Reta final de campeonato é sempre uma tensão. Times que brigam por título, competição européia e até rebaixamento. Napoli e Lazio disputavam o sonho de conquistar uma vaga para a próxima Liga dos Campeões. Tinha tudo para ser uma partida de igual para igual, afinal é um clássico azzurro com times de tradição. Porém, o que se viu foi algo totalmente diferente.
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— Official SSC Napoli (@sscnapoli) April 23, 2021
Com Demme suspenso, Gattuso entrou com Bakayoko de titular e Mertens no lugar de Osimhen. Já os Laziale não tinham apenas o zagueiro brasileiro Luiz Felipe fora por lesão desde janeiro. Giovanni Di Lorenzo disputou a sua 100ª partida na Serie A ao lado de Mohamed Fares que também alcançou a marca. Quando o árbitro apitou o início da partida o que se viu foi um jogo de um time só.
Com aquela pressão vista ultimamente, o Napoli pressionou a saída de bola da Lazio constantemente, obrigando os atletas Biancocelesti a cometerem muitos erros entre eles 18 faltas, sendo uma delas o pênalti marcado pelo VAR com Insigne marcando em bela cobrança. Com o primeiro gol de Insigne, a Lazio se tornou o time contra o qual o Napoli marcou mais gols em casa na sua história na Série A (atualmente 112).
Com o adversário ainda balançado pelo gol cedo, sobraram espaços e Politano ampliou no momento certo a partida. Foram 12 minutos de tortura para o time da capital. O Napoli não marcava dois gols nos primeiros 12 minutos de uma partida na Serie A desde a vitória por 7-1 contra o Bologna em fevereiro de 2017.
Parecia que seria um jogo fácil, e de fato foi. O primeiro tempo todo, foi nítido o nervosismo da Lazio em tentar corrigir os erros que levaram o time a sofrer gols em tão pouco tempo enquanto os Partenopei apenas trocavam passes e muito bem, foram 253 passes sendo 90% certos, um grande feito deste time de Gattuso que tem tido boa troca de passes a pelo menos dez jogos seguidos. O Quarteto Biancocelesti formado por Luis Alberto, Milinkovic-Savic, Immobile e Correa não se entendia em campo. Quando esses jogadores não estão bem fica difícil para a Lazio fazer uma boa partida.
No segundo tempo, os Laziale começaram com tudo, passaram a apertar a marcação e ter mais posse de bola. Foram sete minutos de marcação pressão que geraram uma boa oportunidade que Meret conseguiu defender e gerar um contra-ataque mortal em que Hysaj tocou para Insigne dominar, ajeitar e bater colocado sem chances para Reina. O que chamou a atenção foi a desatenção da defesa da Lazio que ficou estática apenas olhando para Lorenzo fazer o que quis no lance do gol. Nenhum jogador marcou mais doppiette (dois gols) em casa do que Lorenzo Insigne neste campeonato: três ao lado de Lukaku, Ibrahimovic e Cristiano Ronaldo.
Simone Inzaghi mexeu rapidamente na equipe temendo uma goleada. Cataldi, Andreas Pereira e Lulić entraram nas vagas de Lucas Leiva, Luis Alberto (partida totalmente abaixo do que pode jogar) e Mohamed Fares. A ideia era proteger o meio-campo e trazer sangue novo para que a equipe pudesse ao menos diminuir o placar para poder iniciar uma reação.
Para o azar de Inzaghi, logo após a terceira substituição, veio o quarto gol do Napoli. Zielinski tocou para Mertens marcar um golaço histórico para o camisa 14. O belga chegou aos 102 gols marcados na Serie A igualando Antonio Vojak como o maior goleador na história do Napoli na primeira divisão. Além disso, o Napoli chegou ao 19° gol de fora da área, mais do que qualquer outro time nas cinco principais ligas europeias, à frente do Bayern de Munique com 14 tentos. Não foi só Mertens que se entrou para a história. Piotr Zielinski estabeleceu seu recorde de assistências em uma única temporada na Serie A (oito), números que apenas mostram a evolução do polonês no time e a sua importância ofensiva para o esquema tático organizado por Gennaro Gattuso.
Quando a partida parecia totalmente liquidada, veio o inesperado. A Lazio reagiu e chegou a assustar. Primeiro, em uma falha de Zielinski, Andreas Pereira tocou para Immobile livre bater colocado. O atacante da seleção Italiana conseguiu pela primeira vez em sua carreira na Serie A marcar em seis jogos consecutivos contra um único time no campeonato, mesmo em uma temporada abaixo do esperado para o camisa 17 da Lazio.
O gol, inicialmente, parecia não ser nada demais, apenas um gol de honra. Mas quatro minutos depois em uma falta boba da defesa napolitana, Milinkovic-Savic anotou um golaço, botando fogo na partida. Gattuso ficou nitidamente irritando, pois nas últimas partidas da equipe, tem sido comum a defesa se desligar totalmente e levar gols com facilidade. Inzaghi, se aproveitando fragilidade defensiva dos donos da casa, mandou sua equipe ir para tudo ou nada, afinal mais um gol, deixaria os Biancocelesti mais próximos do empate histórico. Mas Osimhen que entrou no lugar de Mertens pouco antes do segundo gol da Lazio recebeu bom passe matando a partida com o quinto gol.
Pela terceira vez no campeonato, o Napoli marcou pelo menos cinco gols em uma partida na Serie A, atrás apenas do Bayern de Munique (quatro) em comparação nas cinco principais ligas do continente. Outro fato que torna a vitória mais especial diante da Lazio é que os Azurri venceram os últimos quatro jogos em casa contra o time da capital na Serie A, igualando a melhor série de triunfos como mandante contra os Biancocelesti na competição, registrada em 1993 e 1955.
Gattuso apesar de terminar a temporada sem títulos, mostrou que com o elenco completo e com mais peças de reposição para o bom time titular pode brigar por títulos na próxima temporada. O que comprova isso é que o Napoli somou 19 pontos nas partidas contra os atuais sete primeiros colocados da liga. Ao lado da Inter, nenhuma dessas equipes se saiu melhor neste campeonato.
Sem dúvidas uma grande vitória para uma equipe que passa a ter jogos relativamente mais tranquilos para seguir sonhando com a vaga na Liga dos Campeões. Com o empate da Atalanta contra a Roma, o Napoli está a apenas dois pontos do G4, restando seis rodadas para o término da competição. Para os comandados de Simone Inzaghi, o sonho da UCL esta cada vez mais longe restando apenas a Liga Europa como compensação pela temporada abaixo do sonhado pelo torcedor que chegou a ver sua equipe brigar pelo título na temporada passada.