Novamente, o roteiro foi o mesmo. No sábado (17), a Fiorentina visitou o Sassuolo, no Mapei Stadium, em duelo importante pela 31ª rodada da Serie A. Após um bom 1º tempo e a vantagem no placar, porém, a equipe de Giuseppe Iachini sucumbiu na etapa final, levou a virada e acabou derrotada por 3 a 1.
Um resultado péssimo por si só, mas que também transmite uma mensagem preocupante. De novo, a Viola demonstrou fraqueza psicológica. Já em termos técnicos, erros que pareciam ter sido superados voltaram a assombrar o time. Para terminar, a arbitragem também entregou um desempenho duvidoso. Uma soma de fatores que explica por que a Fiorentina está indo ladeira abaixo na Serie A.
Ainda com 30 pontos, a Viola já não teve tanta sorte assim na rodada. O Cagliari, primeiro time na zona de rebaixamento, venceu o Parma por 4 a 3 em um jogo incrível e encurtou a distância para o time roxo: agora, apenas cinco pontos separam ambos os times. Ou seja, a sete rodadas do fim, sofrimento parece ser a palavra que aguarda a Fiorentina neste mês final de Serie A.
Home match overturned by @SassuoloUS and win conquered against @ACFFiorentinaEN! ⁰#SassuoloFiorentina #SerieATIM #WeAreCalcio pic.twitter.com/GD6SaEbfad
— Lega Serie A (@SerieA_EN) April 17, 2021
Tudo ia bem…
Primeiramente, perder sempre é ruim. No entanto, o gosto da derrota fica ainda mais amargo se levarmos em contra o bom 1º tempo da Fiorentina no Mapei Stadium. Diante de um Sassuolo que entrou em campo desfalcado (Locatelli e Berardi ficaram no banco de reservas), a equipe visitante executou bem sua proposta de jogo.
A Viola apostou nos contra-ataques e deu a bola para o adversário. Nos primeiros 45 minutos, trocou míseros 84 passes contra 274 da equipe neroverdi. Em posse de bola, 64% a 36% para os mandantes. Contudo, em finalizações a gol, a Fiorentina foi melhor. Aliás, muito melhor. Acertou a meta em cinco oportunidades (além de um disparo na trave) e sofreu apenas um chute em seu próprio gol.
O número de finalizações certas foi um recorde da Fiorentina na temporada da Serie A. Atuando nesse estilo bem vertical, a equipe teve sucesso, enfim, aos 31 minutos. Bonaventura interceptou um passe, lançou Ribéry e recebeu de volta na entrada da área. O camisa 5, então, deu um chutaço de perna canhota e afundou as redes do goleiro Consigli. Bela jogada, oriunda de um erro do Sassuolo. Este foi o segundo gol de Jack Bonaventura e a sexta assistência de Franck Ribéry no campeonato italiano.
Dessa maneira, a Viola foi para o intervalo com a vantagem mínima. Ou seja, a proposta reativa deu certo. O time entregou a bola ao oponente, mas não ficou acoado em campo. Se aproveitou dos erros e armou boas escapadas em velocidade. Neste caso, méritos para Iachini, que soube aplicar a teoria no campo. Faltou, porém, converter mais uma ou duas oportunidades no 1º tempo, para matar o jogo de vez.
WHAT A GOAL JACK. pic.twitter.com/psQoqaOmvR
— ACF Fiorentina English (@ACFFiorentinaEN) April 17, 2021
O problema da cal
Com uma atuação sólida, e o placar apontando 1 a 0 a favor da Fiorentina no intervalo, o torcedor já começava a projetar um final de temporada mais tranquilo em Florença. Mas bastaram dez minutos para que esse pensamento fosse por água abaixo.
Tudo por conta de um problema antigo: as penalidades concedidas. Após lançamento de Obiang, Berardi (que entrou na etapa final) driblou Dragowski e caiu. Rapidamente, o juiz Gianluca Aureliano apontou a marca da cal. O próprio Berardi bateu e empatou o jogo em 1 a 1.
Ao olhar na repetição, é possível ver que o goleiro toca levemente na bola antes do choque. Pênalti? O VAR sequer chamou a atenção do árbitro, que manteve a decisão. Acho uma chamada discutível. Dito isso, não se passaram nem três minutos para que a equipe da casa fosse brindada com mais uma penalidade.
Dessa vez foi Pezzella que dividiu lance com Raspadori dentro da área. O jogador do Sassuolo caiu, e o juizão marcou falta novamente. Cenário repetido: Berardi na cobrança, e virada do time neroverdi. A primeira impressão é de que Raspadori dobra o joelho e se joga. Entretanto, no replay, vemos um leve toque de Pezzella. Não tinha como o VAR contestar a escolha do juiz.
A diferença de tempo entre os dois pênaltis foi de apenas 151 segundos. Além disso, esta foi a décima penalidade concedida pela Fiorentina na temporada 2020-21 da Serie A – recordista no torneio. Dessas dez cobranças, oito foram convertidas e duas pararam em Dragowski.
Com Prandelli, a incidência de penalidades havia diminuído. No entanto, não deixa de ser um problema crônico da Viola nesta temporada. Por mais que haja discussão a respeito dos lances, fato é que, em ambos, houve erros graves na abordagem de marcação. Manter a calma nessas circunstâncias é primordial.
Por falar em calma…
Após levar a virada relâmpago, a Fiorentina desapareceu da partida. De forma melancólica, a equipe parou de jogar, foi completamente dominada e não assustou mais o goleiro do Sassuolo uma vez sequer.
Mais uma vez, Giuseppe Iachini apostou em substituições desesperadas. Mas, dessa vez, ele foi além. Tirou Bonaventura e Castrovilli ao mesmo tempo! O primeiro, que foi autor do gol, vinha fazendo uma partida consistente, uma de suas melhores recentemente. Já Castrovilli era o motor do time na 1ª etapa, puxando os contragolpes e incomodando a defesa adversária. Ainda acertou um chute na trave.
Ao lado de Ribéry, o camisa 10 é quem pode oferecer algum tipo de lampejo técnico atualmente. Aliás, preocupa a dependência da Viola desses dois jogadores. Ao sacar Castrovilli (e Bonaventura), Iachini acabou com o time, destruindo qualquer chance de reação. Os 20 minutos finais foram melancólicos. O Sassuolo trocou passes, fez o tempo passar e ainda achou mais um golzinho, com Maxime López.
A questão das alterações é outro problema grave da Viola. Elas são sempre previsíveis e, em regra, destroem a organização tática do time num período crítico do jogo. Só que, diante do Sassuolo, essa situação foi agravada. Com Callejón e Eysseric no campo, o torcedor florentino não teve respostas. Ainda deu tempo de Malcuit e Kouamé pisarem no gramado como meros figurantes.
Ficou mais do que claro o problema de confiança que esse elenco possui. Bastou levar a virada para desmoronar em campo. Nem o bom 1º tempo foi suficiente para elevar um pouco a moral diante dessa fase tenebrosa. Ou seja, jogando desse jeito, a Fiorentina se torna presa fácil para grande parte dos times da Serie A.
E agora…?
A sorte da Fiorentina é que ela tem… sorte. Ao menos por enquanto. O Cagliari venceu, é verdade, diminuindo a distância da Viola para a zona de rebaixamento. Agora ela é de cinco pontos, com 21 ainda em disputa. No entanto, Benevento, Spezia e Genoa perderam neste domingo (18). A parte debaixo da tabela segue embolada. Em 15º lugar, a Viola tem dois times entre ela e a faixa vermelha.
É clichê dizer isso, mas o próximo jogo é novamente crucial. Ou seja, o time de Iachini precisa pontuar diante do Verona, fora de casa, já na terça-feira (20). Cinco dias depois, a adversária é a Juventus, no Artemio Franchi. Imagina como a equipe de Turim irá ao jogo depois de perder, em casa, para a Fiorentina por 3 a 0 no 1º turno…
Em termos de atuação, o 1º tempo diante do Sassuolo precisa ser considerado. Há quem ache feio jogar da maneira como a equipe roxa jogou, mas é o que tem para hoje. Se for o caso de entregar a bola e contra-atacar, que seja. No momento, a questão não é sobre beleza do jogo. É sobrevivência pura.
No entanto, os erros defensivos precisam diminuir. O time não pode ter jogadores expulsos ou conceder mais penalidades. A missão fica ainda mais difícil com essas regalias aos adversários. Como modelo a se espelhar, a 2ª etapa diante da Atalanta, na 30ª rodada. Principalmente no âmbito psicológico, quando a Viola foi buscar a desvantagem de 0 a 2.
Às vezes, essa equipe tem lapsos de motivação. Mas ainda é um grupo muito frágil psicologicamente. Então, daqui em diante, a Fiorentina vai precisar limitar seus erros e ter compostura diante das adversidades se quiser se salvar do rebaixamento na Serie A. Não há mais gordura para queimar…