Chelsea supera City e leva o bi da Champions

A Europa é dos Blues pela segunda vez! No Estádio do Dragão, em Portugal, o Chelsea fez uma partida sem erros, bateu o Manchester City por 1 a 0 e sagrou-se bicampeão da Champions League (2011-12 e 2020-21). Kai Havertz foi o autor do gol solitário que garantiu o título a equipe do treinador Thomas Tuchel. Pela quarta vez na fase mata-mata do torneio, N’Golo Kanté foi escolhido o melhor jogador da partida.

Com a conquista, os Blues se tornaram a 13ª equipe na história da Liga dos Campeões a levantar o caneco mais de uma vez. Contando somente o período da competição com o nome de Champions League, o Chelsea é o terceiro clube inglês a conseguir a dobradinha (além de Manchester United e Liverpool). Por fim, o time ainda confirmou seu ótimo desempenho em finais europeias. Agora, são quatro títulos em cinco finais – contando Liga dos Campeões e Liga Europa.

Atuação categórica

O Chelsea foi metódico diante do Manchester City nesta final de Champions. Apostando em uma defesa sólida e muita velocidade na construção do jogo, o time de Londres assustou mais durante toda a partida – até mesmo quando esteve à frente no placar. A impressão é de que o primeiro gol foi maturando durante a etapa inicial. Isso porque Timo Werner teve, ao menos, três chances de marcar, mas não conseguiu ser efetivo.

O City até tinha mais posse e tentava rodar a bola em busca dos espaços. Conseguiu, uma vez ou outra, fazer um cruzamento mais periogoso na área do Chelsea, mas em nenhum momento assustou o goleiro Mendy. Aos 42 minutos, enfim, o golpe fatal. Como já vinha acontecendo, os londrinos chegaram com poucos toques ao meio-campo, onde Mason Mount achou um passe primoroso para Kai Havertz – em uma falha tremenda de cobertura dos Cityzens.

Com o adversário de frente para o crime, o goleiro Ederson decidiu sair do gol, mas acabou ficando pelo caminho. Melhor para o jovem do Chelsea, que marcou seu único gol nessa Champions. O mais importante de todos. Sendo assim, aos 21 anos e 352 dias, Kai Havertz é o sexto jogador – e segundo alemão – mais jovem a marcar em uma final de Liga dos Campeões.

Daí em diante, o Chelsea se dedicou mais à própria solidez defensiva. Mesmo com a saída de Thiago Silva, machucado, ainda antes do gol, a equipe não foi prejudicada em nenhum aspecto do jogo. Pelo alto, o trio formado por Rudiger, Christensen e Azpilicueta foi intransponível. Já no meio de campo, um pequenino camisa 7 demonstrou toda a sua grandiosidade.

N’Golo Kanté

Em um jogo extremamente intenso, do início ao fim, era possível encontrar Kanté em diversos lugares do campo. O francês gosta deste tipo de dinâmica e, apesar de sempre ser um jogador que acaba não tomando muito os holofotes para si, foi um prazer se atentar aos detalhes de seu desempenho. Firme, porém sem violência. Preciso, mas sem ser meticuloso.

Kanté joga simples. Ou melhor, ele eleva o patamar do “simples” e joga fácil sem paracer. No total, 53 toques na bola, 85% de aproveitamento nos passes e 7 de 8 duelos terrestres vencidos. No entanto, a estatísitca não cobre tudo. Embora sempre dedicado à marcação, Kanté frequentemente dava opção no ataque, participando de todas as etapas do jogo.

Resumindo: uma atuação exuberante. Pela quarta vez no mata-mata da Champions (uma nas oitavas, nas duas semis e na final), o volante do Chelsea venceu o prêmio de melhor do jogador da partida. Ou seja, o camisa 7 foi determinante no momento mais crítico da temporada. Felizmente, sua grandeza começa a ser notada com mais frequência pelos amantes do futebol

Aos 30 anos, o francês já venceu Copa do Mundo, Premier League e, agora, a Liga dos Campeões. Aonde vai parar N’Golo Kanté?

Frustração de Guardiola e De Bruyne

Do lado azul de Manchester, o retrato da derrota pode ser pintado através das expressões de duas figuras. Kevin De Bruyne, craque do time, e Pep Guardiola, comandante do esquadrão. De Bruyne fez um 1º tempo apagado e acabou tendo muito azar durante a etapa final. O belga se chocou com Rudiger e teve de deixar o campo com muitas dores na face (e um olho roxo).

Neste domingo (30), o próprio jogador detallhou em suas redes sociais os “resultados” da pancada forte, que chocou a todos no Estádio do Dragão: um nariz quebrado e problemas no osso da órbita do olho esquerdo, a chamada maçã do rosto. Sem seu craque, Guardiola mandou Gabriel Jesus, Fernandinho e Agüero para o campo. No entanto, faltou criação.

O quarto final do jogo foi marcado por excessos nos cruzamentos e bolas longas. Além disso, a estratégia do treinador espanhol em jogar sem Rodri ou Fernandinho no meio-campo desde o início foi alvo de críticas por parte dos torcedores do City. No fim das contas, são escolhas.

Certamente, ele se lamenta por sua ideia não ter dado certo. Dessa forma, a “freguesia” para o Chelsea continua: Os Blues são a equipe contra a qual Guardiola mais perdeu jogos como treinador em todas as competições (oito). Três dessas oito derrotas, inclusive, aconteceram em 2021: na semifinal da FA Cup, Premier League e, agora, na decisão da Champions.

Ao menos, fica a bonita cena do momento da premiação. Agraciado com a honraria de prata, Guardiola sorriu a todos os presentes e deu um beijo na medalha antes de deixar o palco. Atitude exemplar de quem já venceu tudo, mas, mesmo assim, reconhece o valor do esforço.

Europa azul de novo!

Após nove anos, o Chelsea é campeão da Champions League novamente. E ambas as conquistas aconteceram com roteiros semelhantes, principalmente no que se refere ao técnico. Thomas Tuchel chegou em janeiro, mas rapidamente colocou a boa equipe londrina nos trihos. Evidentemente, ele contou com um legado decente deixado pelo antecessor no cargo, Frank Lampard. E o mais importante: aproveitou a excelente safra do time.

Após bater na trave em 2020 – assim como Thiago Silva – o alemão venceu a Champions, mantendo a sequência de troféus para comandantes nascidos na Alemanha. Tuchel é o terceiro seguido (após Jurgen Klopp, em 2019, e Hans-Dieter Flick, em 2020).

Após o título, o treinador brincou com o fato do Chelsea ser “a pedra no sapato” do City, além de fazer um belo discurso dedicando a vitória à família. Parte dela esteve no estádio, acompanhando de perto a glória maxima na carreira de Tuchel.

“Eu não sei exatamente o que dizer. É a coisa mais bonita de todas, se eu parar para pensar. A gente tem que compartilhar isso com a família, meus pais que me levavam aos jogos, minha mulher, minha avó” – Thomas Tuchel, treinador do Chelsea

Troféu merecido

O título da Champions foi para o time mais organizado, forte defensivamente e intenso na medida certa. Não obstante, a equipe também possui histórias humanas incríveis e que, talvez, expliquem o porquê da importância desse título. Tinha muita gente querendo fisgar o caneco. Desde o próprio Tuchel e Thiago Silva, “deixados de lado” pelo PSG na última temporada e que, então, renasceram no clube londrino.

Além deles, o goleiro Édouard Mendy também tem uma história impressionante – o senegalês (que se tornou o primeiro arqueiro africano em final de Champions) quase abandonou o futebol há alguns anos. Titular indiscutível, ele também atingiu outra marca chamativa: nove de 13 trezes jogos sem sofrer gols na atual edição da Liga dos Campeões.

Por fim, o ítalo-brasileiro Jorginho tambem merece destaque. Isso porque o meia quebrou um longo jejum entre atletas do país da Bota. Desde 2004, um italiano não era titular na final da UCL por um time de fora da Itália. Campeão, então, só existe um também: Christian Panucci, em 1998, pelo Real Madrid.

Ou seja, são muitos bons enredos. O Chelsea mereceu mereceu seu título na bola, mas não deixou de alegrar os roteiristas mais criativos. Sem ser favorito, o time londrino triunfou. E melhor: diante de parte da própria torcida, que esteve presente no Estádio do Dragão.

Evidentemente, a conquista de 2011-12 terá sempre um gostinho especial porche se a primeira. Contudo, o que Thomas Tuchel e companhia fizeram, neste 29 de maio, fica marcado na história para sempre, da mesma forma. Um time valente, talentoso e forjado em casa. O torcedor dos Blues tem orgulho do projeto e do que seu clube vrou. Parabéns ao Chelsea, o campeão da Champions League 2020-21!