Nove vezes Bayern de Munique

No último domingo (9), o Bayern de Munique confirmou o seu nono título seguido da Bundesliga, o que é um recorde na Alemanha e na Europa. Com duas rodadas de antecedência, a conquista, dessa vez, veio minutos antes do time entrar em campo na rodada, após a derrota do RB Leipzig para o Borussia Dortmund.

E apesar de ser “apenas mais uma taça” para o gigante da Baviera, toda conquista tem suas características e particularidades, as quais pretendemos abordá-las aqui.

 

LEWANDOWSKI

O fator Lewandowski não é exclusividade desta temporada, mas, por mais que sempre mantenha o alto nível, o polonês sempre encontra um jeito de se superar. Foi eleito o Melhor do Mundo pela FIFA na temporada passada e se mantém na briga para ser reeleito esse ano. 

Além disso, na atual Bundesliga é o maior artilheiro isolado com 39 gols e, até o fim da competição, pode bater o recorde de maior artilheiro em uma única edição do Campeonato Alemão. O detentor de tal feito, por ora, é o lendário Gerd Müller com 40 gols, portanto, Lewa ainda tem mais duas rodadas para igualar ou ultrapassar o alemão. Vale lembrar que o polonês se machucou recentemente e ficou fora por um período considerável (um mês), o que só torna seu atual marco ainda mais impressionante, pois chegou a esse número de gols em apenas 27 jogos.

ATAQUE TOTAL

O Bayern de Munique da temporada 20/21 é, claramente, mais frágil defensivamente do que nos últimos anos. Apesar de serem as mesmas peças na defesa, os adversários conseguiram explorar mais a linha alta de defesa do time bávaro e, em alguns casos, superar a marcação-pressão do Bayern e encontrar espaços na zona ofensiva. Além disso, algumas lesões na durante a temporada, ajudaram a tornar essa defesa mais frágil. Kimmich, Boateng e Pavard foram alguns nomes que desfalcaram a equipe por períodos consideráveis devido a lesões.

Até agora, a equipe sofreu 40 gols em 32 jogos. Não são números assustadores, porém, tratando-se do Bayern é algo incomum, visto que a última vez em que o time sofreu esse número de gols foi na temporada 10/11, quando ficou em terceiro lugar.

No entanto, apesar de sofrer uma quantidade considerável de gols, seu ataque na maioria das vezes é recompensador. Comandada pela estrela, Lewandowski, a equipe marcou 92 vezes na atual edição da Bundesliga, gerando um saldo de 52 gols e uma média de 2,8 gols por jogo. Até mesmo no período em que Lewa esteve lesionado, o ataque não deixou de marcar. Com uma eficiência menor, mas quase sempre vencendo seus jogos por mais de um gol de diferença.

E foi assim que os bávaros rumaram para a conquista da atual competição. A rodada que coroou o título reflete bem o que foi o ataque do time nesta temporada. Um 6 a 0 contundente sobre o Gladbach, com três gols de seu principal jogador e outras peças do setor deixando suas marcas, como Müller, Sané e Coman.

COLETIVO PRIMORDIAL

Douglas Costa, Sané, Roca e Nubel foram alguns dos nomes que chegaram para reforçar o Bayern no início da temporada, porém, cada um com seus motivos específicos, nenhum deles se destacou e/ou convenceu durante os jogos. Sané foi o que teve mais minutos e até se tornou titular em alguns momentos, porém, não fez atuações que justificassem a sua chegada e foi mantido muito por conta das diversas lesões de outros jogadores em seu setor. 

Além dessas decepções, o Bayern sofreu muito com as lesões ao decorrer da temporada. Defensores citados anteriormente como Boateng e Pavard, peças ofensivas como Gnabry, Coman e Lewandowski e peças do meio campo como Kimmich e Goretzka foram alguns nomes que passaram um tempo considerável no departamento médico essa temporada. E, em meio a tudo isso, o COVID-19 também foi responsável por algumas ausências, como a de Müller.

E, apesar disso, o time de Hansi-Flick não teve seu primeiro lugar, de fato, ameaçado em momento algum desde que assumiu a ponta. Tal acontecimento deve-se muito por conta do bom trabalho do técnico e da profundidade do elenco, porque mesmo sem as principais peças em alguns momentos da temporada, a equipe manteve-se firme na ponta sem deixar que os adversários vislumbrassem uma disputa pelo título.

Vale lembrar que essa é uma ótima característica desse Bayern de Munique. Mesmo não tendo uma peça ou outra, o coletivo brilha mais do que qualquer destaque individual. Até quando Lewandowski e Kimmich se lesionaram (em momentos diferentes), o time não tomou conhecimento dos rivais na Bundesliga e rumou para o título. 

O QUE ESPERAR NA TEMPORADA 21/22?

A temporada 21/22 será diferente em diversos aspectos para os bávaros e requererá muita paciência e adaptação, visto que ocorrerá uma troca no comando com a saída de Flick e chegada de Nagelsmann. Ademais, algumas peças históricas desse elenco irão se despedir, como Alaba e Boateng, e outros nomes virão para reforçar, como o Upamecano. Acrescentando-se a isso, será necessário realizar um trabalho de recuperação em algumas peças citadas anteriormente e que não aconteceram para o Bayern ainda.

Portanto, o jovem técnico alemão enfrentará o maior desafio de sua carreira na temporada que vem. Além de ter que encarar esse período de adaptação, no elenco e no comando, é sempre necessário buscar renovar a motivação de um time tão vencedor como o do Bayern de Munique. Vale lembrar que ninguém nunca venceu dez ligas nacionais seguidas em toda a Europa e este pode ser um fator para o time bávaro se apoiar na próxima temporada.

Além dos reforços, Nagelsmann pode e deve se aproveitar de algumas surpresas e destaques positivos desta época europeia. Lucas Hernández, após uma temporada de estreia abaixo do esperado, voltou a jogar bem e justificar a sua contratação. Pode se tornar uma peça valiosa para o técnico já que Alaba deixará um espaço e pelo fator de se adaptar facilmente ao sistema com três zagueiros – preferido por Nagelsmann – visto que o francês faz essa função, além de ser lateral também. Jamal Musiala, de apenas 18 anos, é outro jogador que mostrou uma evolução incrível e já pede espaço na equipe principal. O meia atacante alemão aproveitou-se dos espaços deixados nas pontas por conta das lesões e das oscilações dos principais jogadores e fez uma reta final de temporada acima do esperado.

Enfim, Nagelsmann enfrentará algumas adversidades e terá que provar que foi o nome certo escolhido para comandar o time. Entretanto, também terá alguns aspectos positivos e que podem ajudar para que o jovem técnico desenvolva seu trabalho de maneira mais tranquila e rápida. 

E, independente de tudo, é difícil enxergar um Bayern de Munique que não seja competitivo na próxima temporada, seja na Alemanha ou na Europa, pois, como foi dito antes, o coletivo é o principal brilho da equipe e a espinha dorsal do time será mantida.

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