Inter, Ramirez e a pressão de ambos

Que o futebol brasileiro é feito de constante pressão todo mundo sabe. Que os técnicos no Brasil estão sempre ameaçados também. Mas, a situação que vive o Inter nas últimas semanas vai além disso.

O Beira-Rio já há algum tempo não encontra dias tranquilos. E ao que tudo indica não será por agora que essa tranquilidade desembarcará por lá. O clube vive uma situação financeira delicadíssima, o time na atual temporada ainda não se encontrou e o técnico Miguel Angel Ramirez recebe inúmeros questionamentos de todos os seguimentos do mundo da bola.

Para piorar a situação, o próprio Ramirez enfrenta agora um momento mais difícil: testou positivo à COVID-19 e ficará cerca de quinze dias em isolamento e sem poder comandar a equipe. E isso acontece justamente no momento em que o Inter tem pela frente jogos decisivos e nos quais precisa mostrar rendimento e ter resultados para amenizar um pouco a pressão.

O Departamento de Futebol do Inter garante apoio irrestrito ao técnico espanhol, mas admite publicamente que é preciso ajustes e adaptações à realidade do futebol brasileiro. Com dificuldades de ordem monetária para contratar, o clube usa o expediente de vender jovens jogadores para fazer caixa e aí poder fazer contratações pontuais para estancar alguns problemas técnicos do time. É um paliativo, um ciclo que sem fim que é muito utilizado por clubes brasileiros em crise financeira.

O meio-campista Praxedes e o meia-atacante João Peglow estão deixando o Inter. Enquanto Praxedes vai para o RB Bragantino, Peglow está indo por empréstimo para o Porto, de Portugal. Com isso, o clube espera resolver algumas questões financeiras urgentes e ainda poder fazer alguma contratação emergencial para uma equipe que tem apenas uma opção dentro de campo: ou vence e convence ou terá mudanças profundas.

Tanto clube como o técnico vivem um momento de pressão imensa, gigantesca e só os resultados dentro de campo é que podem aliviar a tensão de ambos. Nesse sentido, os próximos dez dias serão decisivos para as pretensões do Inter e de Ramirez na sequência do ano, mesmo que, por mais absurdo que pareça, o próprio técnico, isolado pela COVID-19, não poderá colaborar com seu próprio destino.