Existem diversas maneiras de se defender no futebol, variando de acordo com as referências utilizadas para no momento da marcação como, por exemplo: a marcação individual, a individual por setor e a zonal. Toda forma de se defender visa, fundamentalmente, a recuperação da posse de bola e a proteção da própria meta, mas a forma como cada equipe se estrutura para chegar em tal objetivo é o que as difere. Uma das formas mais utilizadas pelas equipes de topo é a marcação zonal, conhecida pela sua eficiência, complexidade e coesão. E dessa forma é organizada a equipe de Antonio Conte.
📈 | STATS
Diamo un po' i numeri? 😵
9⃣ vittorie di fila in @SerieA
5⃣ vittorie di fila in trasferta in @SerieA
9⃣ vittorie su 9⃣ nel girone di ritorno#BolognaInter ⚫️🔵 #FORZAINTER pic.twitter.com/p3JV7jEPhh— Inter (@Inter) April 3, 2021
Na defesa em zona, a grande referência de marcação é o espaço. Existe uma grande preocupação em fechar os espaços mais valiosos coletivamente, colocando o adversário em uma constante redução de espaço e tempo. Os espaços mais valiosos são aqueles próximos à bola, na medida em que o maior objetivo de uma organização defensiva é a recuperação da posse, para então atacar novamente. Cada jogador deve se posicionar, também, em função da posição de seus companheiros, mantendo uma distância ideal entre os indivíduos, de modo que a junção destes crie um bloco defensivo coeso que seja maior e mais eficaz que apenas a soma de suas individualidades.
A referência na bola e nas relações entre companheiros é o que possibilita a existência de escalonamentos permanentes das linhas no sistema defensivo, criando, portanto, um sistema de coberturas sucessivas e permanentes. A existência deste sistema é o que possibilita a criação de um “jogo de coberturas” gerando coesão, unidade e organização ao sistema defensivo de uma equipe, possibilitando que esta defenda de forma consciente e independente do posicionamento de seus adversários.
Essa é a maior diferença em relação as equipes que tem como referência defensiva o posicionamento do adversário. Quando os encaixes dependem dos movimentos da equipe contrária, toda a sua organização será refém daquilo que o adversário propõem, portanto, sendo mais facilmente manipulada. A partir do momento em que as maiores referências são a bola, o espaço e os companheiros, se torna possível criar uma organização coesa independente dos estímulos alheios, possibilitando, assim, que se controle o adversário mesmo sem a bola, fechando os espaços que se deseja e abrindo apenas aqueles que são menos valiosos.
Esse fator também é capaz de potencializar as transições, na medida em que o posicionamento dos jogadores não depende do adversário, portanto quando a bola é recuperada, a posição de todos os companheiros já é conhecida, facilitando o treinamento e a execução de transições rápidas e agressivas. Questão essa que é determinante no futebol atual, onde as transições obtiveram um status fortíssimo devido a sua importância na totalidade de uma partida.
Sem bola a Inter de Milão utiliza o sistema 5-3-2, variando entre um bloco médio/baixo e a pressão alta, dependendo do momento, da estratégia para o jogo e de gatilhos específicos.
Organização defensiva da @Inter_br pic.twitter.com/kLnxsokSYo
— MondoSportivo Brasil (@mondosportivobr) April 6, 2021
O objetivo da organização é congestionar o corredor central, forçando que o adversário busque construir pelas laterais, onde o bloco se fecha criando superioridade numérica ao redor da bola, buscando a recuperação da posse ou fazendo com que o adversário jogue para trás. E é aí o momento em que a Inter, normalmente, sobe o seu bloco, no momento em que o adversário se encontra sem espaço e é forçado a jogar para trás, facilitando a recuperação da bola em zonas mais próximas ao gol adversário e com menos oposição.
Para alcançar uma maior coesão defensiva é necessária a criação de dinâmicas para a proteção dos espaços desejados. Essas dinâmicas defensivas passam pela concepção de algumas regras de ação, ou seja, pela criação de uma reposta padrão para determinados problemas ou situações, como, por exemplo, a entrada da bola em espaços específicos.
Quando a bola se encontra em corredor central no campo do adversário, a resposta padrão da Inter passa pelo direcionamento do adversário para as laterais, realizada através da pressão ao portador da bola, executada pelo atleta mais próximo ao alvo (normalmente um dos atacantes ou meias que subiram para pressionar). Quando a bola é direcionada para o corredor lateral o ala daquele respectivo corredor deve subir pressão ao portador, enquanto o restante da última linha equilibra os espaços e realizam coberturas nas costas de quem subiu.
Quando a bola entra no espaço “entrelinhas” o zagueiros do corredor em que a bola se encontra deve pressionar o portador da bola imediatamente, de modo a retirar seu tempo e espaço, forçando a jogada para trás. Esse movimento também é equilibrado pelo restante da linha, que deve proteger os espaços deixados pelo atleta que sobe, mantendo a relação de coberturas simultâneas e permanentes.
Deste modo os nerazzuri conseguiram construir um dos sistemas defensivos mais eficientes da Itália e de todas as 5 grandes ligas europeias, sofrendo apenas 26 gols na Serie A TIM até o momento (05/04/2021) e defendendo a liderança isolada.