Villarreal campeão da UEL no drama dos pênaltis

Cento e vinte minutos e 22 cobranças de pênaltis depois, enfim, o grito de campeão saiu da boca do torcedor do Villarreal. A equipe amarela levantou a taça da Liga Europa, diante do Manchester United, e encerrou uma campanha memorável – e invicta – na competição. Com bola rolando, na Arena Gdańsk, o placar foi de 1 a 1.

Já nas penalidades, TODOS os jogadores foram à marca da cal. Só que o goleiro dos Red Devils, David De Gea, errou a cobrança derradeira da partida. Tristeza do lado inglês, mas felicidade espanhola. O Villarreal é campeão de um torneio expressivo pela primeira vez em sua tradicional história de 98 anos. Parabéns ao Submarino Amarelo!

Com cara de final

Villarreal e Manchester United fizeram um duelo acirrado. Muita fisicalidade, disposição, correria e até mesmo sangue jorrado. Juan Foyth, zagueiro da equipe espanhola, é o retrato da garra deixada em campo pelas duas equipes: após um choque duro com Paul Pogba, o argentino teve de atuar com a cabeça enfaixada e um curativo no nariz. No entanto, nada que tenha o impedido de erguer o troféu tão desejado ao final da partida.

Igualdade nas ações

Não à toa, o título foi definido somente nos pênaltis – e após 22 cobranças! O Manchester United até dominou a partida na 1ª etapa, mas não soube transformar posse em perigo ao adversário. Embora tenha abdicado da bola, o Villarreal finalizou mais. Dessa forma, bem vertical e direto nas jogadas, o time de Unai Emery conseguiu abrir o placar aos 29 minutos.

Falta batida por Parejo, que Gerard Moreno se esticou para empurrar às redes de De Gea. O detalhe interessante é a movimentação do atacante, deixando Shaw perdido na finta e entrando na área pelas costas de Lindelof. Um pequeno puxão no zagueiro sueco, sem falta, somente para se equilibrar, ainda ajudou o camisa 7 a marcar o gol. Com o tento, Moreno igualou Giuseppe Rossi como artilheiro histórico do Villarreal: 82 gols no total.

Curiosamente, na 2ª etapa, o United jogou de maneira mais dinâmica… e deu certo. Ou seja, a equipe inglesa diminuiu a troca de passes e atacou mais o gol do Villarreal. Sendo assim, o empate veio. E veio rápido. Aos 10 minutos da metade final, Edinson Cavani anotou um gol típico de atacante oportunista. Após escanteio rebatido, Rashford bateu de primeira na entrada da área. A bola rebateu na zaga e em McTominay antes de, enfim, encontrar o pé de Cavani. O uruguaio, então, só empurrou para o gol vazio.

A assistência caiu no colo de McTominay, mesmo sendo sem querer. Às vezes, as estatísticas enganam, mas, no caso do escocês, o passe para gol acabou presenteando sua boa atuação. Luke Shaw também foi bem, extremamente participativo – 130 toques na bola durante a partida. No entanto, o United não conseguiu estabelecer pressão em busca da virada, apesar do empate precoce.

Angústias finais

Mesmo assim, os Red Devils tiveram uma grande chance no pé direito de Rashford. O inglês recebeu, SOZINHO, na pequena área após cruzamento de Bruno Fernandes, mas bateu pelo lado do goleiro Rulli. Desperdício cruel e que pode ter valido a taça da Liga Europa para o time de Manchester.

O restante da etapa complementar e os dois tempos da prorrogação foram semelhantes. Poucas ações e o receio de atacar, afinal, cada erro poderia custar o jogo. Solskjaer, treinador do United, guardou as cinco substituições para o tempo extra. Ou seja, o fim da prorrogação foi bastante paralizado por conta das mudanças. O norueguês mandou Juan Mata e Alex Telles a campo apenas para serem cobradores na disputa de penais.

Com o empate já aceito por ambos os times, a bola foi para a marca da cal. E, daí em diante, o que se viu na Arena Gdańsk, na Polônia, foi uma sequência ÉPICA. Em primeiro lugar, todos os jogadores precisaram cobrar pênaltis. Além disso, as batidas foram de altíssimo nível. Com muito mais méritos dos batedores do que deméritos dos goleiros, a disputa se arrastou.

Somente Shaw, já na oitava cobrança do Manchester United, flertou com as mãos do goleiro Rulli. No mais, chutes fortes e bem colocados. Contudo, chegou o momento dos goleiros. O arqueiro do Villarreal enfiou o pé na bola e aliviou os torcedores amarelos na arquibancada. Só que De Gea não fez o mesmo. E, se não bastasse a zueira por conta de suas dificuldades em defender pênaltis – ele não pega um desde 2016 – o goleiro espanhol ainda despediçou seu chute, enterrando o sonho inglês definitivamente. 11 a 10.

Melhor para Rulli, que voou na bola. Melhor para o Villarreal, campeão da Liga Europa!

Simplesmente, histórico!

Enfim, o Villarreal conseguiu sagrar-se campeão de uma competição relevante – e, logo de cara. fisgou uma conquista europeia. Antes disso, o Submarino Amarelo tinha no currículo somente o troféu da terceira divisão espanhola em 1970, além de duas vitórias na Copa Intertoto, um torneio extinto da UEFA, com um formato diferente e que sequer contava com um campeão só por temporada.

Portanto, a noite deste 26 de maio será eterna na pequena cidade de Villarreal, na Província de Castellón. Da mesma forma, a data jamais será esquecida por Unai Emery, que se tornou o maior vencedor da história do torneio. O “Senhor Liga Europa”, como é conhecido, faturou o quarto título, deixando Giovanni Trapattoni, com três, para trás. Os outros troféus de Emey foram com o Sevilla, entre 2013 e 2016.

Outro que, certamente, terá esta final marcada na memória é Raúl Albiol. Apesar dos 35 anos e de vários títulos no currículo, ser campeão com o Villarreal é especial para o espanhol. Ainda mais por conta da maneira como foi. Em entrevista bem-humorada após a conquista, o zagueiro revelou algo curioso: por incível que pareça, os jogadores do Submarino Amarelo não treinaram cobranças de pênalti às vésperas do jogo decisivo. Albiol ainda afirma que não batia uma penalidade desde… os tempos da base!

“Desde a base que não bato um pênalti, mas tive que bater […] Nem ensaiamos. Ontem (25) não batemos nenhum e todos acertamos hoje. Se a gente soubesse, teria levado para a disputa de penalidades antes” – Raúl Albiol, zagueiro e capitão do Villarreal

Força espanhola

Com a conquista do Villarreal – 29º campeão diferente do torneio, contando Copa da UEFA e Liga Europa – a Espanha reafirma sua força na competição. Isso porque, nos últimos dez anos, foram sete títulos de equipes participantes de LaLiga (Sevilla em quatro oportunidades, Atlético de Madrid em duas e, agora, o Submarino Amarelo). As três restantes ficaram com ingleses – Chelsea, duas vezes, e o próprio United.

Na próxima temporada, o Villarreal vai disputar a Champions League pela quarta vez na história. Semifinalista na temporada 2005-06, a equipe também terá a chance de mais uma conquista, na Supercopa Europeia. Ou seja, o futuro para os amarelos é tão empolgante quanto o presente vitorioso. Com um time aguerrido, organizado e determinado, Unai Emery tem motivos para sonhar alto.

E, vale lembrar: o campeão da Liga Europa é cabeça de chave na Champions. Portanto, fica mais plausível projetar um avanço na fase de grupos. De qualquer forma, a história já está feita. Resta aos torcedores comemorarem o fim da seca de quase um século. O Villarreal é campeão europeu! Honra difícil e perseguida por dezenas de grandes equipes europeias, mas que nunca tiveram a chance de sentir este gostinho.