No duelo de ida das semifinais da Champions League, o PSG começou melhor, abriu o placar, mas não suportou a intensidade do Manchester City. Com dois gols em sete minutos na 2ª etapa, a equipe inglesa virou o marcador. Agora, somente uma vitória por dois gols de diferença (ou com três gols marcados) leva o Paris Saint-Germain à final do torneio pelo segundo ano consecutivo.
O início de jogo do City foi irreconhecível. Preso na marcação forte do time francês, a equipe de Guardiola pouco criou. Marquinhos, então, abriu o placar para o PSG após cobrança de escanteio. Só que a vantagem da equipe da casa parou por aí. No 2º tempo, os Citizens voltaram mais ligados. Contando com falha de Navas – e da barreira do adversário – De Bruyne e Mahrez reverteram o placar em pleno Parc Des Princes.
O jogo ainda ficou marcado por jogadas fortes. Gana Gueye foi expulso após entrada em Gündogan. O mesmo não aconteceu com De Bruyne, em lance semelhante, gerando indignação nos jogadores do PSG. Já Neymar, terminou a partida com uma proteção no cotovelo esquerdo após se machucar em queda. O brasileiro não escondeu o desapontamento ao apito final e esboçou um choro.
⏰ RESULT ⏰
😎 Champions League nights!
😮 Advantage Manchester City…
🔵 Mahrez & De Bruyne turn contest around with second-half away goals 💪
🔮 Predict what will happen in the decider!#UCL— UEFA Champions League (@ChampionsLeague) April 28, 2021
Preso na armadilha
Logo de cara, o PSG deixou o Manchester City desconfortável no jogo. Mauricio Pochettino armou uma marcação-pressão intensa, com dobra nos jogadores do time inglês. O plano deu certo. O City se mostrou bastante apático e lento nas ações. Sem conseguir trocar passes como normalmente, nem ficar com mais posse de bola, a equipe de Guardiola não encontrou opções.
Vale dizer que os Citizens foram a campo sem um centroavante de ofício. Kevin De Bruyne iniciou o duelo atuando como um “falso-nove”. No entanto, os poucos espaços praticamente afastaram o belga da área. Sem ele, e com Bernardo Silva e Foden distantes, o City foi facilmente marcado pelo PSG.
O time parisiense, por sua vez, aproveitou a superioridade. Aos 15 minutos, Di María bateu escanteio fechado, e Marquinhos subiu sozinho para desviar com precisão. Este foi o quinto gol do zagueiro brasileiro em Champions League desde o início da temporada passada – recordista na posição. Além disso, ele também se tornou apenas o terceiro jogador na história a balançar as redes nas quartas e semifinais do torneio em edições consecutivas. Os outros nomes dessa lista são Cristiano Ronaldo e Griezmann.
Libertação
Se o 1º tempo foi inteiro do PSG, na etapa final foi a vez do City dar as cartas. Mentalmente forte e com calma para executar o plano original: foi assim que os ingleses chegaram à virada. Os próprios jogadores dos Citizens revelaram ao final do jogo o pedido de Guardiola no intervalo. Simplificando: “fiquem mais com a bola”. Dito e feito!
Já o PSG, esgotado fisicamente por conta da marcação intensa no início, sucumbiu diante de um adversário cirúrgico. Não foram muitas oportunidades claras, mas a equipe azul sempre rondava a área. Aos poucos foi chegando, na medida em que o Paris Saint-Germain não conseguia mais oferecer perigo.
Aos 19 minutos, De Bruyne levantou na área e a bola entrou direto. Falha do goleiro Keylor Navas, que demorou a reagir, misturado com uma pitada de sorte pelo cruzamento se transformar em gol. Com sorte ou não, todo gol vale o mesmo. Para o City, significou o empate no duelo. Para De Bruyne, representou o terceiro jogo seguido marcando contra o Paris Saint-Germain.
Só que os ingleses queriam mais. Sete minutos depois, aos 26, falta na entrada da área. Gana Gueye, que até fez um bom 1º tempo, derrubou Phil Foden. Na batida de Mahrez, a bola foi baixa, mas passou entre Paredes e Kimpembé. Navas não pôde fazer nada a não ser reclamar da barreira mal formada.
Este foi o segundo gol de falta de Mahrez em Champions – e o primeiro sofrido através de tiro livre pelo PSG desde 2017, quando Neymar balançou as redes naquele fatídico 6 a 1 do Barcelona. Dessa vez, o argelino do City contou com a sorte, e inclusive adimitiu em entrevista após a partida. Mas a fortuna acompanha os competentes. Será que já dá para chamar de sorte de campeão?
💬 Mahrez sincerão passando na sua timeline:
"Eu quis bater por fora da barreira, para ser sincero! Eu errei, mas passou entre dois jogadores."
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Frustração em Paris
O lamento de Neymar ao término do jogo nos diz muito sobre o sentimento da equipe do PSG diante desse revés sofrido contra o City. De fato, o resultado ruim começou a fazer efeito ainda com a bola rolando. Aos 32 minutos, Gueye, que já havia cometido a falta que gerou o segundo gol, deu uma entrada criminosa em Gündogan. O volante senegalês pisou na panturrilha do alemão e acabou expulso direto.
Essa foi a segunda expulsão de Gueye na atual edição da Champions. Ele é o primeiro jogaor desde Alvaro Arbeloa, em 2012-13, a conseguir esse feito bastante negativo.
Com o psicológico destruído, restou ao PSG reclamar de lance parecido envolvendo De Bruyne. O belga pisou no pé do volante Danilo, mas com um grau de intensidade menor que Gueye. O cartão amarelo ficou de bom tamanho para o camisa 17 do City, que ainda foi eleito o melhor jogador da partida pela UEFA.
Já Mbappé, de quem se esperava muito, decepcionou bastante. O melhor jogador entre os parisienses foi Di María, que acabou sacrificado após a expulsão do companheiro de equipe. Pochettino também acaba sendo criticido por recuar demais o time na 2ª etapa. De fato, o PSG foi dominado taticamente e fisicamente. Para piorar, Neymar parece ter sentido a lesão no cotovelo esquerdo após cair de mau jeito. Ou seja, é importante aguardar para ver se isso será um problema por muito mais tempo para o brasileiro.
O MELHOR EM CAMPO | 🤵🏆
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City mostra sua força
O triunfo por 2 a 1 diante do PSG é, simplesmente, a PRIMEIRA vitória do Machester City em uma semifinal de Champions League em toda sua história – isso porque o time inglês só havia chegado a essa etapa do torneio uma vez, em 2015-16. No entanto, não deixa de ser uma marca histórica (e surpreendente), principalmente para um clube que já é rico e protagonista na Inglaterra a mais de uma década.
Certamente, esta mos diante da maior chance que o City já teve para chegar à decisão do torneio de clubes mais importante do mundo. É também a chance de ouro de Pep Guardiola, tantas vezes criticado por seus desempenhos na Liga dos Campeões. Ao mesmo tempo, os Citizens parecem ter elevado a mentalidade – será que a “barreira das quartas de final” era real e não somente folclore?
Seja por isso, ou não, o City tem uma campanha irretocável: dez vitórias e um empate em 11 jogos no atual torneio. Faltam somente dois duelos para uma conquista épica. Do outro lado, o PSG precisará fazer o que ninguém fez até aqui na Champions: vencer o Manchester City. Será preciso recolher os cacos e se fortalecer mentalmente em Paris. Caso contrário, será impossível para Neymar e companhia estar em Istambul, no dia 29 de maio, diante de Real Madrid ou Chelsea.
Tudo ainda é possível nesta semifinal.
Depois das vitórias nos gramados de Barcelona e Munique, a esperança ainda está presente. Paris pode acreditar em suas forças.
Mais do que nunca, 𝐀𝐋𝐋𝐄𝐙 𝐏𝐀𝐑𝐈𝐒 ❤💙 pic.twitter.com/wOfsOBQpWF
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