As lições do Flamengo na estreia da Libertadores

Passada a euforia pelo bicampeonato da Supercopa do Brasil, o Flamengo voltou suas atenções para a estreia na Taça Libertadores 2021, na próxima terça-feira, fora de casa contra o Vélez Sarsfield. Depois do título diante do Palmeiras, o Rubro-Negro disputou duas partidas pelo Campeonato Carioca e o desempenho do time de Rogério Ceni foi preocupante.

No retorno ao Estadual do Rio de Janeiro, o Flamengo viu cair sua invencibilidade de 17 jogos diante do Vasco (derrota por 3 a 1 com os titulares) e teve dificuldades para buscar o empate por 2 a 2 com a Portuguesa carioca, jogando com seu time reserva.

Apesar dos cenários distintos, problemas semelhantes: apatia na primeira etapa, gols sofridos e fragilidades defensivas escancaradas. Seja por relaxamento pós-título ou não, o fato é que o rendimento da equipe de Rogério Ceni despencou e o torcedor ficou com a pulga atrás da orelha para a estreia na Taça Libertadores.

Muito questionado na temporada passada, mesmo com o título do Campeonato Brasileiro, Rogério Ceni insiste em uma única escalação ideal, expondo certa teimosia em não enxergar o que parece óbvio: o Flamengo tem jogado de forma muito exposta e sofrido muitos gols.

As descobertas de Willian Arão na zaga e Diego Ribas como primeiro volante até deram certo em 2020, apresentando uma nova forma de jogar, mais agressiva e corajosa. O problema, no entanto, é que o esquema tem demonstrado problemas, principalmente contra adversários que não se limitam a defender, que jogam o jogo e que também agridem o Flamengo.

É possível continuar jogando desta maneira, mas não é aceitável atuar apenas assim. O modelo de jogo adotado por Rogério Ceni parece funcionar mais contra equipes que renunciam ao jogo, que dão a bola ao Flamengo e que permitem que os zagueiros rubro-negros atuem na intermediária adversária, como construtores.

Contra equipes que não têm medo de jogar, o Flamengo carece de uma formação mais compacta, com marcação mais intensa. Trocando em miúdos: Willian Arão precisa retornar ao posto de primeiro volante, com Diego Ribas deixando o time para a entrada de um zagueiro de origem.

Contra o Vélez Sarsfield, será um desafio e tanto na estreia do torneio sul-americano. Fora de casa, contra um time argentino e que não vai se limitar a defender, o Flamengo de Rogério Ceni será posto à prova. E depois de dois jogos sem vitórias, um mau desempenho na estreia da Taça Libertadores pode pressionar o já questionado técnico rubro-negro.

Uma escalação mais segura, com dois zagueiros de origem (Gustavo Henrique e Bruno Viana) e Willian Arão voltando à sua verdadeira posição, me parecem as melhores opções para tornar o Flamengo menos exposto no início de sua caminhada pelo tricampeonato da Taça Libertadores. Mais do que nunca, é fundamental que o Flamengo reencontre o caminho das vitórias e volte a apresentar um bom futebol.