O torcedor nerazzuro voltou a gritar é campeão ontem, domingo (02). Após vencer no sábado o lanterna Crotone por 2 a 0, com gols de Eriksen e Hakimi, a Inter ficou de camarote torcendo por um tropeço da Atalanta diante do Sassuolo, no Mapei Stadium; e ele veio. A esquadra de Bérgamo empatou por 1 a 1 com os neroverdi, e esse resultado garantiu matematicamente ao grupo treinado por Antonio Conte, o título italiano da temporada 2020/21; o 19º Scudetto da história do clube.
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O PROJETO
Puxando o histórico da conquista, vamos remeter ao passado, no já distante ano de 2016. Por que esse ano? Foi nele que a Suning assumiu o comando da Inter. O grupo chinês herdou a equipe de Erick Thohir. Era uma Inter um tanto quanto desorganizada e cheia de problemas financeiros. Os chineses varreram a casa, organizaram os móveis e deram início ao plano de volta “ao topo” da Inter de Milão.
Naquela temporada de estreia, ainda com vários desencontros esportivos, a equipe teve três técnicos diferentes. Foram eles: de Boer, Pioli e Vecchi. Os nerazzurri terminaram a temporada na sétima posição, a 29 pontos da campeã Juventus.
Na temporada seguinte, a Inter apostou na contratação de Luciano Spalletti, apoiado no seu currículo de conseguir com frequência, com as equipes em que trabalhou, a vaga na Champions League; o qual a sociedade considerava o primeiro passo para o crescimento. Dito e feito. Com sofrimento, tendo que vencer a Lazio de virada na última rodada, em Roma, por 3 a 2, os interistas alcançaram o objetivo: terminaram em quarto lugar, mas ainda sim com uma diferença enorme da campeã Juventus: 23 pontos distantes.
Na metade da temporada 2019/20, ainda sob comando de Luciano Spalletti, a diretoria resolveu apostar em Giuseppe Marotta para o cargo de diretor delegado. Logo ele que ajudou muito a colocar no topo a arquirrival Juventus. Muitos acreditam que essa chegada do diretor italiano foi à virada de chave para a Internazionale. Ele chegou e mudou à filosofia do clube. Ao final daquela temporada colocou nomes polêmicos fora da equipe como Mauro Icardi e Radja Nainggolan, por exemplo, na tentativa de sanar a “bagunça” do vestiário da Inter.
Mas dentro de campo, novo sofrimento para se qualificar para a Champions: quarta colocação novamente, vinda outra vez na última rodada, em vitória de virada por 2 a 1diante do Empoli, que acabou rebaixado naquela oportunidade. A Inter terminou com 21 pontos atrás da sempre campeã Juventus, a diferença para a liderança ainda era enorme.
Primeira temporada que se iniciava sob as rédeas de Marotta. Primeiro movimento? Troca de comando técnico: outra polêmica. Marotta buscou uma bandeira da Juventus, Antonio Conte, justamente o treinador que havia inclusive iniciado, em 2011/12, a hegemonia juventina na Itália. Na temporada de estreia os nerazzurri evoluíram muito e terminaram em segundo lugar no campeonato, reduzindo a diferença em relação à Juve (que novamente foi a campeã) para apenas um ponto.
Chegamos, enfim, na atual temporada. A Inter, já com as ideias de jogo de Antonio Conte bastante consolidadas, partiu como uma das favoritas para a conquista do título. A Juventus, porém, ainda estava na frente nas casas de aposta. Entretanto, a partir do segundo turno, a Inter decolou para não mais ser alcançada.
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O INÍCIO
Conte tentou mudar um pouco sua forma de jogar: pressão alta e inserção do trequartista no seu 3-5-2. A equipe titubeava na frente e não tinha equilíbrio atrás. Quando os adversários rompiam a primeira linha de marcação nerazzurra, sempre levavam perigo. Foi a partir do jogo do primeiro turno diante do Sassuolo, em vitória por 3 a 0, que Conte reviveu seu tradicional 3-5-2, com a defesa mais baixa e compacta, e explorando os contra-ataques. Com jogadores velozes no momento de repartir, como Hakimi, Barella, Lautaro e Lukaku, o movimento se mostrou bastante assertivo, e a Inter voou.
🎙 “Esta é uma das maiores conquistas da minha carreira. Estamos felizes pelos jogadores, pelas pessoas que levaram a Inter de volta ao topo, pelos torcedores. O passo que demos neste ano nos levou ao título. Agora, vamos aproveitar.”
Conte, professor, pai e campeão 🏆 pic.twitter.com/kkft818vcq
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A INVENCIBILIDADE
Após derrota por 2 a 1 no primeiro turno, fora de casa, diante da Sampdoria, a esquadra interista não mais perdeu. De lá pra cá foram 18 jogos, com 14 vitórias e quatro empates. A equipe anotou 34 gols e tomou apenas oito. Um recorte certamente histórico que fez com que, a quatro rodadas do fim da competição, a equipe fosse coroada campeã. Neste momento a Inter está 13 pontos à frente da segunda colocada Atalanta, com 12 pontos ainda em disputa.
RUMO AO TÍTULO
Uma grande equipe começa sempre de um ótimo sistema defensivo; e na Inter isso não é diferente. Liderada pelo trio de ferro composto por Škriniar, de Vrij e Bastoni, o capitão Handanovič e o restante da equipe tem a segurança necessária para impor seu jogo. A Inter tem a melhor defesa do campeonato, com 29 gols sofridos até o momento; 2 a menos que a Juventus que tem a segunda melhor retaguarda.
Os alas, neste esquema de Antonio Conte, são fundamentais, especialmente Hakimi, o marroquino que joga pelo lado direito. O ex-Borussia Dortmund coleciona sete gols e seis assistências nesta atual Serie A; vem tendo um impacto importante no campeonato italiano.
Do outro lado, Young iniciou como titular, mas a Inter equilibrou mesmo o setor quando Perišić se encontrou naquela posição e assumiu a titularidade. O croata garantiu força física e experiência ao grupo interista. Aqui vale ressaltar o desempenho do “jolly” Matteo Darmian, que sempre quando é necessária sua presença, oferece desempenho importante, em ambos os lados, inclusive anotando gols decisivos como nas duas vitórias por 1 a 0 diante do Cagliari e do Hellas Verona.
A trinca formada por Brozović, Barella e Eriksen, com o dinamarquês se inserindo muito bem a partir do segundo turno do campeonato, são os responsáveis pelo coração da esquadra. Eles ditam o ritmo do jogo da Inter, mesclando corrida, empenho, qualidade e técnica ao grupo nerazzurro.
E no ataque a dupla letal: Lukaku e Lautaro Martínez são os destaques absolutos da Inter. Lautaro com 15 gols e oito assistências e Lukaku com 21 gols e 10 assistências, empurram sempre o clube para as vitórias. Alexis Sánchez também é um pupilo do técnico, sempre entra com muita disposição e certamente é uma figuraimportante na conquista nerazzurra. O chileno, por exemplo, com a dobradinha diante do Parma, deu a vitória à Inter naquela oportunidade, por 2 a 1; triunfo importante na corrida rumo ao Scudetto.
Os nerazzurri agora aumentam sua sala de troféus, e passam a ser a equipe milanesa com maior número de conquistas de Scudetto: são 19, contra 18 do rival Milan.