Flamengo se impõe na estreia da Libertadores

Tabu quebrado e estreia com vitória. Assim foi o começo da caminhada do Flamengo na Taça Libertadores 2021. Jogando fora de casa, o Rubro-Negro se impôs diante do jovem time do Vélez Sarsfield e voltou a vencer em solo argentino pela competição depois de 39 anos (3 a 0 no River Plate em 1982). No fim, triunfo de virada por 3 a 2, com gols de Willian Arão, Gabigol e Arrascaeta.

Em um jogo em que esteve por duas vezes atrás no placar, o Flamengo mostrou força e espírito de Libertadores, construindo uma virada importante para começar bem sua caminhada pelo tricampeonato. Vale lembrar que o Rubro-Negro não vencia na Argentina havia 20 anos (2 a 1 no San Lorenzo pela Copa Mercosul 2001).

É possível analisar a partida sob duas óticas: ataque e defesa. No setor defensivo, o Flamengo novamente mostrou as recorrentes falhas coletivas e individuais, deixando a transição desalinhada e tornando o time espaçado e vulnerável. Em contrapartida, o setor ofensivo mais uma vez mostrou todo seu poderio, criando diversas oportunidades de gol e provando que o talento individual é, sim, fator preponderante para as vitórias, apesar do vasto repertório coletivo do ataque.

Se o Flamengo conta com um ataque avassalador, que tem no trio Bruno Henrique, Arrascaeta e Gabigol sua principal arma, e que também conta com as chegadas de Diego Ribas e Gerson, a equipe não consegue ter equilíbrio no setor defensivo e ainda busca uma zaga ideal e um melhor encaixe da defesa para evitar tanto sofrimento nos jogos.

Olhando o copo meio cheio, foi uma grande noite do veterano meia Diego Ribas. Com 36 anos e jogando de primeiro volante, o camisa 10 da Gávea deu aula de como atuar em Libertadores. Dedicação, entrega, intensidade e experiência. Diego ditou o ritmo do Flamengo, aparecendo em todas as partes do campo e trazendo tranquilidade ao time nos momentos mais delicados da partida.

Mas, apesar da grande atuação, Diego Ribas como primeiro volante traz uma questão paradoxal. Ao mesmo tempo em que melhora demais a transição ofensiva e dá volume de jogo, ele sobrecarrega a marcação do time por não ter características de marcação que sua nova posição exige. E isso impacta diretamente na produção de Gerson, que perde ímpeto ofensivo e sofre na marcação.

Trabalho para Rogério Ceni, que precisa tornar a equipe mais equilibrada. O time de Ceni tem qualidade técnica e variação de jogadas, mas precisa ser mais harmônico e confiável.  O grande desafio do treinador é justamente encontrar esse equilíbrio. Se alcançar esse objetivo, o Flamengo muda, novamente, de patamar. Por enquanto, o Rubro-Negro segue muito forte, mas desequilibrado.

Ao ser questionado sobre as fragilidades de sua equipe, Ceni elevou o tom e disse que há mais méritos a se destacar do que deficiências. De fato, o time tem muitas qualidades, mas os pontos negativos são flagrantes e podem cobrar um preço alto mais adiante. O elo mais fraco de uma equipe é aquilo que pode colocar tudo a perder. Por enquanto, a qualidade ofensiva tem superado as mazelas defensivas. Mas, até quando?

Por outro lado, o torcedor do Flamengo precisa seguir sendo capaz de comemorar vitórias importantes como a diante do Vélez Sarsfield na Argentina. Não custa lembrar: o Flamengo venceu fora de casa, na Argentina, pela Libertadores e de virada. Ingredientes de sobra para permitir que a torcida tenha motivos para estar feliz. Ou não? Se permitam curtir a vitória em noite de estreia de Libertadores. Nem sempre foi assim.

O Flamengo é muito respeitado fora do Brasil, é visto como um dos grandes favoritos ao título da Libertadores e deveria ser mais valorizado por aqui também, sobretudo por sua torcida. Ou então realmente o perfil do rubro-negro mudou. Para pior.  O Flamengo venceu. Comemorem!

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