Após 11 etapas e um mês de férias, como já é tradicional na temporada, a Fórmula 1 retorna para a segunda metade da temporada 2021 neste final de semana, entre os dias 27 e 29 de agosto, na Bélgica, no tradicional circuito de Spa-Francorchamps.
Depois de 11 corridas, Hamilton e Verstappen, como era de se esperar, dividem as atenções e duelam pelo título. O inglês tem quatro vitórias contra cinco do holandês, mas lidera com oito pontos a mais. Isso porque Max Verstappen e sua Red Bull não pontuaram em duas corridas, enquanto a Mercedes de Hamilton só não marcou pontos em uma única oportunidade, na corrida do Azerbaijão.
Entre os construtores, a Mercedes também lidera apertado. São 12 pontos à frente da Red Bull, isso graças ao bom desempenho de Valteri Bottas como segundo piloto. Apesar de não ter pontuado em quatro corridas, Bottas esteve no pódio em seis oportunidades. Já Sérgio Pérez, companheiro de Verstappen, só foi ao pódio em duas corridas, o que levantou até mesmo a dúvida de sua continuidade ou não para 2022.
Agora, a F1 volta para, provavelmente mais 12 etapas. Com a saída do Japão, o Catar provavelmente deverá entrar no calendário. A organização do mundial de Fórmula 1 espera realizar às 23 etapas, ou no mínimo 21, caso não consiga viabilizar 23 corridas.
O que esperar então de cada equipe e piloto para a sequência do mundial?
MERCEDES
A atual heptacampeã vem sofrendo diante da reação da Red Bull em 2021. Depois de um grande início de temporada, onde Hamilton parecia que venceria novamente com tranquilidade, a Red Bull engatou uma sequência de cinco vitórias e colocou fogo no campeonato.
Aos alemães, resta continuar sendo a equipe consistente de sempre para buscar o oitavo título seguido.
Lewis Hamilton – O heptacampeão busca ser o maior vencedor da história e tem trabalhado bem para isso, fazendo novamente uma temporada muito consistente. O inglês precisa continuar seu bom trabalho e contar que a equipe Mercedes também o ajude.
Valteri Bottas – Ameaçado, porém prestigiado. Enquanto os fãs da Mercedes e da F1 pedem, a todo momento, a troca de Bottas por outro piloto, como George Russell, dentro de casa o finlandês parece estar cada dia mais com moral. Publicamente defendido por Hamilton, que o apontou como melhor companheiro de equipe que já teve, Bottas recuperou sua moral ao se tornar fundamental para que a Mercedes mantivesse a ponta na primeira parte da difícil temporada 2021.
RED BULL
A Red Bull, novamente, entregou a seus pilotos um bom carro. Em 2021, o time é capaz de competir com a poderosa Mercedes e tem feito isso com maestria, como há muito não se via. O problema, novamente, é o segundo piloto, atualmente Pérez, que não consegue pontuar como Verstappen.
A RBR precisa dar mais atenção ao seu carro de número 2 se quiser sonhar com o título de construtores em 2021. Não só isso: sem um grande desempenho de Pérez, até mesmo o título de Verstappen pode ser atrapalhado.
Max Verstappen – O holandês faz temporada irrepreensível. É impossível exigir mais de alguém que está pilotando no nível de Max Verstappen. Se a equipe fizer um bom trabalho, ele tem tudo para finalmente conseguir seu primeiro título na carreira.
Sérgio Pérez – A Red Bull prometeu confirmar ou não a permanência do mexicano nas próximas semanas. Isso significa que, um mal resultado em Spa poderá decretar o fim da passagem de “Checo” Pérez na Red Bull. Sem dúvida, Pérez será um dos pilotos mais pressionados nesta segunda parte da temporada.
FERRARI
Ainda sem um carro a altura de sua história vencedora, a Ferrari só tem três pódios na temporada. Mesmo assim, Sainz e Leclerc estão sempre nas zonas de pontuação, o que leva a scuderia aos 163 pontos, empatada com a McLaren.
Alguns pequenos ajustes poderão dar aos ferraristas o terceiro lugar no mundial e mais esperança para 2022.
Charles Leclerc – O monegasco não brilha em 2021. Mesmo tendo um segundo lugar na temporada, está atrás de seu companheiro de equipe, que acabou de chegar. Leclerc tem contrato longo e pouca pressão sob suas costas no momento, mas terminar a temporada atrás de Sainz não pegaria bem para um piloto em que se apostam tantas fichas.
Carlos Sainz – Apesar de ainda não ter vencido com a Ferrari, Sainz já foi ao pódio duas vezes e vem fazendo um bom ano para um piloto que acabou de trocar de equipe. O chefão da Ferrari, Mattia Binotto, se disse feliz com o desempenho do piloto espanhol, porém ainda espera dele um fim de semana perfeito para coroar o bom ano de estreia. Sainz é confiante, não deve ceder à pressão de pilotar uma Ferrari e deve continuar dando dor de cabeça para Leclerc.
McLAREN
Empatada em pontos com a Ferrari, a McLaren estaria muito melhor se Daniel Ricciardo estivesse pilotando melhor. O australiano já declarou diversas vezes estar insatisfeito com seu desempenho e todos sabem que ele vem “prejudicando” a equipe na luta pelo terceiro lugar. Em 11 corridas, Norris só ficou acima da quinta colocação em duas oportunidades, enquanto Ricciardo só alcançou o quinto lugar uma única vez, em Silverstone.
Para derrotar a Ferrari, a McLaren vai precisar buscar o Daniel Ricciardo que saiu com moral da Red Bull em 2018.
Lando Norris – O jovem piloto da McLaren faz tudo o que se espera dele na temporada. Vai ao pódio e sempre conquista pontos importantes. Para Lando, não há muito o que fazer, a não ser continuar guiando como tem feito, aguardando, quem sabe, uma corrida que lhe proporcione a chance de vencer.
Daniel Ricciardo – Um dos pilotos mais elogiados do grid e sem dúvida um dos mais sinceros e simpáticos. Acredito que 90% dos fãs de F1 gostam e torcem para que Daniel Ricciardo volte a ser o piloto que já foi um dia. O australiano precisa entregar mais nessa segunda metade da temporada e ajudar Norris a colocar a McLaren cada vez mais na briga pelo terceiro lugar.
ALPINE
Após péssimos anos sob o nome “Renault”, o nome Alpine parece ter dado um novo ânimo a equipe. Ocon e principalmente Alonso parecem estar bem adaptados ao carro e pilotando muito bem, o que traz esperanças para a sequência do ano. Enquanto Ocon começou bem e Alonso patinava, a situação dos dois se inverteu nas últimas corridas, até a vitória do francês na Hungria.
Se os dois pilotos se alinharem e estiverem em boa forma juntos, a Alpine poderá dar ainda mais trabalho no restante da temporada.
Esteban Ocon – O francês é inegavelmente um bom piloto, mas é discreto e não chama muita atenção do grande público. Ocon vinha tendo resultados modestos na temporada, mas a vitória na Hungria trouxe os holofotes de volta para ele. O jovem deve aproveitar o bom momento e a parceria com Alonso para crescer ainda mais em 2021.
Fernando Alonso – Segundo piloto mais velho do grid, o espanhol, bicampeão mundial, sofreu em sua volta para a F1, como ele mesmo admitiu. No entanto, Alonso entra na segunda fase da temporada vindo de seis corridas seguidas pontuando e de um quarto lugar na Hungria. Se continuar com um bom carro nas mãos, o espanhol ainda vai atrapalhar a vida de muita gente no grid.
ALPHA-TAURI
O problema da Alpha-Tauri é o mesmo da co-irmã Red Bull: o segundo piloto. Yuki Tsunoda não consegue seguir o ritmo do ótimo Pierre Gasly, mais uma vez tirando leite de pedra de seu carro. Enquanto o francês já teve pódio e pontuou em oito das 11 corridas, o japonês esteve na zona de pontuação em apenas cinco ocasiões.
A diferença entre Gasly e Tsunoda é muito acentuada, mesmo Tsunoda estando em temporada de estreia. A Alpha-Tauri resta apenas tentar ajudar o japonês a diminuir tamanha diferença.
Pierre Gasly – Gasly quer uma vaga em uma equipe maior e já deixou isso claro. Caso não volte à Red Bull, o francês deve procurar assento em outro time e tem muito talento para isso. Os resultados na Alpha-Tauri nas duas últimas temporadas são credenciais de que Gasly está pronto para ser piloto de equipe de ponta novamente.
Yuki Tsunoda – O japonês ainda precisa se encontrar e usar a segunda parte da temporada para continuar sua adaptação. Porém, Tsunoda precisa mostrar um pouquinho mais para convencer de que não está lá apenas para agradar a Honda.
ASTON MARTIN
Depois de um grande 2020, ainda como Racing Point, tendo como carro a polêmica “Mercedes Rosa”, a Aston Martin segue tendo um carro bonito, mas dessa vez o desempenho não é bom. Vettel pontuou apenas três vezes (seriam quatro se não fosse a desclassificação na Hungria), incluindo um segundo lugar no Azerbaijão. O filho do dono, Lance Stroll, tem sido mais regular, pontuando em seis oportunidades, porém nunca acima do oitavo lugar.
A segunda metade da temporada precisa ser melhor para o time que entrou em 2021 como grande promessa, mas não consegue um bom acerto para seus pilotos.
Sebastian Vettel – O alemão, tetracampeão mundial, ainda não se achou na nova equipe. Vettel tem muita experiência e é questão de tempo até que ele encontre o acerto ideal. Já conquistou dois segundos lugares na temporada, mas ficou aquém em outros momentos. Se voltar mais consistente, Vettel sem dúvida será uma das figuras principais da segunda parte da temporada, já que, fora das pistas, o alemão ainda é um grande personagem.
Lance Stroll – O 2020 do canadense foi bom. Stroll mostrou que é mais do que o filho do dono da equipe e esperava-se que, com o período de adaptação de Vettel, ele fosse o condutor da Aston Martin em 2021. O que se viu até aqui, no entanto, foi um piloto burocrático e discreto, sempre guiando de forma segura, sem arriscar muito. Stroll terminou nove das 11 corridas, mas todas da oitava colocação para cima. É pouco para alguém que tem tanto a provar.
WILLIAMS
A Williams sem dúvida evoluiu demais em 2021. Latifi e principalmente George Russell vão fazendo o que podem com o carro da equipe britânica. Russell, inclusive, tem conseguido ir ao Q2 da classificação, algo impensado para a Williams em 2020. Os pilotos também conseguiram seus primeiros pontos no GP da Hungria, o que trouxe alegria ao Paddock.
A Williams sabe que os pontos nem sempre caem do céu. Mas, quando acontecer, como no maluco GP da Hungria, a equipe tem que estar pronta para pontuar.
Nicolas Latifi – Apesar de ter seis pontos na temporada, Latifi ainda não convence. Tirando o sétimo lugar na Hungria, o melhor resultado foi um 14º em Silverstone. Enquanto Russell sobra, Latifi ainda tenta se adaptar ao carro e à Fórmula 1. O problema é que o canadense já está em seu segundo ano na equipe e ainda não foi capaz de sequer se aproximar de seu companheiro.
George Russell – Cotado para assumir uma vaga na Mercedes, Russell é sem dúvida um dos diamantes da Fórmula 1 e possivelmente será um dos grandes pilotos de sua geração. O ano de 2021 deixa isso evidente, uma vez que Russell, com um carro um pouco melhor, já conseguiu passar algumas vezes para o Q2, e ficou em 12º e 11º em algumas oportunidades. É consenso que, com um carro bom nas mãos, George Russell será uma máquina. Resta a ele continuar usando o tempo na Williams para aprender tudo o que puder.
ALFA ROMEO
A grande decepção da temporada é a Alfa Romeo. Talvez a equipe já esteja focada no desenvolvimento do carro para 2022, talvez não, mas fato é que o time piorou e muito nos últimos dois anos. De 57 pontos em 2019, para apenas 8 em 2020 e até aqui 3 pontos conquistados em 2021. Com resultados tão ruins, é difícil imaginar que a Alfa Romeo ainda tenha alguma coisa para entregar no retorno da Fórmula 1.
Kimi Raikkonen – O homem de gelo é o cara certo no lugar certo. Afinal, é preciso ter muita paciência para guiar o péssimo carro da Alfa Romeo, ainda mais quando estamos nos referindo a um campeão mundial. Não dá pra exigir muito mais de Kimi, em fase final de carreira. Que a Alfa Romeo possa usar a experiência de seu principal piloto para melhorar e voltar mais forte em 2022.
Antonio Giovinazzi – Pressionado em 2020, Giovinazzi conseguiu garantir seu assento para 2021. Neste ano, porém, com o péssimo carro entregue pela Alfa Romeo, é impossível dizer que o italiano faz um trabalho ruim. Ele terminou à frente de Kimi em seis oportunidades, o que mostra um equilíbrio (ruim) entre os pilotos. Resta a Giovinazzi tentar fazer alguma coisa espetacular no restante da temporada para mostrar que merece continuar sendo um piloto de Fórmula 1.
HAAS
Desde o início do ano a Haas entregou os pontos. A equipe americana disse que praticamente não tinha desenvolvido o carro e que focaria todo seu esforço e dinheiro no carro do ano de 2022. Pensando nisso, assinou com Nikita Mazepin e trouxe com ele seu dinheiro russo e também contratou Mick Schumacher, filho do lendário Michael Schumacher, para trazer holofotes e patrocínios à equipe.
Os dois jovens pilotos ainda estão aprendendo e até agora pouco convenceram. Principalmente Mazepin, que erra muito e só ficou à frente de Mick uma vez na temporada.
Mick Schumacher – O pequeno Schumi não tem muito o que fazer, a não ser continuar buscando toda a experiência possível, visando 2022. Caso a Haas de fato entregue um carro competitivo, Schumacher precisará estar pronto para assumir o protagonismo do time. Até aqui, o jovem não se mostra pronto para tamanha responsabilidade.
Nikita Mazepin – O russo até aqui tem sido uma tragédia. Com barbeiragens em cima de barbeiragens, a única coisa positiva que o jovem trouxe para a Haas foi o dinheiro de seu pai. Mazepin ainda é jovem e precisa usar a segunda metade da temporada para evoluir, uma vez que seu lugar na equipe é garantido em 2022.
Lewis vs Max
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— Formula 1 (@F1) August 23, 2021