Não foi um jogo fantástico, mas valeu pela emoção até o fim. Na Allianz Arena, em Munique, a França foi mais eficiente e bateu a Alemanha por 1 a 0, no encerramento da primeira rodada da fase de grupos da Eurocopa. Com o resultado, os Bleus largam à frente do grupo F (o “grupo da morte” da Euro 2020), ao lado de Portugal, que venceu a Hungria por 3 a 0 mais cedo nesta terça (15).
O gol solitário da partida foi marcado pelo zagueiro Mats Hummels, contra. Curiosamente, o autor do gol da classificação alemã, diante da França, na Copa de 2014. Dessa vez, o zagueiro jogou contra o próprio patrimônio. Esta foi, inclusive, a primeira derrota da história da Alemanha em uma estreia de Eurocopa – em 13 participações.
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— UEFA EURO 2020 (@EURO2020) June 15, 2021
Questão de eficiência
O duelo entre França e Alemanha foi resolvido na eficiência. Isso porque, a seleção alemã não jogou mal, mas simplesmente não conseguiu traduzir o domínio em chances de gol. Do outro lado, os atuais campeões do mundo, com seu estilo mais vertical, precisaram de pouco para produzir as melhores chances. Além do gol, marcado aos 20 da primeira etapa, a França ainda balançou as redes mais duas vezes, mas ambos os lances foram invalidados por impedimentos milimétricos.
Por detalhes, a vantagem não se tornou ainda mais larga. Talvez, um placar maior fosse injusto com a Alemanha, que não desistiu de buscar o empate, tentou acelerar o ritmo no final, mas acabou travada em suas próprias deficiências. Com um meio de campo pouco presente no ataque e uma linha ofensiva discreta, a seleção de Joachim Löw teve suas melhores oportunidades com Serge Gnabry.
Na primeira, o jovem atacante levou azar na finalização, que quicou no gramado e passou por cima do gol. Na segunda, foi parado de forma providencial por Hugo Lloris. Pelo lado francês, não houve um grande craque – ou agente desequilibrador – da partida. No entanto, é importante destacar a boa atuação de Paul Pogba. Não somente por iniciar a jogada do gol com um belo lançamento, mas também pelo controle que teve do jogo – e taxa de erros quase nula.
Kylian Mbappé também foi bem, e teria feito um belo gol e dado uma assistência, não fossem os impedimentos. Algo para o atacante ficar ligado nos próximos confrontos. No mais, partida segura de todo o sistema defensivo do técnico Didier Deschamps. Neste momento, a França é um time mais organizado e com uma proposta mais clara do que a seleção da Alemanha. Em um duelo tão igual, essa pequena diferença de “maturidade” fez toda a diferença.
O gol decisivo
Autor do gol contra, Hummels será considerado “o vilão” da partida. Apesar disso, o zagueiro de 32 anos não foi mal no restante do jogo. Na jogada fatal, aos 20 minutos da primeira etapa, ele não conseguiu cortar o cruzamento de Lucas Hernández, que, provavelmente, encontraria Mbappé livre dentro da área. No ímpeto de evitar o pior, Hummels bateu de canela e aertou o próprio ângulo. Sem chances para o goleiro Manuel Neuer.
Há de se valorizar, porém, o início da jogada, que se deu do lado direito. Após lateral cobrado, Pogba recebeu de frente e fez um lindo lançamento, com efeito, para Hernández. Novamente, um dos erros da Alemanha no duelo com a França foi conceder espaços demais ao meio-campista do Manchester United.
Com um pouco mais de talento a disposição em seu time titular, a França aproveitou a chance que teve. Caso tivesse demorado a abrir o placar, talvez, o jogo tomasse outro rumo. Agora, para os Bleus, fica a lição de, nas próximas partidas, tentar matar o confronto com mais gols. Dessa forma, a equipe evita uma possível pressão final do adversário. Para a estreia, o resultado está mais do que de bom tamanho. Com a Hungria ainda pela frente no grupo, a França já está, praticamente, classificada na chave.
Fases opostas
Podemos dizer que a vitória da França frente à Alemanha faz jus às fases vivenciadas por cada seleção. Enquanto os Bleus chegaram a 15 vitórias nos últimos 20 jogos de Copa do Mundo ou Eurocopa (maior marca entre seleções europeias), os alemães perderam o quarto jogo entre os últimos cinco nessas mesmas competições – sendo que haviam perdido quatro nos 28 confrontos anteriorres. Trata-se, portanto, de uma escrita recente nas grandes compeitições: enquanto a França triunfa, a Alemanha tropeça.
Este também foi o 50º jogo de Eurocopa para a equipe quatro vezes campeã do mundo. Como já dito antes, os germânicos jamais haviam perdido em uma estreia deste torneio. O duelo também marcou a 100ª aparição de Manuel Neuer no gol de sua seleção. Hoje, contra a França, o arqueiro só foi atacado em quatro oportunidades. Curiosamente, o menor número de arremates dos Bleus em uma partida que venceram pela Eurocopa.
E para vencer com tão poucos chutes a gol, a França contou, mais uma vez, com a sólida atuação defensiva. Pela quinta vez nos últimos sete jogos (entre Copa e Euro), a seleção azul não foi vazada. Ou seja, é muito difícil bater a seleção francesa: um time eficiente na frente e seguro lá atrás. Por fim, o gol de Hummels também foi o primeiro gol contra da Alemanha em Eurocopa – e o terceiro em apenas 12 jogos nessa edição, o que já é um recorde.
E agora…?
Na busca de redenção no torneio, a Alemanha já espera contar com Leon Goretzka para o próximo duelo. A seleção de Joachim Löw entra em campo no próximo sábado, 19, cotra Portugal. Já a França enfrenta a Hungria no mesmo dia. Uma vitória dos franceses já garante a classificação da equipe para a fase mata-mata do torneio.
No entanto, nem tudo está perdido para a Alemanha: vale lembrar que, por conta do regulamento, quatro equipes que ficarem em terceiro nos suas chaves também se classificam. Obviamente que este não é o objetivo principal, mas quando se trata do grupo da morte do torneio, esta possibilidade não pode ser desconsiderada nem para a França, tampouco para a Alemanha.