Após a frustração do vice em 2016, dentro de casa, a Seleção da França chega para a Euro 2020 – a ser disputada em 2021 – como uma das grandes favoritas e com algumas novidades interessantes. A maior delas sendo o retorno de Karim Benzema, distante da equipe desde 2015 por alegações de envolvimento em um caso de chantagem e extorsão contra Mathieu Valbuena.
Les 2️⃣6️⃣ Bleus qui partiront sur les routes de l’Europe ! 🇫🇷 #FiersdetreBleus pic.twitter.com/HfochGPPen
— Equipe de France ⭐⭐ (@equipedefrance) May 18, 2021
Vamos descobrir em breve qual será o clima no vestiário dos Bleus, mas não se questiona a contribuição que o atacante pode oferecer. Ainda mais se considerarmos o sistema utilizado por Didier Deschamps, que baseia muito do seu jogo no papel de referência de um camisa 9. Essa peça vinha sendo Olivier Giroud, que apesar de contar com alguns críticos corresponde à missão e de fato mostra um bom desempenho.
O jogador do Chelsea pode não ter feito gols na Copa de 2018, mas suas características foram fundamentais para o funcionamento coletivo e para o título histórico. Seu pivô de alto nível – unido com estatura e força – fazia com que seus companheiros tivessem nele um desafogo fácil e eficiente. Dos seus pés saiam passes em profundidade para a aceleração devastadora de Kylian Mbappé, a movimentação de segundo atacante feita por Antoine Griezmann e pontualmente as subidas de Paul Pogba. Um facilitador que normalmente não recebe os créditos que merece.
Ele é um ídolo nacional e seguirá importante para o grupo, seja dentro de campo ou como influência positiva nos bastidores. Mas Benzema simplesmente leva esses atributos a um novo patamar. Ele é capaz de fazer o que Giroud faz com ainda mais qualidade e seu repertório é diferenciado. Além disso, a movimentação dentro da área também é melhor e não por acaso marcou 29 gols nesta temporada, muitos deles decisivos. E deu 8 assistências.
🎙 Didier Deschamps:
“Karim Benzema não vem para ficar no banco.” pic.twitter.com/zH05wixxDl
— Real Madrid Brasil (@RealBrasil_BR) May 18, 2021
Podemos imaginar uma dupla sensacional se formando com Mbappé, que está com 43 gols e 12 assistências na campanha. O jovem do PSG dispensa comentários e certamente está empolgado imaginando as formas que Karim pode elevar o seu jogo. Passes em profundidade, tabelas na entrada da área, um abrindo espaço para o outro… Entrosamento sempre é importante e precisamos esperar para ver tudo isso na prática, mas craques costumam se entender naturalmente e nesse caso os perfis são complementares. Talvez seja o início de uma parceria que tenha continuidade na Espanha, inclusive.
Assim como a relação com Griezmann, que depois de um início conturbado conseguiu evoluir pelo Barcelona e tem no momento 22 gols e 12 assistências. Pela Seleção, ele sempre foi bem utilizado e teve seus pontos fortes potencializados, principalmente destacando a movimentação por trás do atacante (que fica de costas) para enfrentar a defesa de frente e finalizar ou dar algum passe incisivo. Teve uma participação excelente na Rússia e parece se sentir mais confortável defendendo o seu país do que o clube.
KB x KM 🔥🔥🔥🔥🔥🔥🔥🔥🔥 pic.twitter.com/72smmr87f2
— Kylian Mbappé (@KMbappe) May 18, 2021
Benzema tem visão, técnica e sabedoria para conectar o setor ofensivo como poucos no planeta atualmente – da posição, provavelmente o único que se compara é Harry Kane, do Tottenham – e tem o ‘plus’ de ser um finalizador de elite. Consegue chutar com perigo de uma enorme quantidade de ângulos, distâncias e maneiras. Por baixo, por cima, colocada, com força, de cabeça, de voleio, de letra… as possibilidades são diversas e tendem a fazer da equipe uma verdadeira dor de cabeça para a marcação. Como se já não fosse, né? Só que tudo pode melhorar.
Esse trio somou 94 gols e 32 assistências em 153 jogos em 2020/21 e, com uma base extremamente sólida – e vencedora – por trás, tem todas as condições para fazer bonito na Euro. Não dá pra garantir o título em um torneio com Inglaterra, Bélgica, Portugal e Alemanha – esses dois últimos sendo oponentes na fase de grupos, inclusive -, mas a França já era o time a ser batido e agora com Benzema a missão pode ficar ainda mais complicada.