O Paris Saint-Germain é acostumado com estrelas. Várias passaram pelo Parc de Princes nos últimos anos, algumas mais marcantes e outras nem tanto, e atualmente os rostos que simbolizam a instituição para o mundo são os de Neymar e Kylian Mbappé. Mas quem melhor representa a essência do clube carrega outro nome, não chega nem perto do apelo midiático dos dois supercraques e é um ídolo praticamente intocável pela torcida.
Trata-se de Marquinhos, que foi de promessa à capitão, viveu diversos momentos fatídicos e é considerado hoje um dos melhores zagueiros do mundo, admirado por quem está ao seu redor.
🇧🇷 Qual o seu momento preferido do capitão @marquinhos_m5? 😍#𝗠𝗮𝗿𝗾𝘂𝗶𝟯𝟬𝟬 pic.twitter.com/7ZqUiFiRXe
— Paris Saint-Germain (@PSGbrasil) January 14, 2021
O brasileiro desembarcou na capital francesa em 2013, com apenas 19 anos de idade, após uma temporada excelente de estreia na Europa. Vestindo a camisa da Roma, se adaptou rapidamente ao futebol italiano e atraiu os olhares de potências do continente. Foi o PSG que teve sucesso e concretizou sua contratação por 31 milhões de euros. Se na época o valor pode ter sido considerado alto por alguns, agora é inegável que o retorno foi mais do que convincente.
Em suas três primeiras campanhas, apesar de ter jogado bastante, não era nome fixo na escalação como é atualmente. Isso porque – até naturalmente – teve que dividir espaço com dois conterrâneos. Em um primeiro momento foi Alex, veterano defensor que saiu em 2014 e se aposentou pelo Milan; depois, David Luiz chegou com status elevado e era considerado ‘mais titular’ ao lado de Thiago Silva.
Fez diversas boas partidas nesses tempos, mas queria uma vaga garantida e em certo ponto não estava contente com sua situação. Em 2015, duas propostas do Chelsea foram recusadas e o próprio Alex recomendava que ele buscasse novos ares. Thiago também demonstrava descontentamento com o cenário e criticou os agentes Giuliano Bertolucci e Roberto Calenda por levarem dois zagueiros para disputar posição na mesma equipe.
O outro, no caso, era David Luiz – que, em 2016, foi contratado de volta pelo Chelsea. No fim das contas, os blues acabaram de fato fazendo com que Marquinhos tivesse mais minutos, mas pelo time em que já estava. A partir disso, viu seu tempo em campo crescer e cresceu junto como atleta. Aos poucos foi se tornando um pilar do grupo e impressionando de várias formas.
❤💙 @marquinhos_m5 se tornou o 8⃣º jogador com mais partidas com a camisa do @PSGbrasil 😍 https://t.co/KulgEVKg7e
— Paris Saint-Germain (@PSGbrasil) March 10, 2021
Em termos de desempenho, poucos foram mais regulares que ele desde que o clube foi adquirido pela QSI, em 2011. É um zagueiro completo, capaz de defender com precisão as jogadas aéreas, lances rápidos pelo chão e aparecer em momentos importantes com intervenções cruciais (a última sendo em uma finalização de Lionel Messi na cara do gol, no jogo da volta das oitavas da Champions League 2020/21).
Tem agilidade e consegue ter sucesso para cobrir bolas nas costas da defesa da mesma maneira que se sente confortável tomando uma postura mais agressiva, pressionando o adversário e usando seus atributos físicos e de desarme em altíssimo nível. Com a bola nos pés, é uma peça essencial tanto para a primeira fase da construção – saindo pro jogo depois de receber do goleiro – quanto para ações mais diretas, como lançamentos em profundidade para os laterais ou os atacantes.
Diante do mesmo Barcelona, mas na ida, ao lançar na diagonal para Kurzawa conseguiu iniciar com maestria a jogada que terminou em um dos gols de Mbappé. Tem a confiança dos companheiros no sentido de ser uma ‘base’ para ajudá-los no direcionamento do jogo e um exemplo de concentração nas recuperações defensivas, com uma energia vibrante que contagia o restante. Isso já seria o suficiente para colocá-lo em um patamar bem elevado, mas é só um lado da moeda.
Ainda com 26 anos, Marquinhos é visivelmente o líder do Paris Saint-Germain. Conhecedor das realidades da agremiação, dedicado, inteligente e referência em termos de preparação, era tido como “o cara” do vestiário até mesmo quando não vestia a faixa de capitão, antes da saída de Thiago Silva. Colocar um pedaço de pano no braço foi apenas simbolizar algo que ali já existia.
O brasileiro costuma ser o responsável por passar instruções e aumentar a cobrança sobre os jogadores, além de representar o plantel nos momentos mais delicados e necessários. Como nas conversas com os Ultras, uma das torcidas organizadas mais ‘ativas’ da Europa e que costuma ter conversas com os atletas quando sentem a necessidade. Uma situação que não parece das mais saudáveis, mas ao menos ele faz essa ponte de forma consciente e com isso ganha pontos com todo mundo.
Dos estrangeiros, ele é visto como o que tem a melhor fluência no francês e a comunicação é parte importante para cultivar essa representatividade. Em campo também fala bastante e sempre está disposto a dar a cara a tapa. O mesmo falou sobre essa responsabilidade:
“Eu sou um capitão que lidera pelo exemplo, tento fazer com que o time siga meus passos. Acho que é essa a forma que um capitão e um líder deveria agir. Ele não deve apenas apontar a melhor direção para os jogadores e falar “vamos lá”. Ele precisa mostrar como fazer, operar como um guia para a equipe. Eu dou meu máximo dentro e fora do campo para estabelecer o exemplo correto. Tento ser humilde e trabalhar duro todas as manhãs, todos os dias. Dou meu máximo nos jogos e nos treinos para mostrar aos jogadores jovens – e também aos mais experientes – que podemos aprender de cada um e também se divertir.”
Qualificado, lúcido, referência e capitão. Marquinhos pode ter tido dúvidas sobre seu futuro no Parc de Princes nos primeiros anos de estadia, mas agora o que existe é a certeza de que ele é, se não o rosto, o coração do Paris Saint-Germain.