europeias.
Já o Empoli, recém promovido, disputa um “outro campeonato” que a rival local. O objetivo é claro: não cair. E, diante dessa meta, o que a equipe já mostrou é empolgante. Para além das três vitórias em seis jogos, o Empoli competiu bem, com uma proposta ofensiva, agredindo os rivais. Bateu o Cagliari, com muita superioridade, e fez quatro gols no Bologna. Resultados excelente contra rivais mais renomados.
Sendo assim, o Empoli mostra, ao menos neste comecinho de jornada, que pode fazer uma caminhada tranquila, se posicionando, de repente, no meio da tabela. Seria uma lugar mais que excelente para os toscanos, que foram campeões da Serie B na última temporada.
As decepções
Por outro lado, quem ainda não conseguiu repetir o bom desempenho recente é o Sassuolo. Bem, na pré-temporada, os neroverdi tiveram de conviver com a saída de Locatelli e uma desagradável insatisfação de Domenico Berardi, o craque do time. Se os ares não estão muito leves nas proximidades do Mapei Stadium, fato é que o Sassuolo ainda não convenceu. Perdeu três seguidas e, depois, penou para bater a Salernitana, lanterninha da Serie A, por 1 a 0.
Com sete pontos, a equipe está na 12ª colocação. Nada tão péssimo quanto o Cagliari que, mais uma vez, parece querer emoções até o fim da jornada. Sem vencer, e com apenas dois pontos, o clube da Sardenha amarga a vice-lanterna, além de já ter demitido seu técnico com apenas três rodadas. Ou seja, um roteiro dramático para um time do qual se esperava certa evolução, após o sofrimento na última edição da Serie A. Enfim, será que o Casteddu vai conseguir se salvar, novamente, após um começo trágico de temporada?