Campeã e vice-campeão da última Serie A, a Inter e o Milan foram derrotados em suas estreias na fase de grupos da Champions League. Sim, é verdade que ambos tinham pela frente adversários bastante indigestos: Real Madrid e Liverpool. Ainda assim, os dois rivais italianos tiveram chances de sair com a vitória, mas acabaram esbarrando na falta de capricho – e de sorte.
No fim, os resultados negativos desta quarta-feira (15) ligam um sinal de alerta, mas não devem gerar drama, pelo menos por enquanto. Há aspectos positivos no desempenho das equipes de Milão que, agora, vão precisar se afirmar diante de adversários mais fracos no principal torneio europeu. Naturalmente, é possível, em ambos os casos, se recuperar ao longo das próximas rodadas – e com alguma tranquilidade.
Gol no fim condena a Inter
No Estádio San Siro, o goleiro do Real, Thibaut Courtois, certamente foi o melhor jogador da partida. O belga fez defesa com o pé, pegou duas cabeçadas à queima-roupa e, assim, evitou o gol da Inter. No total, foram cinco intervenções de Courtois. O time da casa finalizou mais, embora tenha tido menos posse de bola. No entanto, no último minuto do tempo regulamentar, uma desatenção fatal da defesa italiana: bela jogada de Valverde e Camavinga, concluída pelo brasileiro Rodrygo.
Este foi um de vários momentos em que o Real Madrid conseguiu adentrar a área da Internazionale, vale dizer. No geral, o duelo foi aberto, e o placar zerado não seria justo com o volume de chances criadas. Agora, resta à equipe italiana não se abalar. Os “fantasmas” da eliminação na fase de grupos da última temporada representam um perigo para a confiança do time na competição.
Entretanto, o bom desempenho ofensivo contra um forte rival deixa um fio de esperança para o torcedor nerazzurri. Contra Shakhtar, já no próximo duelo, e Sheriff, o time comandando por Simone Inzaghi é amplo favorito, mas não pode se dar ao luxo de falhar. A chave, talvez, esteja em uma atuação mais sólida na questão defensiva. Sendo segura atrás, a Inter tem tudo para conseguir bons resultados. Agora, para a atual campeã italiana, resta focar na Serie A.
Já o Real vê um bom resultado ser fruto da juventude de seu elenco. Rodrygo, que marcou de novo contra a Inter, tem seis gols em Champions League – em incríveis oito chutes. Camavinga e Vinicius Jr. (apesar de algumas escolhas ruins) também foram bem. Um novo Madrid, e com boas perspectivas futuras.
🔚 | 𝙰𝙿𝙸𝚃𝙾 𝙵𝙸𝙽𝙰𝙻
𝚁𝚘𝚍𝚛𝚢𝚐𝚘 𝚍𝚎𝚌𝚒𝚍𝚎 𝚘 𝚓𝚘𝚐𝚘 𝚗𝚘 𝚏𝚒𝚗𝚊𝚕𝚣𝚒𝚗𝚑𝚘 𝚗𝚘 𝚂𝚊𝚗 𝚂𝚒𝚛𝚘.
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Jogo movimentado em Anfield
Já em Anfield, os rossoneros teve mais sucesso ofensivo, porém falharam demais. Diferentemente da Inter, o Milan foram amplamente dominados pelo Liverpool. Ainda assim, o time marcou duas vezes em “apagão” dos ingleses no final do 1º tempo. Só que a vantagem durou pouco, e a “revirada” aconteceu.
Os Reds saíram na frente com gol de Alexander-Arnold (que acabou sendo computado como contra de Tomori) e ainda perderam um pênalti com Salah. Aliás, bela defesa de Maignan. Ou seja, pressão tremenda dos donos da casa, que ainda perderam mais chances. O Milan só conseguiu finalizar aos 42 minutos. E marcou o gol, com Rebic, após boa jogada. Logo na saída de bola, lance semelhante, e a virada com Brahim Díaz. Em ambos os gols, o Liverpool mostrou certa deficiência no miolo central da defesa.
Só que os rossoneros não conseguiram mais aproveitar essa brecha. O segundo tempo, novamente, foi todo do Liverpool, que cercou os espaços e rodou a bola à frente da área adversária. Salah, se redimindo do pênalti perdido, empatou logo no início da etapa final, após ótimo passe de Origi. A virada veio aos 25 minutos, com Henderson, acertando chute de grande felicidade da entrada da área depois de escanteio.
Ou seja, resultado justo diante das chances criadas. De qualquer forma, ficam algumas lições para o Milan. Primeiramente, a equipe tem um ótimo contragolpe, é organizada no ataque e pode competir nesse quesito. É preciso, porém, “sofrer” menos lá atrás. Os 23 chutes do Liverpool – contra apenas sete do Milan – mostram como foi o jogo. Para competir no nível máximo do futebol europeu, os milanistas precisam equilibrar melhor a balança entre ataque e defesa.
⏱ 90+5' – Vitória do @LFCBrasil em Anfield. #LiverpoolMilan 3️⃣-2️⃣#SempreMilan 🔴⚫️ | #UCL pic.twitter.com/yiL0JgzN5U
— AC Milan BR (@acmilanbr) September 15, 2021
Aprendizados com as derrotas
Enfim, Inter e Milan perderam, e agora é necessário recolher os cacos. Não são resultados trágicos ou qualquer coisa do tipo. Inclusive, tratam-se de derrotas “normais”. O Milan há 2745 dias sem disputar uma Champions. A Inter, com a péssima campanha da temporada passada ainda na memória. A Liga dos Campeões tem uma atmosfera diferente e é impossível jogá-la bem de cara – tampouco é produtivo encará-la como um duelo de campeonato italiano. Contudo, em termos de entrega, não faltou nada para a dupla de Milão.
Resta, portanto, entender as deficiências. Ambas as estreias se deram contra os rivais mais difíceis dos respectivos grupos. O Milan, é verdade, está em situação mais delicada, pois encara o Atlético de Madrid, também, em sua chave. Mas é possível buscar a classificação. Cada jogo tem uma característica e o importante é não cometer sempre os mesmos erros.
Por isso, apesar dos contratempos, podemos vislumbrar boas campanhas para Inter e Milan na Champions League. A campeã italiana, talvez, com um pouco mais de facilidade. Já o sete vezes vencedor da UCL, com algum sofrimento, diante dos desafios do grupo B.