Xô, zica! Após cinco temporadas, o Manchester City está de volta às semifinais da Champions League. Nesta quarta-feira (14), a equipe de Pep Guardiola repetiu o placar do jogo de ida, venceu o Borussia Dortmund por 2 a 1 no Signal Iduna Park, e agora encara o Paris Saint-Germain por uma vaga na final do principal torneio de clubes do planeta.
O roteiro não foi tão tranquilo. Encurralado no início, os Citizens foram aos vestiários com a desvantagem de 1 a 0 e, por consequência, a declassificação momentânea. Mas, contando com uma boa 2ª etapa e com (mais um) vacilo de Emre Can, o time inglês virou a partida e garantiu sua vaga. Os gols foram marcados por Ryiad Mahrez (de pênalti) e Phil Foden. Antes, o jovem Jude Bellingham havia aberto o placar para o Dortmund.
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— Manchester City (@ManCityPT) April 14, 2021
Dormund na frente
Vinte minutos. Foi tudo que o Borussia Dortmund conseguiu entregar de futebol qualificado na tarde desta quarta-feira. A equipe alemã começou o jogo de maneira muito intensa, apertando a saída de bola do Manchester City e impedindo as trocas de passes do adversário. Com isso, dominou a posse de bola e já conquistou seu gol logo na segunda chegada ao ataque.
Aos 15 minutos, Erling Haaland foi lançado em profundidade, chegou à linha de fundo, girou e serviu Mahmoud Dahoud, que finalizou para o gol. O arremate acabou sendo travado, mas sobrou nos pés de Jude Bellingham. Os 17 anos nas costas não atrapalharam o garoto inglês, que engatilhou um belo chute de chapa, no ângulo direito do goleiro Ederson. O brasileiro ainda tocou na bola, mas não conseguiu evitar o gol. 1 a 0 para o Dortmund. Esse placar bastava para o time alemão.
Com o gol diante do City, Bellingham se tornou o segundo jogador mais jovem a marcar na fase de mata-mata de Champions League (17 anos e 289 dias). Apenas 72 dias mais velho que Bojan Krikic, que balançou as redes pelo Barcelona, em 2008, diante do Schalke 04, com apenas 17 anos e 217 dias.
Além disso, com o petardo preciso de Bellingham, o Dortmund chegou ao seu 40º jogo seguido, em todas as competições, marcando ao menos um gol. Neste intervalo, foram 82 bolas nas redes. A comprovação de que a equipe amarela possui, de fato, um ataque poderoso.
Pressão inglesa
No entanto, o gol precoce parece ter diminuído o ímpeto do Borussia. Isso porque, dos vinte e poucos minutos em diante, a equipe de Edin Terzic não conseguiu mais impor seu estilo de jogo. O Manchester City precisava ao menos do empate para permanecer vivo na Champions. E foi atrás do gol rapidamente. Com mais uma boa exibição de Kevin De Bruyne, os ingleses chegavam com facilidade ao ataque.
E este foi o ponto chave da partida. O sistema defensivo do Borussia Dortmund, mais uma vez, não foi confiável. Principalmente na bola área. Incrível a quantidade de chances que o City teve através de cruzamentos, seja em escanteios ou faltas laterais. De Bruyne chegou a acertar o travessão em cheio, e Bernardo Silva perdeu o gol sem goleiro, na sequência, cabeceando para fora. A bola não queria entrar. Apesar disso, ainda antes do intervalo, o City já dava indícios de que o empate era questão de tempo.
Na 2ª etapa, o domínio os Citizens se manteve desde o primeiro minuto. Haaland, apagado, não conseguiu ser uma válvula de escape para o Borussia, que se acoava cada vez mais no campo de jogo. De fato, a única boa participação do centroavante noruguês se deu no lance do gol do time da casa. Nada mais.
Apesar da pressão, o Dortmund resistia. Nada garante que a estratégia seria suficiente para suportar os 90 minutos, mas um erro individual acabou por jogar todo o planejamento do 2º tempo no lixo. Emre Can (de novo o turco) falhou em jogada capital. Se no primeiro duelo, em Manchester, ele errou o passe que originou o primeiro gol do City, dessa vez ele cometeu um pênalti… patético.
O erro capital
Após bola cruzada por Phil Foden, Can tentou cortar de cabeça, mas executou um movimento totalmente desajeitado. Por conta disso, acabou abrindo demais o braço e batendo com ele na bola. De forma totalmente desnecessária. Após breve checagem no VAR, pênalti confirmado para o Manchester City. Na cobrança, Mahrez bateu forte e empatou, com o relógio marcando dez minutos da etapa final.
Este foi o sétimo gol da carreira do argelino do City em Champions League (o primeiro após 14 jogos passando em branco). E, curiosamente, o primeiro em fase mata-mata da competição continental.
Depois do empate, o cenário se inverteu completamente. Mais tranquilo quanto ao resultado, o time inglês teve compostura para cozinhar o jogo. Sem se abalar com o histórico de eliminações nas últimas temporadas, o City ainda chegou ao segundo gol. Na marca de 30 minutos, Foden recebeu a bola após cobrança de escanteio curto e acertou um belo chute de canhota para selar a classificação. Marwin Hitz, goleiro do Borussia, ainda chegou na bola, mas não conseguiu espalmar o tiro potente.
Da mesma forma que o Manchester City esperava sofrer um gol do poderoso ataque alemão, Pep Guardiola e companhia também sabiam que seria possível balançar as redes adversárias. Não à toa, o Borussia sofreu dois gols numa mesma partida pelo quinto jogo seguido – pior marca desde 2003. Apresentando deficiências na defesa, o Dortmund simplesmente não foi capaz de aguentar o ritmo frenético dos Citizens ao longo dos 90 minutos.
🔵 Riyad Mahrez celebrates his first Champions League goal since September 2019 ⚽️#UCL pic.twitter.com/KumZi41kaI
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Alívio em Manchester
Com o placar do primeiro jogo diante do Dortmund repetido, o Manchester City chegou a nove vitórias em dez jogos na atual edição da Champions. Uma campanha notável para uma equipe que alcança as semifinais do torneio apenas pela SEGUNDA vez em sua história. A outra oportunidade aconteceu na temporada 2016-17. Na ocasião, o time foi desclassificado pelo Real Madrid, que viria a faturar a taça.
Para Pep Guardiola, a classificação também representa uma marca interessante: o treinador do City igualou o recorde de José Mourinho em número de semifinais na Champions (oito para ambos). Vale lembar que o espanhol tem dois títulos – em 2008-09 e 2010-11, com o Barcelona.
No entanto, deixando de lado as marcas (coletivas e individuais), a vaga conquistada certamente é muito mais importante do aspecto psicológico. Há quatro temporadas, o Manchester City vinha de eliminações traumáticas em Champions. Cada uma a seu jeito. Três dessas quatro, inclusive, nesta mesma fase de quartas de final.
Novamente, o time se via diante de um adversário inferior. O Dortmund é uma equipe boa, mas que ainda não consegue competir com o rival inglês em termos de organização tática e talentos à disposição. Dessa vez, o fator mental não foi um problema, os Citizens não tremeram e o resultado se construiu de forma um pouco mais natural. E com o detalhe de que o placar era adverso até o intervalo do jogo de volta. Uma boa demonstração de força e resiliência. O time não se apavorou.
E agora?
Agora, o adversário é o PSG, de Neymar, Mbappé e companhia. Um choque entre dois “novos ricos” e que já é especial para os ingleses mesmo antes de começar. Em jogo, estará a primeira final da história do City em Champions. Se o time é “novato” neste estágio do torneio, seus jogadores e, principalmente, treinador são bastante experientes. Do lado francês, a ânsia por fazer diferente nesta temporada – lembrando que o PSG foi vice-campeão na última temporada.
Os duelos entre os dois, marcado para 27 de abril e 4 de maio, têm absolutamente todos os ingredientes para serem históricos. Um choque de estilos, de grandes jogadores e de histórias distintas, mas que se assemelham em busca de um objetivo em comum: o título inédito da Champions League. E aí, quem vai para a decisão?
Que venha o @PSGbrasil! ✈🇫🇷
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