Fiorentina perde da Atalanta em jogo de cinco gols

Um jogo maluco. No Artemio Franchi, a Fiorentina começou pior, reagiu, mas sofreu um grande castigo da Atalanta em seu melhor momento no jogo. O resultado foi de 3 a 2 para a equipe visitante, que recupera a 4ª colocação na tabela da Serie A. Já a Viola permanece em situação desconfortável, no 15º lugar, a oito pontos da zona de rebaixamento, com oito jogos ainda para disputar.

Pela Atalanta, Zapata marcou duas vezes, e Ilicic, fazendo valer a lei-do-ex, sacramentou a vitória da Dea. Já a Fiorentina contou com dois gols de Vlahovic, que chegou a 15 bolas nas redes em todo o campeonato. Destaque, também, para o goleiro Dragowski, que evitou um placar mais elástico com ao menos quatro defesas excelentes.

Viola dominada

O 1º tempo foi um verdadeiro passeio da Atalanta. Dominando as ações desde o início, a equipe visitante chegou ao gol logo cedo. Aos 12 minutos, Zapata subiu completamente sozinho e mandou de cabeça no canto direito do gol. Sem chances para Dragowski.

Detalhe: Bonaventura, meio-campista, com seis centímetros a menos, era quem marcava o centroavante da Atalanta no escanteio. Algo inexplicável. Fato é que, novamente, a bola aérea defensiva da Fiorentina falhou. E este gol foi o oitavo sofrido pela Fiorentina antes dos 15 minutos iniciais. Nada menos que a PIOR marca de toda Serie A (junto do Benevento)

A diferença entre ambas as equipes ficou muito clara. Imprimindo uma marcação pressão, a Dea não deixou a Fiorentina jogar. Em termos físicos, parecia um duelo de crianças contra adultos: a equipe de Bérgamo sempre se dava melhor nas disputas de bola, o que permitia uma pressão constante próxima à área do time mandante.

Ofensivamente, a Viola foi uma negação. Apenas 103 passes trocados e 34% da posse de bola nos primeiros 45 minutos. Uma ou outra chegada, mas sem nenhuma finalização que teve a direção do gol. Ou seja, nada de grandes sustos da Fiorentina ao goleiro Gollini, da Atalanta. O resultado disso foi mais um gol do time visitante antes mesmo do intervalo. Desta vez, a jogada surgiu após um contra-ataque.

Vlahovic perdeu a bola no campo de ataque, e a Atalanta escapou com espaço e velocidade. Malinovskiy, que já havia dado a assistência para o primeiro gol, encontrou Zapata novamente livre na cara de Dragowski. O colombiano bateu e ampliou o placar aos 44 minutos da 1ª etapa. Este foi o quarto passe para gol de Malinovskiy nos últimos dois jogos.

Muito, mas muito fácil. Parecia videogame, no nível AMADOR. Era só apertar o “triângulo” (botão do passe longo), que a Fiorentina já não conseguia acompanhar a jogada e se complicava. E vale dizer: antes do segundo gol, Dragowski já havia evitado o pior.

Os buracos na defesa

A cada rodada, fica cada vez mais difícil entender o que acontece com a defesa da Viola. Uma equipe que conta com Pezzella, Milenkovic e Martínez Quarta não pode se dar ao direito de levar tantos gols de cabeça. Estamos falando de três zagueiros bons no jogo aéreo. Mas a marcação simplesmente não encaixa.

Em outros momentos, foi possível identificar a primeira linha de defesa extremamente bagunçada. Não é raro ver um dos três zagueiros avançar um pouco no campo para tentar dar o bote. E isso não é um problema. No entanto, ninguém protege o espaço deixado por eles, e o time se desconfigura.

Aproveitando essas lacunas, a Atalanta chegava com extrema facilidade à área da Fiorentina. Bastava encaixar um passe longo para que os jogadores da Dea escapassem em velocidade. Certamente, o gol sofrido logo cedo não ajudou. Nos últimos três jogos, a Viola começou perdendo antes dos 15 minutos. Isso acaba com qualquer estratégia definida antes da partida.

Se não fosse o goleiro Dragowski, o time teria ido ao vestiário com um placar ainda pior. O polonês fez, ao menos, três grandes defesas (além de uma com o jogo já paralizado por impedimento). Resumindo; a primeira etapa foi uma lástima para o clube de Florença.

A reação

Era difícil conseguir piorar. Contudo, a Fiorentina foi capaz de reagir na partida a partir da 2ª etapa. E de forma rápida.

Mesmo sem alterações promovidas por Iachini, a equipe voltou mais ligada dos vestiários. Após levar um susto ou outro, veio o primeiro gol. E numa jogada polêmica. Houve um lateral do lado direito do campo que, aparentemente, deveria ter sido marcado a favor do time visitante. No entanto, o bandeirinha por ali entendeu o contrário e sinalizou posse para a Viola.

A Fiorentina repôs a bola em jogo rapidamente e pegou a Atalanta desprevenida. Biraghi lançou na área, Cáceres ajeitou de cabeça e Vlahovic fuzilou para o gol com a perna esquerda. Desvantagem reduzida.

A partir daí, o time melhorou. Mais enérgico, ligado e vertical. Algo muito parecido com o que aconteceu no duelo diante do Milan, há duas rodadas. Após ficar atrás no placar, a Viola parece ter “chegado para o jogo” atrasada. A fim de competir, a Fiorentina conseguiu o empate diante da Atalanta apenas nove minutos depois do primeiro gol.

Aos 21 do segundo tempo, uma bola lançada da defesa encontrou Christian Kouamé. E aí, precisamos ser transparentes. Sem Ribéry, suspenso pelo cartão vermelho diante do Genoa, o marfinense foi o substituto escolhido. Só que ele vinha fazendo um PÉSSIMO jogo. Errando quase tudo, matando as jogadas e deixando seus companheiros impacientes. 

No entanto, bastou um segundo de brilho para mudar totalmente sua história dentro da partida. Kouamé correu atrás do lançamento e conseguiu uma meia-lua para cima do defensor. Cara a cara com o goleiro, não foi fominha e serviu Vlahovic, que marcou seu segundo gol na partida (e 15º no campeonato). Jogada simplesmente ÉPICA, e o empate da Fiorentina no Artemio Franchi. 

Algo totalmente inesperado, se levarmos em consideração a 1ª etapa. Mas o futebol, muitas vezes, não tem lógica. De repente, a Viola estava de volta ao jogo.

Castigo final

Após igualar o marcador, a vibração no banco de reservas da Fiorentina foi nítida. O time vivia seu melhor momentoe, por que não, podia pensar em uma virada histórica. Não aconteceu.

Mais uma vez, o destino foi cruel com os torcedores da Viola. Pouco mais de três minutos após o golaço de Vlahovic, a Atalanta conseguiu um pênalti a seu favor. Em uma jogada extremamente infantil. Josip Ilicic tentou um passe na frente da área, que acabou sendo interceptado por Martínez Quarta. Na sequência da jogada, a bola bateu no braço do argentino, que estava aberto.

Se Martínez Quarta NÃO tivesse interferido no primeiro lance, a bola teria acabado, mansinha, nas mãos de Dragowski. O toque no braço também foi claramente sem intenção. Mas a regra atualmente nos diz que esse tipo de lance tem que ser marcado.

Azar do zagueiro… Sorte da Atalanta. O próprio Ilicic foi para a cobrança e marcou, com um chute forte no canto esquerdo de Dragowski. O arqueiro da Viola foi bem e chegou a tocar na bola. A defesa na penalidade seria uma recompensa por seu jogo grandioso.

Do 3 a 2 em diante, o time da casa desapareceu. Giuseppe Iachini promoveu quatro alterações em cinco minutos e matou o time. Essa é a verdade. Não tem como manter a consistência atingida tardiamente na partida com tantas trocas em sequência. Completamente bagunçada, a Fiorentina só não levou o quarto gol da Atalanta graças a… Dragowski. De novo, é importante ressaltar a atuação do goleiro polonês.

Infelizmente, ficará em seu registro uma derrota computada. Injusto. O camisa 69 voltou a jogar em alto nível, como no início do campeonato. A pergunta que nos fazemos não deixa de ser: Onde a Fiorentina estaria se não fosse seu ótimo goleiro? Melhor nem pensar na resposta.

A estrela de Vlahovic

Apesar da derrota, mais uma vez, Dusan Vlahovic brilhou. O sérvio marcou os dois gols da Viola no jogo, chegou a 15 bolas na rede no campeonato e atingiu outras marcas importantes. Primeiramente, se tornou o quarto jogador mais jovem a atingir 20 gols na Serie A em toda a história – e o primeiro nascido nos anos 2000 a conquistar tal feito.

Vlahovic também passou a integrar uma lista de peso, ao lado de Erling Haaland, Jadon Sancho e Moise Kean, como um dos jogadores nascidos neste milênio a atingir 20 ou mais gols em uma das cinco principais ligas europeias. Não dá mais para negar: os números do sérvio nos mostram um grande talento e eficiência ofensiva.

O camisa 9 não é técnico, mas pode compensar esse problema com confiança. Essa é a chave para o bom momento do atacante na carreira. Após começar o ano pressionado, tímido e desconfiado, ele, enfim, encontrou a motivação que faltava. Seu primeiro gol, hoje, mostra muita confiança na hora do arremate. Há cinco meses atrás, talvez não acertasse tal chute (de dificuldade considerável) de forma tão natural.

Ainda assim, é importante ter calma com Vlahovic. Trata-se de um bom momento na carreira, mas que ainda é muito curto (quatro meses). Gostaria muito que a Fiorentina renovasse com ele para vermos seu nível de desempenho na temporada que vem. Com um time menos bagunçado, ele terá a chance de fazer ainda mais história.

O que aprendemos com a derrota?

Basicamente, a Fiorentina precisa parar de levar tantos gols tão cedo. É impossível jogar toda rodada dessa maneira. O golpe precoce destrói o esquema, desmotiva o time e faz crescer o adversário. Contra a Atalanta, todo o 1º tempo foi jogado fora por conta disso.

Após o intervalo, a Viola apareceu para o jogo. Assim como contra o Milan. Por que demorar tanto? Está aí a diferença de um 2-3 para um 2-2. E um pontinho neste domingo diante de uma equipe que está em quarto na tabela seria de bom tamanho. Outro ponto importante são as substituições. Elas precisam ser mais bem trabalhadas ao longo do jogo. Não pode ser, sempre, algo na base do desespero.

Da mesma forma, os gols oriundos de bolas aéreas precisam, urgentemente, diminuir. O sistema de marcação tem que melhorar. Bonaventura não pode estar marcando o centroavante adversário em um escanteio. Onde está Milenkovic, com seus 1,95 m? E Pezzella com seu ótimo tempo de bola e impulsão? Iachini precisará corrigir esse tipo de falha boba.

Creio que, ajustando tais pontos na defesa, a Viola passa a ser capaz de produzir um jogo mais desenvolto. Se o ataque não vem sendo criativo, ao menos Vlahovic está empurrando as bolas para o gol. A Fiorentina precisa ser cirúrgica, do que foi contra a Atalanta, daqui para frente. São oito rodadas, 24 pontos e uma tarefa fácil: somente se manter na elite da Serie A.

Mais uma vez, o time pôde contar com a incompetência dos rivais. Cagliari, Parma e Crotone perderam. A distância para a zona vermelha, portanto, se manteve a mesma: oito pontos (30 a 22 na tabela). Na rodada que vem, a Fiorentina viaja para enfrentar o Sassuolo pensando, novamente, que um empate é lucro diante das atuais circunstâncias.