É bem verdade que a Premier League tem mudado e muito nos últimos anos. Equipes que antes brigavam para não cair, passaram a incomodar os gigantes. Na última temporada, o West Ham foi um desses times, entrando na briga por competições continentais e, se somando a uma dupla ao lado do Leicester como os rivais do Big Six.
A equipe da capital inglesa há muito tempo não batia de frente com os mais poderosos do país. De um passado com enorme tradição, os Hammers se limitaram nas últimas temporadas a brigarem pela sobrevivência na elite.
Mesmo assim, algumas contratações como os franceses Dimitri Payet e Sébastien Haller deixaram os torcedores empolgados. Entretanto, o primeiro chegou, encantou e logo voltou para o seu clube de coração o Olympique de Marselle. Já o segundo mal teve espaço e logo foi negociado como o Ajax, da Holanda.
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Na temporada 2021/2022, além de disputar as competições nacionais, o West Ham terá pela frente a Uefa Europa League, segunda maior competição de times do continente europeu. As expectativas são grandes, será que o time corresponderá?
Um pouco de West Ham no início da década de 2010
Para entendermos como o West Ham chegou à Europa League via Premier League com uma excelente campanha, é preciso retornar alguns anos no tempo, mais especificamente para o início da última década.
Na temporada 2010/2011, os Hammers amargaram a última colocação no campeonato, sendo rebaixados à Champhioship. O elenco contava com alguns jogadores de certo renome no cenário internacional, com o ex-goleiro da seleção inglesa Rob Green, o zagueiro Winston Red, ainda em início de carreira, e os atacantes Demba Ba e Robbie Keane. Sem falar em um dos maiores ídolos da história recente da equipe, Mark Noble, então com 23 anos formando dupla com Scott Parker.
Naquela temporada, em 38 jogos a equipe somou apenas 33 pontos, terminando com um saldo de gols negativo de 27. Foram sete pontos atrás do primeiro time fora da zona de rebaixamento, o Wolverhampton.
Contando com um elenco bastante reformulado e com a chegada do centroavante Carlton Cole que marcou 15 gols na temporada e o goleiro Manuel Almunia, ex-Arsenal, o West Ham teve no banco de reservas ninguém menos que Sam Allardyce, um dos treinadores mais experientes do futebol inglês e bastante conhecido por trabalhos de reconstrução.
Na Championship, a equipe preciso dos playoffs para garantir seu retorno à elite. Em partida frente ao Blackpool em Wembley, os Hammers venceram por 2 a 1 e conquistara o acesso.
Retorno à elite e mudança de estádio, a segunda metade da década 2010 do West Ham
Tão logo retornou à primeira divisão, o West Ham não conseguiu engrenar na Premier League, nas três temporadas seguintes, jamais passou do 10º lugar, tendo ficado em 10º, 12º e 11º, respectivamente entre 2012/2013 até 2014/2015.
Já na temporada 2015/2016 viveu suas últimas 19 aparições em jogos de Campeonato Inglês no lendário Boleyn Ground, inaugurado ainda no início do século XX, no ano de 1904. Para a despedida do estádio, na melhor do que uma boa campanha para impulsionar o que poderia ser um novo momento.
Com um elenco bastante interessante, que contava com Adrián no gol – vivendo bons momentos, longe do que é hoje no Liverpool –, Cheikhou Kouyaté, Red e Angelo Ogbonna (recém chegado da Juventus) na zaga; Aaron Cresswell e Sam Bryan nas lateais; Alex Song, Victor Moses, Payet e Manuel Lanzini no meio-de-campo; além de Andy Caroll e Emmanuel Emenike no ataque, os comandados de Slaven Bilic alcançaram a sexta posição na tabela.
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Com 16 vitórias e 14 empates em 38 rodadas, os Hammers garantiram uma vaga para a Europa League, um feito um tanto quanto importante tendo em vista as últimas temporadas.
Porém, quando tudo parecia estar melhorando para a equipe londrina, uma mudança de estádio e a demora para adquirir uma boa atmosfera na nova casa culminaram em uma temporada para lá de complicada.
Para o seu retorno as competições continentais, o West Ham foi às compras, trazendo nomes como José Fonte, Havard Nordtveit, Arthur Masuaku, Álvaro Arbeloa, André Ayew, Gökhan Töre, Sofiane Feghouli, Simone Zaza e Jonathan Callegari. Entretanto, o sonho de buscar um título internacional parou na segunda eliminatória da Europa League em uma derrota para o Astra Giurgiu da Romênia.
A temporada que poderia ser de sonho europeu para os Hammers e para Bilic terminou cedo. Na Premier League, a equipe terminou em um modesto 11º lugar, sem quaisquer chances de competições continentais.
O encontro do West Ham com David Moyes
Tão logo iniciou a jornada de 2017/2018 e os péssimos números não teimavam em sair do West Ham, o treinador sérvio foi mandado embora. Para o seu lugar, um conhecido da Premier League, David Moyes ex-Everton e Manchester United.
Após sua saída do Sunderland, o escocês chegou cheio de expectativas para uma equipe que continuava forte no mercado. Nomes como Joe Hart e Pablo Zabalete, ambos ex-Manchester City, João Mário, por empréstimo da Inter de Milão, Marko Arnautovic e Chicarito Hernandez desembarcaram em Londres.
Contudo, em 31 jogos na temporada sob o comando de Moyes, os Hammers venceram somente nove e perderam outras 12 partidas, com uma temporada muito aquém do esperado, o modesto 13º lugar foi o resultado final.
Nas duas jornadas seguintes, o West Ham continuou brigando nas partes inferiores da tabela, com o 10º em 2018/2019 e o quase rebaixamento em 2019/2020, terminando na 16º posição.
A aposta em jogadores desconhecidos e jovens promessas
Mesmo que na época de 2019/2020 os Hammers tenham tido um desempenha aquém do esperado, David Moyes foi mantido no comando, algo que os torcedores não concordavam muito. As cobranças sobre o comandante e, também, na diretoria, aumentaram.
Para se ter uma ideia, em 2019/2020, o West Ham contratou nomes como Pablo Fornals, de 23 anos junto ao Villarreal e Jarrod Bowen, ex-Hull City. Sem falar na chegada do tcheco Tomas Soucek, um dos grandes responsáveis ao lado de Michail Antonio pela permanência na elite. Soucek marcou 3 gols em 13 jogos e Antonio 10 em 26 partidas.
A massive player for this Club ❤️
#OnThisDay in 2015 @Michailantonio became a Hammer pic.twitter.com/gJKO6StuxU
— West Ham United (@WestHam) September 1, 2021
Soma-se a esses dois jogadores uma jovem promessa vinda da academia do clube, Declan Rice. Um volante com ótimo poder físico, chegada ao ataque e diversos lances positivos, não atoa em sua segunda temporada como profissional passou a ser um dos capitães da equipe ao lado do lendário Mark Noble.
Já na temporada passada, em 2020/2021, os Hammers foram novamente à República Tcheca buscar outro destaque da liga nacional, desta vez, o lateral-direito Vladimir Coufal foi o escolhido. Além dele, Saïd Benrahma, ex-Brentford foi uma das principais contratações. Já na janela de inverno, Jasse Lingard, encostado no Manchester United desembargou em Londres.
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A estreia no campeonato não foi nada animadora, no Estádio Olímpico de Londres, uma derrota por 2 a 0 para o Newcastle. Todavia, ao término do mês de dezembro, e com 10 rodadas disputadas, o West Ham havia somado 17 de 30 pontos possíveis, um ótimo número para a realidade do clube.
Com Soucek, Antonio e Rice ditando o ritmo da equipe, os Hammers foram crescendo jornada após jornada. Coufal e Boewn, além do lateral esquerdo Cresswell foram outros destaques da equipe que por vezes parecia que garantiria uma vaga na Champions League.
Thought we’d leave this introduction to our #CzechMates… pic.twitter.com/XJ8Y3iJqJs
— West Ham United (@WestHam) August 31, 2021
Mas, ao final da jornada, os comandados de David Moyes terminaram em 6º, a frente de tradicionais equipes como Tottenham (7º) e Arsenal (8º), ambos rivais da cidade de Londres. Com 65 pontos e 19 vitórias em 38 rodadas, os Hammers retornaram às competições continentais.
West Ham: Uma possível ameaça em 2021/2022
Para a atual temporada, os Hammers se movimentaram e muito bem no mercado. Alphonse Areola chegou por empréstimo do Paris Saint-Germain; Curtis Zouma foi comprado em definitivo junto ao Chelsea; do futebol do leste europeu, Alex Kral, volante tcheco ex-Spartak Moscou e meia Nikola Vlasic, croata ex-CSKA foram contratados.
— West Ham United (@WestHam) September 1, 2021
Na Europa League, o West Ham caiu no Grupo H ao lado Dinamo Zagreb, Genk e Rapid Viena. Um time entrosado e que aos poucos começa a dar liga, mostrando que pode sim voltar a bater de frente principalmente com Everton, Wolverhampton, Aston Villa e, porque não, Arsenal em uma briga novamente pela UEL, ou, até mesmo, incomodar e beliscar uma Champions League.
Com um novo planejamento e persistência no trabalho do escocês, o West Ham tem tudo para ser uma pedra no sapato dos gigantes por bons anos. Mesmo com a torcida pedindo a saída de Moyes nos últimos anos, o escocês conseguiu reorganizar a casa de dar uma nova cara aos Hammers, agora, é esperar e ver o restante da temporada 2021/2022.