Vlahovic resolve (de novo), e Fiorentina respira

O que é preciso para vencer um jogo? E para se livrar do rebaixamento? No caso da Fiorentina, ambas as respostas podem ser: Dusan Vlahovic. Na tarde do sábado (8), a Viola recebeu a Lazio, no Estádio Artemio Franchi, pela 35ª rodada da Serie A, e venceu por 2 a 0 – ambos os gols foram marcados pelo jovem atacante sérvio.

Com o triunfo, a equipe comandada por Giuseppe Iachini chegou aos 38 pontos na tabela. Ou seja, sete à frente do Benevento, que perdeu por 3 a 1 para o Cagliari neste domingo. Já Vlahovic atingiu a marca de 21 gols pela Fiorentina neste campeonato italiano – esta é apenas a 4ª vez na história que um jogador estrangeiro consegue ao menos 20 gols em uma só temporada no time violeta (Gabriel Batistuta, Kurt Hamrin e Pedro Petrone são os outros três).

Proposta reativa

Gostem ou não, a Fiorentina de Iachini encontrou uma maneira de atuar nas últimas rodadas. Com isso, o desempenho da equipe atingiu um nível um pouco mais regular. A proposta é clara: entregar a bola para o adversário, marcar em seu próprio campo recuperar a posse e sair rapidamente no contragolpe.

Na 1ª etapa diante da Lazio, o modelo de jogo reativo deu certo. Os visitantes ficaram presos na marcação com linha baixas do time roxo, que dificultava a objetividade na troca de passes da equipe romana. Sempre que a Viola roubava a bola, o time se descolocava com bastante dinamismo em direção à meta adversária. Foram, ao menos, três boas oportunidades de encaixar uma jogada letal.

Em uma delas, Franck Ribéry encontrou Jack Bonaventura sozinho dentro da área. No entanto, o italiano não conseguiu desviar de cabeça com precisão, e a bola passou ao lado da trave. Em outra, Vlahovic carregou a bola, mas tomou a decisão errada e matou o contra-ataque da Fiorentina.

Enfim, aos 32 minutos, o placar foi aberto. A partir de um lateral, Castrovilli conseguiu encontrar Biraghi, que se projetou em velocidade. O lateral recebeu e só precisou servir Vlahovic, quase dentro do gol de Pepe Reina. Uma grande jogada, realizada em pouquíssimos toques. Após uma sequência ruim de jogos, Biraghi, finalmente, teve uma atuação um pouco mais chamativa. A assistência para o primeiro gol foi a sua 23ª nas últimas cinco temporadas – um recorde entre defensores na Serie A.

A importância de Dragowski 

Ofensivamente, o plano de jogo da Fiorentina deu resultado. Isso porque, geralmente, era a Lazio quem ocupava o campo de ataque, então Ribéry, Castrovillli, Vlahovic e até mesmo o ala-direito Venuti podiam explorar com velocidade os espaços atrás da defesa adversária. Entre todo o setor ofensivo, Bonaventura foi o jogador mais discreto.

No entanto, lá atrás, as dificuldades voltaram a aparecer – talvez em uma frequência menor que em outros jogos. Ainda assim, Bartlomiej Dragowski salvou a Fiorentina. O goleirão polonês fez uma intervenção excelente, à queima-roupa quando o placar ainda apontava 0 a 0. Depois, ele realizou mais duas defesaças, que acabaram não entrando para as estátisticas, pois foram marcados impedimentos do ataque.

Contudo, ambos eram lances dificílimos. Se a bola tivesse entrado, certamente o VAR entraria em ação. Dragowski não deixou a Viola nem correr esse risco. De qualquer forma, houve uma leve evolução no sistema defensivo se comparado a semana passada, no empate por 3 a 3 com o Bologna. Nikola Milenkovic e Martín Cáceres inverteram de lado – com o uruguaio pela direita – e Germán Pezzella jogou um pouco melhor.

Contando com uma boa objetividade lá na frente e alguma segurança na retaguarda, a Fiorentina chegou ao intervalo com a vantagem. Este foi o quinto jogo seguido no qual a equipe desceu aos vestiários liderando o placar. Faltava, porém, assegurar a vitória – algo que não havia acontecido, nessas circunstâncias, em três das quatro partidas anteriores.

Vlahovic brilha de novo

Na 2ª etapa, o roteiro se modificou um pouco. Isso porque a Lazio investiu muito nas bolas alçadas diretamente na área da Fiorentina. Ou seja, menos troca de passes e mais cruzamentos. Dessa forma, a equipe visitante impediu que a Viola roubasse ou interceptasse os passes para sair no contra-ataque. No entanto, também não conseguiu assustar Dragowski com através dos levantamentos.

O que viu, também, foi um jogo muito físico. Falta duras, principalmente dos bianconeri, que resultaram em seis cartões amarelos para a equipe visitante – foram quatro para a equipe violeta. Nesse aspecto, Ribéry, esbanjando experiência, soube segurar a bola e matar o tempo. Por conta disso, acabou apanhando um pouco demais.

Só que aí, no finzinho do jogo, quando o 1 a 0 parecia intocável, Vlahovic apareceu novamente para saramentar o resultado a favor da Fiorentina. Durante o 2º tempo, tudo que o sérvio tinha conseguido era um chute forte de canhota, mas que foi no centro do gole parou em Pepe Reina. Enfim, aos 44 minutos, ele conseguiu marcar o segundo: de cabeça, tocou a bola no contrapé do goleiro laziale após escanteio batido por Erick Pulgar – terceira assistência do chileno na temporada.

Muita versatilidade e posicionamento preciso para Dusan Vlahovic. Ele chegou a 17 gols só em 2021 (ficando atrás apenas de Lewandowski e Messi na artilharia do ano). Contudo, se contarmos de abril para frente, o camisa 9 da Viola é o principal goleador entre as cinco prinipais ligas da Europa, com nove gols.

Jogando no limite

A Fiorentina não vencia a Lazio desde maio de 2017. Para quebrar a escrita, foi necessária grande aplicação tática e, acima de tudo, comprometimento. Dessa vez, o time não caiu fisicamente de produção na 2ª etapa e conseguiu segurar o resultado. Há de se ponderar, contudo, que a Lazio também atravessou uma jornada pouco inspirada – principalmente Ciro Immobile. Isso pouco importa para o torcedor de Firenze.

Em jogos anteriores, o time sequer era capaz de aproveitar um momento melhor no jogo. Aos poucos, o time evoluiu (principalmente na parte ofensiva) e vai trilhando um caminho seguro nesta reta final de temporada. Os dois gols de Vlahovic, aliás, representaram o 11º jogo seguido da Fiorentina balançando as redes. E, curiosamente, o time também interrompeu uma sequência de 11 partidas levando gols.

Tudo isso, graças à dedicação máxima. A Viola correu, lutou, acelerou quando preciso, cadenciou na hora da tensão… e comemorou (muito) no final. Novamente, a Fiorentina precisa se contentar com a fuga do rebaixamento. Certamente, não era o que os fãs esperavam por mais uma temporada, porém, diante das circunstâncias, Giuseppe Iachini salvou o clube mais uma vez da degola.

E ele fez isso armando uma equipe mais pragmática do que no ano passado. Os 29% de posse de bola contra a Lazio foram a segunda menor porcentagem do time nesta Serie A. As opções estão muito claras: fora de casa, entra Sofyan Amrabat no meio-campo para dar mais fisicalidade. Em casa, Gaetano Castrovilli é o escolhido para elevar o nível de criação. Além disso, com Iachini no comando, Pulgar também foi recuperado. E, claro, Vlahovic seguiu com sua sina de gols pela Fiorentina…

E agora?

Com um caminhão a menos nas costas, a Fiorentina viaja para a Sardenha onde disputa o que pode ser a decisão derradeira da temporada. Isso porque, contra o Cagliari, já na quarta-feira (12), a Viola tem chance de, matematicamente, confirmar a presença na Serie A da próxima temporada. Para isso, basta uma vitória – sendo que um empate também encaminha a permanência.

No caminho, ainda há Napoli e o lanterninha Crotone. Trata-se, portanto, de uma chance para a equipe terminar o campeonato em alta. Quem sabe, até com sete jogos sem derrota. Seria um final de jornada bem mais tranquilo do que qualquer um esperava. Depois disso, os olhares se voltam ao mercado da equipe. Vlahovic fica na Fiorentina? Milenkovic será, de fato, vendido? E Pezzella? Muitas perguntas, por enquanto, ainda sem respostas pelos lados do Artemio Franchi

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