Brasil x Canadá, um thriller angustiante e emocionante

Angustiante e emocionante, um thriller que agitou o coração de todas as brasileiras e todos os brasileiros. Essa é a definição da partida entre Brasil e Canadá, um livro intenso que emocionou ao longo de todas as 120 páginas escritas pelas autoras em campo. Metade dessas autoras, do lado canadense, no final comemorou a vitória, enquanto a metade brasileira teve que se entregar depois dos pênaltis.

Foi tudo uma sucessão de jogadas realmente dignas de craques, principalmente após os primeiros 45 minutos de jogo, muito fracos e indecisos. As obras-primas, como sabemos, têm dificuldades a serem envolventes desde o início. Apenas Debinha, recuperando uma bola após um erro de Gilles, tentou surpreender já no primeiro tempo, mas na frente da goleira foi hipnotizada.

A spannung, a reviravolta, esteve totalmente ausente até a última página, mesmo que estivéssemos perto de descobrir o culpado desse thriller. Duda se destacou com suas jogadas técnicas, assim como Marta, que aproveitou sua experiência para vencer este jogo de xadrez.

A primeira humilhou Julia Grosso com uma caneta com um leve toque de sola. A segunda, por outro lado, durante uma ação de ataque, para confundir a adversária e conseguir o passe para sua companheira, se moveu com o corpo de forma imprevisível com um movimento igual a Riquelme.

No entanto, houve poucas chances claras de marcar. Debinha quase marcou para o Brasil de cabeceio no final do segundo tempo de prorrogação, sendo defendida pela mão e pela reatividade de Labbé, enquanto com a mesma parte do corpo Gilles quase foi perdoada pelo erro inicial. Pena que a bola acertou a trave, salvando Bárbara e o 0x0 que durou até o apito final de Stéphanie Frappart.

A goleira brasileira teve uma semana não muito feliz, já que a imprensa holandesa a chamou de “porco de suéter“. Até mesmo uma de suas compatriotas, a atleta paraolímpica Andrea Pontes, insultou-a publicamente por seu peso, a pretexto de um desempenho não à altura. Um gol naquele momento sem dúvida a teria desmoralizado.

A sorte a recompensou momentaneamente e ela jogou muito bem, sem cometer erros e até mesmo saindo acrobaticamente para defender um cruzamento com os punhos. Sua autoestima foi subindo após a defesa do primeiro pênalti da série. Porém, a situação se inverteu, pois os erros dos onze metros de Andressa Alves e Rafaelle custaram caro à Seleção, que perdeu por 4×3.

O Canadá continuou a marcar depois do primeiro erro, embora Bárbara tenha adivinhado o canto em três das quatro ocasiões. Pelo menos ela demonstrou a quem a criticou que é uma excelente goleira. Apesar da eliminação nas quartas de final das Olimpíadas de Tóquio 2020, também as suas companheiras de equipe mostraram que são grandes jogadoras. A missão do Brasil de conquistar a medalha falhou, mas o resultado nem sempre reflete o que realmente merecemos.