Juve frustra Atalanta e é campeã da Coppa Italia

A Juventus é campeã da Coppa Italia! Na final disputada nesta quarta-feira (19), no Estádio Mapei, a Juve bateu a Atalanta por 2 a 1 e frustrou o sonho da rival em conquistar um título importante após 58 anos. Os gols que valeram o troféu foram marcados por Kulusevski e Chiesa. Pela Dea, Malinovskyi balançou as redes. Esta foi a 14ª conquista da Vecchia Signora, que aumentou a distância para a segunda maior campeã da Coppa Italia, a Roma, com nove titúlos.

Já para o treinador Andrea Pirlo, a vitória na decisão significa, ao menos, um final de temporada menos frustrante em Turim. Isso porque os bianconeri perderam o Scudetto e correm grandes riscos de ficarem sem vaga na próxima Champions League. Apesar disso, o ex-jogador pode celebrar por se tornar o quarto na história da Juventus a vencer a Coppa como atleta e técnico. Luis Monti, Carlo Parola e Dino Zoff completam essa lista.

Homem do jogo

Um gol e uma assistência. Foi assim que Dejan Kulusevski se tornou o “herói improvável” da Juve contra a Atalanta, seu clube de juventude. Ou seja, lei do ex ativada para o sueco de apenas de 21 anos, que se tornou o mais jovem a marcar em uma decisão de Coppa Italia desde Ezequiel Muñoz, aos 20 anos – com o Palermo, contra o Inter, em 2011.

Kulusevski abriu o placar aos 31 minutos. Após uma jogada confusa dentro da área, Cristiano Ronaldo caiu, e a defesa da Atalanta congelou por um segundo. Tempo suficiente para Weston McKennie tocar para o sueco chapar de canhota. A bola fez a curva, saiu do raio de ação do arqueiro Pierluigi Golini e entrou macia no canto. Dessa forma, a Juventus saiu na frente mesmo com a adversária melhor no jogo até aquele momento.

O empate da Atalanta veio ainda no 1º tempo, após uma bola recuperada no campo de ataque – um dos poucos erros da Juve no jogo. Hans Hateboer cruzou rasteiro e Ruslan Malinovskyi fuzilou de canhota, superando o goleiro Gianluigi Buffon. Este foi o terceiro gol do ucraniano em quatro jogos contra a Vecchia Signora e o primeiro da Dea em final de Coppa Italia desde 1963 – ano em que se sagrou campeã.

O empate recompensou a boa atuação dos nerazzurri na metade inicial do jogo. No entanto, o desempenho sólido não se repetiu na etapa final. Mais bem postada na defesa, a Juve quase não sofreu e soube a hora certa de atacar a Atalanta. Federico Chiesa, apagado na partida, acertou a trave na primeira, mas não perdoou na segunda. Tabela com Kulusevski, que deu passe preciso para o italiano marcar de canhota. Ele fez o gol… e foi imediatamente substituído. Daí em diante, a Dea se perdeu no jogo.

Atalanta valente

Apesar da queda de rendimento, a Atalanta jamais deixou de ser valente. Fato é que a equipe comandada por Gian Piero Gasperini deu azar no início do duelo. Mais ligada, a equipe teve duas ótimas chances antes dos dez minutos, mas não conseguiu converter. Primeiro, Palomino apareceu na área e completou cruzamento de Duván Zapata. Buffon, porém, fez uma excelente defesa e evitou o gol precoce. Depois, foi a vez do próprio Zapata girar em cima de Chiellini e bater de canhota na rede pelo lado de fora.

Ao longo do 1º tempo, Freuler ainda teve boa oportunidade, com chute cruzado de perna direita que passou ao lado da trave direita. Em resumo, um desempenho excelente da Atalanta na etapa inicial. Só que o gás parece ter acabado na metade final. O time perdeu um pouco da mobilidade, e as alterações não ajudaram muito – Muriel, Ilicic e Pasalic foram a campo na metade da etapa final.

Sem energias após o gol de Chiesa, a Dea não conseguiu ensaiar uma pressão. Sendo assim, o time perdeu a paciência com o jogo cadenciado da Juve e partiu para as faltas. Do banco de reservas, Rafael Tolói (que foi substituído por Djimsiti) acabou expulso pelo árbitro por reclamação. Com vontade, mas sem recursos, a Atalanta viu Davide Massa apitar o fim da partida. Fim do sonho. Mas que não diminui em nada os méritos da equipe de Bérgamo no jogo e no campeonato.

Pela segunda vez em três anos, a Dea bateu na trave na Coppa Italia. Paciência. Já classificada para a próxima Champions – pela terceira temporada seguida – resta aos jogadores e técnico erguer a cabeça e se manter no projeto (de muito sucesso) no qual o clube está envolvido há alguns anos.

Polêmicas de arbitragem

Embora o duelo entre Juve e Atalanta tenha sido animado, a arbitragem não escapou das críticas – principalmente do lado atalantino. A torcida da Dea reclama de falta na origem do primeiro gol dos bianconeri. De fato, há um contato duro entre Cuadrado e Gosens, no qual o colombiano pisa no pé direito do rival. Possível falta não marcada por Davide Massa e sequer revista pelo VAR.

Além deste lance, também há reclamação por um pênalti não marcado em cima de Pessina quando o placar ainda estava zerado. O meio-campista da Atalanta recebeu na área e deixou o corpo para levar o tranco. Ele acabou caindo, mas não convenceu o árbitro com seus protestos. No mais, o jogo foi bastante pegado e, portanto, exigente para o juiz. Ao todo, Massa marcou 32 faltas e distriubuiu sete cartões amarelos – além do vermelho para Tolói, que reclamou no banco de reservas.

O adeus de Buffon

“O final perfeito”. A taça da Coppa Italia foi um bom presente de despedida para Gianluigi Buffon. O veterano (e histórico) goleiro da Juve igualou Roberto Mancini como maior vencedor da história do torneio: seis conquistas – uma pelo Parma e cinco com a Vecchia Signora. Aos 43 anos, Buffon anunciou que não ficará em Turim para a próxima temporada. No entanto, o italiano não confirmou sua aposentaria dos gramados.

Após o jogo, e a conquista, a emoção tomou conta do goleiro e seus companheiros. Buffon abraçou efusivamente Chiellini e Bonucci, também veteranos e seus colegas na Juve e seleção italiana. O camisa 77 ainda foi jogado para cima pelos demais atletas da equipe antes de erguer seu troféu derradeiro representando o clube bianconero. Federico Chiesa, autor do segundo gol, ainda dedicou a taça ao goleiro, a quem chamou de “lenda”.

Ao todo, Buffon entrou em campo com a camisa da Juventus em 685 oportunidades. Em 19 temporadas com o clube, conquistou dez Scudettos, cinco Coppas Italia e seis Supercoppas Italianas.

14 vezes Juventus

A vitória e, consequentemente, título em cima da Atalanta simboliza um consolo para a Juve. Mesmo em uma temporada conturbada, com direito à quebra da sequência de nove conquistas nacionais, além de fiasco na Champions, a Vecchia Signora “deu um jeito” de levantar uma taça. No entanto, o feito não deve ser suficiente para a manutenção de Andrea Pirlo no comando da equipe.

O próprio talvez saiba disso, o que explica sua efusiva comemoração após o apito final. A alegria de uma despedida. Este título não era o que de maior a Juventus podia vislumbrar – diferentemente da Atalanta – mas foi simbólico. Pela campanha ruim nos outros campeonatos, pela despedida de Buffon e pelos possíveis adeus de Pirlo e Cristiano Ronaldo. Apagado em campo durante os 90 minutos, o português também não chamou a atenção nas celebrações.

Já para os mais jovens, a conquista tem um sabor mais especial. Kulusevski e Chiesa, autores dos gols do título, estão em suas primeiras temporadas em Turim. Eles não viveram nada diferente para comparar. Sendo assim, como explicar que tal troféu “não vale tanto assim”? Ele vale. Principalmente para aqueles que se dedicaram dentro das quatro linhas. Não é o caso de Andrea Agnelli.

Na arquibancada, o presidente da Juve reclamou, ficou de pé e comemorou horrores após o fim do jogo. O mesmo que há algum tempo desdenhou da presença da Atalanta na Champions League: “um time sem história internacional”, segundo ele. Nesta quarta, porém, ele não se importou em vibrar bastante diante de uma vitória de seu time contra a própria Dea. E agora, no próximo fim de semana, ele possivelmente testemunhará o rival de Bérgamo na Champions… e ele do lado de fora – sem Superliga para pedir arrego.