Talvez seja necessário, depois de assistir a grandes partidas da Champions League, neste espaço, uma análise mais aprofundada do futebol italiano nos últimos anos. Nesta última década, lá no iniciozinho, apenas a Inter levantou o troféu da Champions League, em 2010.
#Nazionale 🇮🇹
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— Nazionale Italiana ⭐️⭐️⭐️⭐️ (@Vivo_Azzurro) April 1, 2021
De lá pra cá, em competições europeias, somente a própria Inter (na Europa League da temporada passada) e a Juventus por duas vezes (na Champions League em 2015 e em 2017), alcançou uma decisão de copa no Velho Continente. Porém, ambas não conquistaram o caneco, ficaram com o vice-campeonato. A Itália, que até meados da década de 2010 era o país que mais havia vencido Champions League, viu, neste período, Espanha e Inglaterra ultrapassar.
Na atual edição da Champions, as equipes italianas que foram mais longe caíram nas oitavas de final da competição. Atalanta, Lazio e Juventus, sequer chegaram as quartas. A Inter, que é atual líder e favorita ao título da Serie A, pasmem, caiu na fase de grupos pela terceira vez consecutiva; e pior, ficando em último lugar. Na Europa League, o cenário é um pouco melhor. É verdade que o Milan foi eliminado pelo Manchester United nas oitavas de final. Porém a Roma, que está duelando com o Ajax nas quartas, após vencer a partida de ida em Amsterdam por 2 a 1, está em posição cômoda para avançar as semifinais.
O futebol italiano por muitos anos, aliás, por muitas décadas, foi o melhor do mundo. Sempre no apogeu, o “país da Bota” tinha os maiores craques do planeta desfilando suas qualidades nos estádios nacionais. No entanto, a década passada foi diferente, um tanto quanto obscura. A queda dos gigantes Internazionale e Milan foi decisiva. A Juventus se aproveitou, emendando nove Scudettos consecutivos. Napoli e Roma, as equipes que mais ameaçaram atrapalhar a Juve não passaram de apenas isso: simples ameaça aos bianconeri.
Dá pra se dizer que o marco desta queda do Calcio começou por volta de 2005, com o escândalo do Calciopoli. Vários grandes jogadores ficaram com receio de se transferir para a Itália. As manipulações de resultados que envolveram uma grande parte dos times da Serie A, fez o torneio perder um pouco sua credibilidade. Mesmo assim, após aquela temporada, a Itália viu o Milan chegar à final da Champions nos anos de 2005 e de 2007 (quando foi campeão), e a Inter em 2010, como mencionado acima no texto.
Além de tudo isso, o país passou por crise financeira, que culminou em menos investimento dos clubes, especialmente da dupla de Milão, que tinham em Berlusconi e Moratti seus injetores de dinheiro. Ambos precisaram vender os clubes, e a dupla rival passou por três donos diferentes durante este período. A outra gigante do Calcio, a Juventus, que havia sido rebaixada a Serie B, em função de Calciopoli, se reergueu, construiu um novo estádio, moderno, manteve a mesma administração e conseguiu montar equipes competitivas e sobrou na Itália, e pôde bater de frente na Europa por um período significativo.
Outro fator que fez diminuir os investimentos dos clubes italianos foi a criação do Fair Play Financeiro da UEFA. Com as sociedades endividados, herança deixada pelas administrações anteriores, somado a crise financeira italiana, as dificuldades para contratar os grandes jogadores aumentaram e foram notórias.
Outrossim, na parte técnica da coisa, a Itália também regrediu. Há tempos o país não forma uma geração forte de jogadores, como sempre formou. Inclusive, na década em questão, a seleção italiana caiu na fase de grupos das Copas do Mundo de 2010 e de 2014. E sequer se classificou a Copa da Rússia, em 2018. A espinha dorsal dos clubes italianos que mais se destacavam na década passada, era formada na grande maioria por estrangeiros; e esses, não figuravam entre os melhores do mundo, como antigamente era no futebol da Itália.
Entretanto, sempre há uma luz no fim do túnel. Agora em 2021, iniciando um decênio novo, as expectativas são melhores para o futebol italiano. O futebol apresentado na Serie A está mais vistoso, mais competitivo; muitas equipes apresentam boa performance e os jogos são cada vez mais entusiasmantes para o público. A Inter de Milão tem tudo para acabar com o reinado da Juventus. Com 11 pontos à frente do segundo colocado Milan, faltando oito rodadas para o fim da competição, parece ser apenas questão de tempo para o Scudetto, enfim, tomar outro rumo. A quebra de hegemonia deverá ser boa para o futebol do país.
Com uma esquadra forte e jovem, a Inter mostra uma consistência grande sob comando de Antonio Conte. Com alguns ótimos italianos no grupo, como Bastoni, Barella e Sensi, o escrete azul e preto de Milão está cercado de expectativas, principalmente sob a ótica do que pode fazer ao longo desta década que se inicia. O rival Milan, também apresenta melhoras. Assim como os nerazzurri, os rossoneri tem uma equipe jovem e interessante. Com nomes que prometem alcançar um bom nível em poucos anos, Pioli faz boa campanha no Calcio; e os milanistas veem a volta pra Champions bastante provável.
Já a “Squadra Azzurra”, comandada por Roberto Mancini, vem de uma sequência de incríveis 25 partidas sem perder. Provavelmente se qualificarão, ao que tudo leva a crer, até com certa tranquilidade, para a Copa do Mundo de 2022; e tem tudo para fazer uma boa Eurocopa este ano.
Será que o futebol italiano, neste decênio apenas iniciado, voltará a jogar suas cartas de igual pra igual com os outros países europeus? O tempo dirá, mas a reconstrução parece seguir por um bom caminho.