Ponto final na melancólica temporada da Fiorentina

Acabou! Para alívio de sua torcida, enfim, foi colocado um ponto final na pior temporada da Fiorentina em duas décadas. Somente 40 pontos na tabela, 59 gols sofridos e a melancólica 14ª colocação na Serie A – que pode virar 15ª se o Spezia ganhar, hoje (23), da Roma. Como ato final desta jornada tortuosa, a Viola ficou somente no empate por 0 a 0 com o já rebaixado Crotone, em um duelo com cara de treino.

Descompromissada em campo neste sábado (22), a equipe certamente já pensava no futuro, que se inicia agora. No caminho, decisões importantes para serem tomadas – e aguardadas. Serão cerca de dois meses para que o presidente Rocco Commisso e sua diretoria reiniciem a Fiorentina. Quase tudo do zero. Um novo técnico, novas opções para o elenco e alguns contratos a serem renovados. Na sequência, elenquei as principais perguntas ainda sem respostas, neste momento, pelos lados do Artemio Franchi.

O retrato da temporada

Antes, porém, vale o registo. Diante do já rebaixado Crotone, na casa do rival, a Fiorentina só não perdeu graças a boa atuação do goleiro Terracciano – e com a ajuda da trave. É verdade que Giuseppe Iachini (completando seu 200º jogo em Serie A) precisou desmontar a defesa: sem Pezzella, Milenkovic e com Igor sem condições de atuar os 90 minutos, o treinador optou por Maxi Olivera no centro da zaga.

Ou seja, a Viola teve um lateral-direito de líbero. Diante dessa formação inédita, era evidente que a equipe sofreria com as investidas do Crotone. Como sofreu. O rival foi bem melhor na partida, mas o que chamou a atenção (negativamente) foi a inoperância do ataque roxo. Contra a pior defesa da Serie A – 92 gols sofridos – e diante de um time que sempre foi vazado nos jogos em 2021, a Fiorentina não finalizou uma vez sequer ao gol na 1ª etapa.

Sem ideias, Iachini, então, promoveu a entrada de alguns “fantasmas” durante o 2º tempo. Ou seja, jogadores pouco vistos durante a temporada – e que prometiam muito mais do que conseguiram, de fato, cumprir. São os casos de Callejón e Kokorin. O mesmo vale para Borja Valero, guardada as devidas proporções. No entanto, suas entradas serviram somente para escancarar a falta de opções no banco de reservas, além de monstrar que certos jogadores, como o jovem Montiel, simplesmente não conseguem ter espaço, sabe-se lá o porquê…

Sendo assim, mais que apenas algumas peças, a Fiorentina vai precisar reestruturar grande parte de seu plantel. A partir de hoje, dia 23 de maio, o duelo contra o Crotone já é página virada. O olhar, portanto, se desvia para o futuro. Há muito para ser feito.

As renovações

Tudo começa nas renovações de contrato. Antes de analisar o mercado, é preciso saber quem fica em Florença para a próxima temporada. Nesse contexto, Franck Ribéry – que fez seu 50º jogo em Serie A contra o Crotone – é um dos casos mais importantes. Isso porque, aos 38 anos, o francês tem contrato até o próximo dia 30 de junho. Apesar de já ter sinalizado a possibilidade de sair, Ribéry pouco falou sobre o assunto recentemente.

A decisão deve chegar nos próximos dias. Em primeiro lugar, o clube precisa entender se o veterano está confortável na Fiorentina. Se a resposta for positiva, a tendência é que se estabeleça um novo vínculo de uma temporada. Com dois gols e sete assistências na temporada, Ribéry demonstra declínio na parte física, mas ainda é importante. E será, principalmente, em um período de reconstrução – que deve ser a tônica no clube a partir de agora.

Outro que também intriga a torcida Viola quanto à renovação é Dusan Vlahovic. O homem de 21 gols na temporada é, aparentemente, uma das prioridades do presidente Commisso. O sérvio tem contrato até 2023, mas chamou a atenção do mercado em 2021. Como a Fiorentina não renovou seu contrato antes, acabou perdendo a chance fazer um negócio mais conveniente. Agora, se quiser manter o jogador por mais um ano, vai precisar ceder em diversos termos. Se o acordo não for feito, então, o clube certamente vai vender Vlahovic nesta janela já, para não haver desvalorização no ano que vem.

Por fim, Cáceres e Borja Valero também tem contratos se encerrando no próximo mês. O uruguaio deve conversar sobre uma renovação – apesar de ter interesse do Internacional de Porto Alegre. Já o futuro do espanhol permanece como incógnita.

O novo técnico

Essa, certamente, é a discussão mais acalorada na cidade de Florença e entre torcedores da Fiorentina. Quem será o novo comandante da equipe? Há algumas semanas, Rino Gattuso, atualmente no Napoli, era a primeira – e mais viável – opção. No entanto, o contato esfriou após uma possível investida da Juventus no treinador. No momento, a distância entre Gattuso e a Viola permanece grande.

Com isso, o nome do momento é outro: Paulo Fonseca, que deixa a Roma já neste mês, após o fim da temporada. Aparentemente as conversas iniciais agradaram, e o português se tornou o foco central. Contudo, isso parece mudar a cada par de dias. Rocco Commisso ainda não tem uma resposta, diferentemente do que falou em sua polêmica entrevista recente. Mesmo com o fim da temporada, essa questão do técnico ainda está longe de ser resolvida.

No radar, além desses dois nomes. Desde a utopia em Maurizio Sarri à improbabilidade em Abel Ferreira, do Palmeiras. Resumindo, são vários nomes e de todos os tipos. Ou seja, a Fiorentina segue nesse curso – sem GPS – de tentar encontrar um novo treinador para o lugar de Iachini. Veremos o que vem por aí…

Alguns de saída

Se alguns jogadores são prioridades de renovação, outros, porém, devem acabar indo embora. São os casos de Malcuit, Barreca, Maxi Olivera e, por que não, de Eysseric. Os dois primeiros certamente vão voltar aos seus times após empréstimos para lá de fracassados. Malcuit chegou em janeiro, para suprir a saída de Lirola. Jogou algumas partidas sob comando de Prandelli, mas foi muito mal e, então, desapareceu.

Já Barreca, aterrisou em Florença no início da temporada. Aparentemente para turistar. O lateral-esquerdo atuou em apenas quatro dos 42 jogos da Viola, além de tirar diveras fotografias em pontos turísticos da cidade. E detalhe: Barreca atua em uma posição carente da Fiorentina. Quando Biraghi esteve mal, Cáceres, Venuti e até mesmo o zagueiro Igor passaram à frente de Barreca. Uma verdadeira piada, e que deixou todos pasmos com a incompetência no mercado por parte da diretoria.

Além deles, Maxi Olivera, que voltou de empréstimo e nem estava nos planos, também deve seguir outro rumo na carreira. O único que, talvez, fuja de um novo destino é Eysseric. O francês, certamente, foi o “menos pior” desse quarteto. Além de atuar mais, deixou dois golzinhos na temporada. Portanto, ainda não se sabe se o meia-atacante permanecerá em Firenze.

Semanas importantes..

Resta, agora, aguardar. Dito tudo isso, é também importante ficar de olho no destino de Daniele Pradè, o diretor de futebol da Fiorentina. Provavelmente o dirigente permanecerá ao lado de Rocco Commisso – para desespero de grande parte da torcida. Pradè é alvo de duras críticas, justamente pelos recentes mercados ruins da Viola. Caso tenha mais ua chance, ele está proibido, pelos fãs em Florença, de falhar.

Em breve teremos as respostas (ou parte delas) para as perguntas acima. Somente com tudo isso resolvido é que a equipe pode se dirigir ao mercado com mais certezas do que dúvidas. Antes de definir um treinador e renovar com quem é necessário, é praticamente impossível traçar um plano.

Por fim, existem ainda as vendas. Milenkovic deve ser negociado, o que aumentará o caixa do clube (lembrando que ainda há dinheiro de Federico Chiesa para cair na conta. Outro que tem futuro indefinido é o capitão Pezzella: abaixo da crítica nesta temporada, o argentino pode acabar deixando a Viola.

Ou seja, são muitas questões ainda em aberto. Possivelmente estamos diante da maior reformulção da Fiorentina nos últimos anos. Era preciso. Afinal, 40 pontos em uma campeonato com 38 rodadas não deve ser motivo de orgulho para ninguém.