Em reunião realizada nesta segunda-feira (19), a UEFA aprovou o novo formato da Champions League, que será colocado em prática a partir da temporada 2024-25. A decisão acontece em meio a uma notícia que promete abalar as estruturas do futebol europeu. Isso porque, no domingo (18), 12 equipes do continente anunciaram a criação da Superliga Europeia de Clubes, um novo torneio que pretende substituir a Champions.
Especulado desde 2019, o projeto, enfim, foi oficializado. A liga independente contaria com participantes fixos, sem rebaixamento. De prontidão, a UEFA foi totalmente contrária a ideia de extinguir a Champions e ainda ameaçou promover punições rigorosas a clubes e jogadores que participarem do novo esquema. Na mesma linha, a FIFA e ligas nacionais europeias também demonstraram insatisfação com a articulação.
☑️ The #UEFAExCo has approved a new format for club competitions as of the 2024/25 season.
⚽ The reforms come after an extensive consultation across the football family. The changes made are designed to secure the positive future of European football at every level.#UCL #UEL
— UEFA (@UEFA) April 19, 2021
UEFA e a nova Champions
Sabendo do descontentamento de grandes clubes europeus com o atual formato da Liga dos Campeões, a UEFA projetava mudanças já há algum tempo. No entanto, não houve tempo de anunciá-las antes da bomba ser jogada sob a entidade máxima do futebol europeu.
De qualquer forma, a Champions está reformulada. Primeiramente, ela aumenta de tamanho. O número atual, de 32 clubes, passa para 36. Não haverá mais grupos. Em grupo único, cada equipe terá 10 adversários diferentes na primeira fase (selecionados mediante sorteio). Os oito primeiros colocados após as dez rodadas estarão classificados diretamente para as oitavas de final da competição.
As equipes entre o 9º e o 24º lugar não estarão eliminadas. Elas vão realizar confrontos de playoffs, disputados em duas partidas, de onde saem mais oito classificados. Junte estes oito com os outros oito previamente classificados e teremos 16 times. A partir daí, o modelo se assemelha ao atual, com confrontos de ida e volta (e decisão em jogo único).
Com as mudanças aprovadas pela UEFA, a Champions passará a ter 225 jogos no total – 100 a mais do que o torneio tem atualmente. Para ser campeão da atual temporada, são necessários 13 duelos. Contudo, a partir de 2024, esse número aumenta para 17 – ou até mesmo 19 partidas.
Revide à Superliga Europeia
Durante o anúncio o novo formato, o presidente da UEFA, Aleksander Čeferin, exaltou o compromisso da Champions League com os clubes. De acordo com o esloveno:
“Esse formato evoluído vai manter vivo o sonho de qualquer time da Europa de participar da Liga dos Campeões graças aos resultados obtidos dentro de campo, e também vai permitir viabilidade a longo prazo, prosperidade e crescimento para todos do futebol europeu, não apenas um pequeno e auto-escolhido cartel atuo-selecionado”
A fala de Čeferin é uma clara crítica aos fundadores da Superliga Europeia. São eles: Arsenal, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Atlético de Madrid, Chelsea, Tottenham, Inter de Milão, Milan, Juventus, Real Madrid e Barcelona. Esses doze clubes, espalhados entre Inglaterra, Itália e Espanha, ainda aguardam mais três outros times para formarem o grupo dos fundadores do torneio. Somados a eles, mais cinco equipes seriam rotativas a cada edição. No entanto, a notícia é de que Bayern de Munique e PSG já recusaram a proposta de entrar na liga.
A Superliga Europeia é uma ameaça ao domínio da UEFA no futebol europeu. Da mesma forma, sua criação também coloca em risco o desenvolvimento dos times médios e pequenos do continente. Se você quiser saber mais sobre os impactos da criação desse torneio, sugiro ler a análise feita pelo economista Cesar Grafietti, colunista do MondoSportivo Brasil. O texto dele está aqui.
O que vai acontecer agora?
Agora, é impossível fazer qualquer previsão a respeito dos próximos capítulos nessa história. A UEFA promete que irá punir quem se associar a Superliga e ainda reafirma a manutenção da Champions League. Entre as sansões, o banimento das equipes de suas ligas domésticas e a impossibilidade dos jogadores dos clubes da Superliga de disputarem a Copa do Mundo. Este último dependeria também do consentimento da FIFA.
Do lado menos ouvido de toda essa história estão os torcedores. A grande maioria da comunidade futebolística ao redor do mundo desaprova o novo torneio. Torcedores do Liverpool, por exemplo, protestaram na frente do estádio da equipe – lembrando que os Reds estão no grupo de clubes fundadores da competição. Em quase todas as contas oficiais das equipes nas redes sociais, houve uma enxurrada de críticas partindo dos prórprio adeptos.
Inclusive, existe ainda uma incerteza por parte da UEFA com relação a atual edição da Champions League. Os confrontos semifinais (PSG x Manchester City e Real Madrid x Chelsea) podem sofrer atrasos ou, até mesmo, nem acontecerem. Ou seja, há muito ainda para acontecer, poquíssimas informações claras e muitas dúvidas. Certamente, esses últimos dois dias foram históricos para o futebol europeu e mundial.
Leading European football clubs announce new Super League competition: AC Milan joins as Founding Club ➡️ https://t.co/dXiStCInkV
I principali Club europei di calcio annunciano la nuova Super League: il Milan tra i Club Fondatori ➡️ https://t.co/b4nWsJ6GCn pic.twitter.com/XrAYgSs8LU— AC Milan (@acmilan) April 18, 2021