Os números que explicam o provável título da Inter

A Inter de Milão ainda não sagrou-se campeã italiana, mas o título está próximo – 95% do Scudetto já foi garantido segundo o próprio treinador nerazzurro, Antonio Conte. Se vencer o lanterna da Serie A, Crotone, neste sábado (1), a Inter fica na dependência de uma derrota da Atalanta no domingo, contra o Sassuolo, para celebrar a conquista.

Se este cenário ocorrer no fim de semana, a equipe de Milão comemora o título a quatro rodadas do fim, empatando o desempenho da Juventus de 2014-15. No entanto, fica atrás da própria campanha da Inter, em 2006-07, quando Roberto Mancini e seus comandados venceram o campeonato com cinco jogos ainda por disputar.

Além disso, a conquista encerrará um jejum de 11 anos e, de quebra, interromperá a sequência de nove títulos nacionais da Vecchia Signora. O período sem um Scudetto ja é o terceiro mais longo da história da Inter. Isso porque o clube viveu secas de 13 anos, entre 1940 e 1953, e de 17 anos, mais recentemente, entre 1989 e 2006.

Com 79 pontos na tabela, a Internazionale é, neste momento, o melhor time entre as cinco principais ligas da Europa. Mas, afinal, o que permitiu aos nerazzurri fazer uma temporada tão dominate na Itália?

Crescimento na hora certa

Primeiramente, o provavél título da Inter se deve muito à constância e paciência do time. O começo de caminhada na Serie A reservou alguns tropeços. Mesmo assim, Antonio Conte e o elenco se mantiveram vivos na disputa a todo momento. A eliminação precoce na Champions League – em último no grupo B e sem conseguir vaga na Europa League – de certa forma “ajudou” o clube a definir sua prioridade.

Muito por conta disso, a Inter somente assumiu a dianteira da tabela na 22ª rodada (excluindo a 1ª rodada, quando o time nerazzurro venceu o Benevento por 5 a 2 e dormiu na liderança). Até então, o rival Milan era quem dominava o campeonato. No etanto, a equipe de Stéfano Pioli perdeu o gás. Seja por conta das limitações do elenco ou pelo calendário dividido com a Liga Europa, os rossoneros caíram de produção em um momento crucial da temporada: o segundo turno.

Já a Inter começou com tudo. O time emplacou uma sequência de 11 vitórias seguidas (entre a 20ª e 30ª rodada). Dessa forma, tomou à frente e ainda abrir vantagem. Na segunda metade do campeonato, a equipe comseguiu 38 de 42 pontos possíveis. Já o Milan, apenas 19. Contudo, o curioso é que mesmo sagrando-se campeã, a Inter terá menos dias na liderança do que o rival ao longo de todo o campeonato: 101 a 118. Então, é aquela velha história. O que importa é ser líder na 38ª rodada…

Forte em seus domínios

Outra explicação para a campanha implacável da Inter passa pelo desempenho quase perfeito em casa. Até agora, em 16 partidas no Estádio Giuseppe Meazza, são 14 vitórias, um empate e apenas uma derrota. Além disso, esses dois únicos tropeços aconteceram no início do torneio. Atualmente, a Inter detém a impressionante sequência de 13 triunfos seguidos dentro dos próprios domínios.

Essa marca iguala uma série dos próprios nerazzurri no ano de 2011. Para ultrapassá-la, basta vencer a Sampdoria, em San Siro, no dia 8 de maio. Resumindo, os 46 pontos obtidos pela Inter dentro de casa foram, obviamente, cruciais para a manutenção da constância. Principalmente se levarmos em consideração que o “fator torcida” não existe nesta temporada. Ainda assim, a equipe soube fazer valer o conhecimento dos atalhos do campo, especialmente no momento decisivo do campeonato.

Melhor defesa, 3º melhor ataque

O segredo de um time campeão é ter equilíbrio entre os dois setores do campo. Dificilmente uma equipe muito vazada conseguirá levar um título por pontos corridos. Da mesma forma, é preciso ter vocação ofensiva para facilitar os duelos contra adversários inferiores. O elenco da Inter proporciona tudo isso.

Antonio Conte soube armar esquemas diferentes, de acordo com a situação do jogo. Sendo assim, seu time consegue se adaptar a um contexto no qual precisa dominar a posse de bola ou entregá-la ao oponente. Não à toa, a Inter venceu 13 partidas com número de porcentagem inferior neste quesito. Da mesma forma, é também quem mais conseguiu pontos após começar perdendo os jogos: 16, empatado com o Sassuolo.

É portanto, um grupo de jogadores versátil, que se atua de acordo com as situações propostas e não desiste das partidas mesmo diante de adversidades. Características, essas, que foram incorporadas ao longo da temporada. A Inter não era esta equipe completa desde o início. Tampouco se mostrava confiável na defesa como agora. Com apenas 29 gols sofridos, é o time menos vazado da Serie A.

Já no ataque, a abundância de opções se traduz nos números. Lautauro Martínez e Lukaku conseguiram 15 gols ou mais nesta temporada (e contando). Os nerazzurri não tinham com uma dupla tão prolífica desde 1958-59, com Eddie Firmani e Antonio Angelilo. Além deles, outros sete jogadores marcaram mais de três vezes, um recorde nesta Serie A.

Ou seja, a Inter é uma verdadeira cooperativa de gols. Pode não ter o melhor ataque, mas porque dosa a intesidade nos jogos. Somado a isso, o nervosismo da reta final também interfere e, a partir daí, qualquer 1 a 0 já vira goleada. Aliás, quatro das últimas seis vitórias da Inter foram pelo placar mínimo.

Rotação do elenco

Por fim, a possibilidade de revezar jogadores é crucial para o sucesso de uma equipe. Isso, claro, desde que seja feito com inteligência. Evidentemente que a inexistência de um torneio europeu em paralelo à Serie A contribuiu para um melhor desempenho físico da Inter neste final de temporada. Mas não é só isso.

O elenco é muito forte. No total, 23 jogadores realizaram, ao menos quatro partidas nesta temporada. Já 16 deles entraram em campo vinte vezes ou mais. Uma verdadeira regaliza para Antonio Conte. Isso porque, poder contar com praticamente um time e meio “titular” é privilégio raro no futebol. Podendo revezar a equipe, somente o goleiro Handanovic acabou atuando em todos os 33 duelos até aqui.

E o goleiro esloveno merece destaque individual. Ele vem sendo um dos melhores da Serie A na posição e detém o recorde de cleen sheets (jogos sem ser vazado) no campeonato: 10. Entre as cinco ligas, somente o Chelsea, na Premier League, teve desempenho defensivo melhor, com 11 partidas na conta sem sofrer gols. Além do arqueiro, também vale mencionar o zagueiro Bastoni, presente em 29 partidas, sempre como titular.

Campanha histórica?

Melhor defesa, ataque eficiente e versátil, um goleiro confiável e diversas propostas de jogo. Diante de todos esses fatores, a Inter está onde está. Os desempenho da equipe de Antonio Conte até o momento já garantiu a oitava temporada na história do clube ultrapassando a marca de 78 pontos.

Se vencer todos os cinco duelos restantes, o time chega à marca de 94 pontos. O que seria, portanto, a segunda melhor pontuação do clube em Serie A, ficando atrás somente dos 97 pontos na temporada 2006-07. Se o 19º Scudetto da Inter já parece muito próximo, talvez seja interessante para a equipe perseguir algumas outras marcar até o fim da temporada.

Após o começo decepcionante e a eliminação na Champions, ninguém imaginaria este desfecho que está prestes a se concretizar. Ou seja, a Internazionale percebeu seus erros, não teve vergonha de dar meia-volta e alterar a rota. O resultado esta aí, restando ainda um último capítulo dessa história. E aí, será que os nerazzurri levam o título já neste final de semana?

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