Confira a análise do Grupo D da Euro 2020

Estão confirmadas as seleções classificadas do Grupo D para as oitavas de final da Eurocopa 2020. Inglaterra e Croácia avançaram de fase nas primeiras colocações. Por outro lado, a República Tcheca só prosseguiu por ser uma das melhores terceiras colocadas da Euro. Por fim, a Escócia — que não disputava a competição europeia desde 1996 — ficou pelo caminho.

Confira os respectivos jogos das oitavas de final das seleções do Grupo D na Eurocopa 2020

  • Holanda 🇳🇱x🇨🇿 República Tcheca: domingo (27), às 13h, no Estádio Puskás Ferenc
  • Croácia 🇭🇷x🇪🇸 Espanha: segunda-feira (28), às 13h, no Estádio Parken
  • Inglaterra 🏴󠁧󠁢󠁥󠁮󠁧󠁿x🇩🇪 Alemanha: terça-feira (29), às 13h, no Wembley Stadium

Inglaterra

A Inglaterra teve um desempenho bem abaixo do esperado nesta Eurocopa, porém, garantiu a classificação às oitavas de final. Entretanto, o que foi sentido por parte dos comunicadores e os torcedores foi a falta da produtividade ofensiva da equipe, que possui riquíssimos talentos. Além disso, a não utilização de algumas peças levantou questionamentos sobre o treinador Gareth Southgate, que, na visão da maioria, é a figura central pelo momento da seleção. Em um deles: Jadon Sancho — que foi banco na maior parte do tempo na fase de grupos.

Tradicionalmente, a Inglaterra de Southgate atua com uma linha de três jogadores, tendo Kyle Walker como um zagueiro pelo lado direito. No entanto, o que sei viu até agora na Eurocopa foi um famoso “4-2-3-1”. Assim, ficou notável nos dois primeiros jogos enxergar a linha de quatro defensores, com dois volantes e quatro jogadores na frente.

As três partidas dos Three Lions na Euro foram, em vários momentos, extremamente pragmáticas. Se viu uma seleção que finalizou com muita pouca precisão ao gol dos adversários. O pífio desempenho do ataque ficou notório: apenas dois gols marcados, ficando atrás, inclusive, de Croácia (4) e República Tcheca (3). Os únicos tentos anotados foram por Raheem Sterling, que praticamente classificou a Inglaterra às oitavas de final.

E o maior artilheiro (23) e assistente (14) da Premier League 2020/21, Harry Kane? Se movimentou bastante durante os jogos, mas não conseguiu sequer marcar um gol. O capitão vive um incômodo jejum nesta Euro. Fato. Entretanto, não se deve subestimar a alta capacidade de Kane, que tem muita qualidade para resolver um confronto.

Sistema de defesa e meio-campo: nenhum gol sofrido na fase de grupos

Diferentemente do ataque, a Inglaterra terminou a fase de grupos sem levar sofrer nenhum gol: a defesa menos vazada ao lado da Itália, que também passou zerada. Jordan Pickford parece ter recuperado a confiança, após instável temporada no Everton. Seguro e com boas intervenções realizadas. Kalvin Phillips e Declan Rice formaram ótima dupla de volantes. Por sua vez, Phillips teve mais liberdade para chegar à frente, inclusive, deu a assistência para o gol, marcado por Raheem Sterling, na vitória sobre a Croácia (1 x 0). Além disso, o jogador do Leeds United foi eleito o melhor em campo.

Entre os zagueiros, apenas John Stones atuou nos três jogos da Eurocopa. A incrível temporada 2020/21 no Manchester City parece ter despertado a confiança e a qualidade do atleta. E Tyrone Mings, junto a Stones, conseguiu ter bom desempenho nos dois primeiros jogos — dando lugar a Harry Maguire contra a República Tcheca. Nas laterais, Kyle Walker, que também atua de zagueiro pelo lado direito, é peça-chave de Southgate, contudo, tem a concorrência do jovem do Chelsea Reece James. Por fim, Luke Shaw – que vive ótimo momento no United — retornou no duelo diante da Escócia, e participou das ações ofensivas pela esquerda.

“Cadê o Sancho, Southgate?”: essa pergunta mexeu com muitos…

É inimaginável não ter visto Jadon Sancho em campo nesta Eurocopa. A exceção: atuou apenas 10 minutos contra a República Tcheca… Em 2020/21, o jovem inglês participou de 38 jogos do Borussia Dortmund, marcou 16 gols e distribuiu 20 assistências. Ele tem seu nome fortemente especulado a outros clubes do futebol mundial, inclusive, no Manchester United.

É, ficou um grande questionamento por parte da mídia e dos torcedores que admiram o futebol do Sancho. O atleta de 21 anos se destaca no Dortmund por ser um jogador criativo, rápido, finalizador, entre outras qualidades que o fazem a ser um dos melhores jovens do mundo.

Outro ponto a ser destacado: temos que falar sobre Raheem Sterling. Assim, o jogador do Manchester City foi duramente criticado por ser um “querido do Southgate“. Fato é que, na Eurocopa, a presença de Sterling significou a classificação da Inglaterra para a próxima fase da competição. Sim, os dois gols da seleção na fase de grupos foram dele. Óbvio que as críticas pela temporada de altos e baixos no City é questionável, entretanto, não se pode sacar alguém do time que está resolvendo a curto prazo, principalmente nos resultados finais, que são, na verdade, o principal objetivo dentro de um grande torneio.

Menções honrosas 

O atual conjunto da Inglaterra contém vários talentos, e outros bem mais experientes. Um deles foi um dos principais destaques do Aston Villa em 2020/21: Jack Grealish. O inglês vem buscando seu espaço entre os escolhidos do técnico Gareth Southgate. Grealish já atuou nove vezes com a camisa dos Three Lions e tem uma assistência, essa, para o gol de Raheem Sterling contra a República Tcheca.

Além dele, o jovem do Arsenal Bukayo Saka também merece estar nesta menção honrosa. Assim, ele jogou apenas uma partida nesta Eurocopa, porém, foi eleito o melhor em campo diante dos tchecos. Saka teve a liberdade de atuar pelo lado direito do campo.

Por fim, este é um dos jogadores mais promissores para o futuro da Inglaterra: Jude Bellingham, do Borussia Dortmund. O meio-campista de 17 anos é um forte candidato a uma vaga futura na seleção inglesa. Veja: ele é o segundo jogador mais jovem a atuar em um torneio europeu (com 17 anos e 349 dias), ficando atrás apenas do polonês Kacper Kozłowski, que conseguiu superar Bellingham com 17 anos e 246 dias.

Croácia

A Croácia, liderada pelo astro Luka Modrić, conseguiu avançar às oitavas de final da Eurocopa 2020. Assim, os atuais vice-campeões Mundiais não começaram a Euro com um bom repertório. Ivan Rakitić e Mario Mandžukić não foram convocados por lesões. A princípio, se imaginava que a equipe de Zlatko Dalić realizaria uma campanha com mais tranquilidade. Porém, a seleção só decidiu a classificação na última rodada, na vitória contra a Escócia por 3 x 1.

Os croatas buscam manter a continuidade desde a Copa do Mundo de 2018. Ou seja, manteve-se praticamente toda a base do último Mundial. A saber, a partida de abertura diante da Inglaterra começou a “frustrar” os planos do treinador Zlatko Dalić. Contra a forte seleção inglesa, a Croácia estava irreconhecível. Apesar do resultado mínimo (1 x 0), a equipe de Luka Modrić não conseguiu colocar em prática todo o repertório coletivo em jogo. Em oito finalizações, apenas duas foram em direção ao gol de Jordan Pickford — em uma delas, Ante Rebić perdeu de frente para o goleiro inglês.

Em contrapartida, o jogo seguinte contra a República Tcheca, que havia derrotado a Escócia na 1ª rodada (com show de Patrik Schick), era de suma importância pela permanência na Eurocopa, caso perdesse estaria fora da competição. Para este duelo, Dalić modificou duas peças: saíram Duje Ćaleta-Car e Marcelo Brozović, entraram Dejan Lovren e Josip Brekalo. O técnico croata optou por uma equipe mais ofensiva com Brekalo, que joga aberto pelo lado do campo. No entanto, Lovren começou mal e cometeu pênalti, contudo, graças ao ponta Ivan Perišić, a Croácia arrancou um empate sobre os tchecos.

O decisivo confronto contra a Escócia

Sim, a Croácia precisava de uma vitória para evitar o risco de uma precoce eliminação. A saber, no tradicional 4-3-3, com Luka Modrić tendo mais liberdade para chegar ao ataque, não teve outra: vitória importantíssima dos croatas sobre a Escócia. Assim, os comandados de Zlatko Dalić foram bem seguros na sua proposta de jogo, e saíram vencedores. 3 x 1 e classificação às oitavas da Eurocopa.

Em suma, menções honrosas a dois jogadores fundamentais para o time: Luka Modrić e Ivan Perišić. Eles foram os principais destaques. Modrić teve a liberdade de chegar mais ao ataque. E Perišić mostrou, em mais uma oportunidade, a presença de área e o instinto goleador pela seleção.

Luka Modrić: mais que uma referência, e sim uma estrela

A princípio, Luka Modrić sempre se notabilizou por ser uma referência técnica para a Croácia. Isso é inegável. No entanto, contra a Inglaterra, o meio-campista jogou recuado devido ao forte poder de marcação dos ingleses, o que atrapalhou o início da construção ofensiva da seleção croata.

Contra República Tcheca e Escócia, o camisa 10 conseguiu desenvolver todo o seu potencial. A entrada de Brozović facilitou na chegada de Modrić ao sistema ofensivo. Não teve outra: presença fundamental contra os escoceses. Ele participou ativamente do jogo, marcou um golaço e deu uma assistência.

O gol contra a Escócia fez Modrić bater uma marca que até então o pertencia na própria seleção. Assim, ele se tornou o jogador mais jovem e o mais velho artilheiro da Croácia em Eurocopas. Simplesmente incrível.

Ivan Perišić: o goleador da Croácia

Ivan Perišić foi outro importantíssimo jogador para a Croácia. O ponta da Inter de Milão teve papel decisivo na classificação da seleção às oitavas de final da Eurocopa. Assim, o camisa 14 destaca-se não só pelo jogo vertical pelo lado do campo, mas, sim, também marca grande presença na pequena área para finalizar.

Para que a Croácia avançasse em 2° lugar no Grupo D da Euro, ele anotou dois gols providenciais: contra República Tcheca e Escócia. O primeiro teve um peso para lá de decisivo. Os tchecos estavam em vantagem, mas Perišić fez lindíssima jogada individual, marcou o gol de empate (1 x 1) e deu sobrevida à sua seleção na competição.

Em seguida, a Croácia necessitava de um bom resultado contra a Escócia. Logo, Ivan Perišić fez o terceiro e último gol na vitória por 3 x 1 sobre a seleção de Andrew Robertson, do Liverpool. Detalhe: o último gol dos croatas foi o diferencial para avançar na 2ª posição, com quatro pontos. Além disso, ele ofereceu a assistência para o atacante Nikola Vlašić, que também balançou as redes.

Contra a República Tcheca, Perišić se tornou o primeiro croata a marcar nos últimos quatro grandes torneios de seleções do futebol mundial. Assim, o ponta anotou gols em duas Euros (2016 e 2020/21) e em dois Mundiais (2014 e 2018).

República Tcheca

Antes de mais nada, é importante destacar que Patrik Schick foi disparadamente a estrela da República Tcheca na fase de grupos da Eurocopa. Porém, iremos ressaltar alguns pontos do time do treinador Jaroslav Šilhavý. A qualidade técnica dos tchecos não é o diferencial da equipe, e não é demérito dizer isso, uma vez que a aplicação tática aparece como ponto forte do elenco.

A República Tcheca fez valer o jogo físico sobre os seus adversários do Grupo D (Inglaterra, Croácia e Escócia). Atrelado ao aspecto técnico e tático, Tomáš Souček, do West Ham, aparece como principal nome no meio-campo do time, fazendo um papel no início da construção ofensiva e, por vezes, chegando ao ataque.

Além dele, Vladimír Darida é outro que atua com bastante regularidade entre os escolhidos de Šilhavý. Entretanto, Vladimír Coufal, também dos Hammers, é um ótimo lateral-direito e já tem uma assistência na Euro. Enfim, chegou o momento de falar sobre craque desta seleção: Patrik Schick.

Patrik Schick: o craque da seleção

A República Tcheca está classificada às oitavas de final da Eurocopa. E isso só foi possível graças ao craque da seleção: Patrik Schick. Ele foi, com toda a certeza, entre tantas opiniões, o principal jogador da equipe tcheca na fase de grupos.

Foram três gols marcados até o momento. Diante da Escócia, anotou dois – um deles um golaço do meio de campo. E, por fim, um de pênalti contra a Croácia. Schick, do Bayer Leverkusen, é um notável centroavante por ter características similares de um “finalizador”, fazendo até o papel de armador, como fez em muitas ocasiões.

Escócia

Já eliminada da Eurocopa, a Escócia retornou à competição após 25 anos. Na Euro de 1996, a última disputada até então, os escoceses sequer avançaram da fase de grupos, terminando na 3ª colocação, com quatro pontos. Naquela ocasião, Inglaterra e Holanda seguiram no torneio.

Os comandados do treinador Steve Clark, que teve passagem como jogador no Chelsea, chegaram à Eurocopa através das Eliminatórias, porém, pela repescagem. No entanto, a expectativa era alta por parte da seleção e, principalmente, pela população escocesa, que viu de perto, em Glasgow, duas partidas da equipe.

A princípio, a Escócia começou a Euro com um resultado negativo: derrota para a República Tcheca (2 x 0). Neste jogo, Patrik Schick fez simplesmente chover puro talento e preciosismo. Em um dos gols, Schick viu o goleiro David Marshall bastante adiantado e marcou o famoso “gol que Pelé não fez”, do meio de campo.

Jogos contra Inglaterra e Croácia

Steve Clark tem uma metodologia de trabalho voltada para o 3-5-2, às vezes, tendo a presença de um dos meio-campistas (ou mais) ao ataque, a exemplo de John McGinn, do Aston Villa. No confronto britânico contra a Inglaterra, o técnico escocês modificou o time, colocando com Scott McTominay na linha defensiva e Billy Gilmour como volante/meia.

A saber, no Wembley Stadium, a Escócia se defendeu, claro, na maior parte dos 90 minutos. A Inglaterra, por sua vez, obteve 60% de posse de bola. Dessa forma, a equipe de Steve Clark buscou o contra-ataque em alguns momentos e teve várias chances de vencer. Sim, por poucos detalhes os visitantes não levaram os três pontos. No final de tudo: um bom empate contra a forte seleção inglesa. Vale destacar que o meio-campista Billy Gilmour foi eleito o melhor em campo.

Já no decisivo jogo diante da Croácia, na 3ª rodada, os escoceses precisavam desesperadamente de uma vitória para avançarem às oitavas de final. Porém, os croatas tinham dois jogadores que estavam iluminados neste dia: Luka Modrić e Ivan Perišić. Atual craque da seleção, Modrić anotou um belíssimo gol e deu uma assistência para Perišić, que também balançou as redes. Detalhe: Callum McGregor fez o único gol da Escócia nesta Euro, e o primeiro da seleção desde a última vez em que disputou o torneio, em 1996.

Standings provided by SofaScore LiveScore