Após os anúncios de Crystal Palace e West Bromwich confirmando a saída de seus técnicos, foi a vez do Wolverhampton divulgar o fim do ciclo de seu treinador. Dessa forma, os Wolves anunciaram a saída do técnico Nuno Espírito Santo do clube inglês após 4 temporadas. O português foi muito bem sucedido em sua passagem pela equipe britânica. Entretanto, o ano abaixo do time na Premier League fez com que os britânicos achassem que o técnico português tenha atingido o limite de onde pode chegar com o elenco.
After four seasons at the club, this Sunday will be Nuno Espirito Santo’s final game in charge of Wolves.
Thank you, Nuno.
🐺
— Wolves (@Wolves) May 21, 2021
A “Era Nuno Espírito Santo” nos Wolves
Nuno desembarcou na Inglaterra em agosto de 2017. A saber, o clube estava na Championship, preparado para disputar a competição na temporada 2017/18. Além disso, os Wolves tinham em mente um grande planejamento para chegar na Premier League, com uma ajuda portuguesa de Jorge Mendes. O empresário agencia a carreira de vários jogadores compatriotas, e inclusive, do próprio técnico. Dessa forma, vários atletas ao longo dos anos desembarcaram no Molineux Stadium.
Alguns atletas que chegaram para a disputa da Championship pelos Wolves foram: Diogo Jota, hoje no Liverpool, Ruben Vinagre, Willy Boly e o brasileiro Léo Bonatini. Além disso, Ruben Neves também foi outro português que desembarcou na Inglaterra, vindo do Porto. Talvez seja o jogador mais representativo dessa era de Nuno Espírito Santo no clube. E assim, a temporada 2017/18 do Wolverhampton foi um sucesso.
O clube sobrou na Championship e o maior objetivo foi alcançado: chegar na Premier League. Os Wolves conquistaram o título da segunda divisão inglesa com uma grande campanha. A equipe chegou aos 99 pontos em 46 partidas, com 30 vitórias, 9 empates e 7 derrotas. Além disso, o Wolverhampton abriu 9 pontos de vantagem na liderança, e teve o melhor ataque da competição, com 82 gols.
A primeira temporada na Premier League
Com o objetivo de chegar na primeira divisão alcançado, os Wolves continuaram investindo. Para a temporada 2018/19, novos reforços chegaram, inclusive agenciados por Jorge Mendes. Nomes como Rui Patrício, João Moutinho foram os portugueses que desembarcaram na Inglaterra. Além disso, outras duas peças foram adicionadas no elenco, e fizeram uma parceira que deu muito certo. São eles: Raúl Jiménez e Adama Traore.
Dessa forma, para conseguir montar um time competitivo, Nuno Espírito Santo formou um 3-4-3 muito forte. Defensivamente, uma linha de 5 era montada, com Boly, Saiss e Coady como zagueiros. Ainda, dois alas de muito apoio à frente montavam essa linha: Doherty e Jonny. Por outro lado, na fase ofensiva, estes dois últimos formavam uma linha de 4 no meio com Moutinho e Neves, para apoiar o ataque. Enfim, Helder Costa, ou Adama Traore jogavam, para completar o trio de ataque com Raúl Jiménez e Diogo Jota.
Assim, o esquema de jogo, junto com uma proposta de transição rápida e vários jogadores atacando ao mesmo tempo, deu muito certo e incomodou os gigantes. Os Wolves terminaram a competição no 7º lugar com 57 pontos, sendo a primeira equipe na tabela fora do “Big Six”. Este grupo inclusive que sofreu quando enfrentaram o Wolverhampton. Destes clubes, o time comandado por Nuno apenas não triunfou sobre Manchester City e Liverpool, campeão e vice da temporada em questão. Por fim, com a colocação na tabela, o clube se classificou para a UEFA Europa League. Dessa forma, a equipe voltou há uma competição europeia após 39 anos de ausência.
Além disso, a equipe chegou às semifinais da Copa da Inglaterra naquela temporada, mas acabou sendo derrotada pelo Watford. Enfim, sobre destaque individual, o mexicano Rául Jiménez terminou com 17 gols e foi a peça-chave de Nuno neste esquema.
Terceira temporada de Nuno nos Wolves: competição europeia e frustração inicial
Com o sucesso na temporada anterior, os Wolves fizeram uma grande manutenção de seu elenco para a 2019/20. A saber, o clube voltava a uma competição europeia, e reforçou o plantel para suportar a maratona de jogos. Outros dois jogadores agenciados de Jorge Mendes chegaram na equipe: Pedro Neto e Daniel Podence. Além disso, o zagueiro belga Dendoncker foi contratado em definitivo.
Com o mesmo esquema de jogo, Adama Traoré e Raúl Jiménez fizeram grande parceria. Dessa forma, o espanhol marcou 6 gols, mas distribuiu 9 assistências na temporada. Por outro lado, o atacante mexicano novamente se definiu como o artilheiro do elenco, com 27 tentos. Entretanto, a equipe não conseguiu chegar longe da maneira como queria na temporada. Na Premier League, os Wolves novamente terminaram no 7º lugar, mas à frente do Arsenal, que conquistou a F.A Cup. Com isso, os Gunners se classificaram para a UEFA Europa League, deixando o Wolverhampton pelo caminho.
Já na competição europeia, o Wolverhampton chegou até às quartas de final, com uma boa campanha. Porém, com a pandemia da COVID-19, a UEFA Europa League foi disputada em mata-mata com jogo único em Frankfurt. Os Wolves alcançaram às quartas de final, quando perderam pelo campeão Sevilla por 0 x 1, dando adeus a competição.
2020/21: a temporada abaixo e o fim do ciclo de Nuno Espírito Santo
Por fim, a temporada 2020/21 sem dúvidas é a pior do Wolverhampton nos últimos anos. Porém, a equipe se modificou bastante no decorrer deste ano. Primeiramente, dois jogadores importantes e titulares deixaram o clube: Matt Doherty e Diogo Jota. Dessa forma, Nuno Espírito Santo teve que achar novas opções para suprir essas perdas.
Além disso, as lesões prejudicaram muito a equipe, sobretudo de seu principal jogador. Em partida no primeiro turno contra o Arsenal, Raúl Jiménez teve uma grave lesão na cabeça, que o tirou de toda a temporada. Enfim, o último fator que explica o desempenho abaixo dos Wolves foram as contratações que não tiveram sucesso. Nelson Semedo e Willian José chegaram de Barcelona e Real Sociedad respectivamente, mas não apresentaram o bom futebol de anos anteriores, bem como peças que já estavam no elenco, no caso de Adama Traoré.
Até aqui, a temporada do Wolverhampton é de 12 vitórias, 9 empates e 16 derrotas. É o maior número de reveses da equipe desde que retornou a Premier League. Isso talvez explique a mediana 12ª posição com apenas 45 pontos do clube na competição, muito abaixo do que a equipe almeja. Enfim, apesar o trabalho ter sido ótimo, Nuno Espírito Santo parece ter atingindo o mais alto de onde pode chegar com os Wolves.
O legado que Nuno deixa nos Wolves
Mesmo com o final de temporada não sendo o que clube e técnico gostariam, sem dúvidas Nuno Espírito Santo deixa seu legado na história dos Wolves. O português é o responsável por tirar a equipe de anos na segunda divisão inglesa, para retornar a Premier League. E não apenas isso. Também foi capaz de montar equipes competitivas para que não só se mantivesse na primeira divisão, mas como levasse perigo aos grandes, chegando em competições europeias.
Nuno realizou 198 jogos pelo Wolverhampton, com 96 vitórias, 46 empates e 56 derrotas. Curiosamente, o português deixará o time em sua partida 199, faltando apenas um jogo para que chegasse aos 200 jogos pelo clube. Enfim, o luso se despede do Molineux Stadium no próximo domingo (23), contra o Manchester United pela 38ª e última rodada da Premier League. O estádio poderá receber torcedores, nada mais justo para uma despedida tão digna.
💬 “Sunday will be a very emotional day, but I am so happy that the fans will be back in Molineux and we can share one last special moment together, as one pack.”#ThankYouNuno pic.twitter.com/YYUbZtYsnC
— Wolves (@Wolves) May 21, 2021
Os próximos passos
Ao que tudo indica, o Wolverhampton continuará seguindo pela linha de trabalhos portugueses no clube. Alguns nomes de treinadores portugueses são especulados, como Bruno Lage e Sérgio Conceição. O primeiro está sem clube, e é agenciado pelo mesmo Jorge Mendes. O segundo está empregado no Porto, mas não se tem certeza se ele permanece nos Dragões.