A evolução do Barcelona

O time da Catalunha viveu na temporada 19/20 uma das piores de sua história recente. Nenhum título, más atuações e um vexatório 8 a 2 sofrido contra o Bayern de Munique nas quartas de final da Champions League. Somando-se a isso, o clube ainda conviveu com a incerteza do futuro do maior craque de sua história, Lionel Messi

Diante de tudo isso, a proposta era de uma renovação, desde as peças no elenco, até os dirigentes da instituição. O principal objetivo era deixar para trás os vexames protagonizados em anos anteriores, e formar um time competitivo capaz de voltar à primeira prateleira da Europa.

Para isso, o Barça foi atrás de Ronald Koeman, técnico holandês e que naquela altura comandava a própria Seleção Holandesa. Além disso, também se desfez de peças, dentre elas, a mais importante, Luis Suárez e trouxe novos nomes, não tão conhecidos à época, como Pedri e Trincão.

O INÍCIO

Em meio a tantas incertezas e com sua grande estrela, Messi, insatisfeita, pois foi forçado a ficar, o Barcelona iniciou a temporada 20/21 com um novo time, mas com os mesmos problemas. As atuações ruins permaneceram e os nomes que deveriam tranquilizar a torcida, passavam cada vez mais insegurança, como Griezmann, Umtiti e Dembélé. Enquanto Koeman tentava achar sua equipe titular, pontos bobos eram perdidos e seus rivais, Atlético de Madrid e Real Madrid, disparavam à sua frente.

LESÕES

Além de diversas problemáticas no ambiente catalão, o pior ainda estava por vir. Antes da metade da temporada o time perdeu peças importantes como Piqué, Dest, Sergi Roberto, Philippe Coutinho e seu melhor jogador, até então, Ansu Fati. O garoto espanhol de apenas 18 anos foi uma grata surpresa na temporada do Barcelona. Gols, assistências e boas atuações constantes o tornaram indispensável na equipe principal. Enquanto Messi deixava a desejar, o jovem jogador assumiu o protagonismo do time durante o início da temporada, porém, sua ascensão foi freada por uma lesão no menisco interno que o deixaria de fora até abril.

A IMPORTÂNCIA DE RONALD KOEMAN

Com um elenco cada vez mais limitado, o técnico holandês teve que se superar na montagem do elenco. Buscou a utilização de vários sistemas, como o 4-3-3 e o 3-5-2, até acertar, momentaneamente, o time no 4-2-3-1. Dessa maneira, o time base era formado por: Ter Stegen; Mingueza, R. Araújo, Lenglet e Alba; Sergio Busquets e Pedri; Dembélé, De Jong e Griezmann; Messi.

E foi através dessa formação que Koeman conseguiu extrair o máximo de alguns jogadores, como Pedri e De Jong. O espanhol Pedri se transformou em um ótimo organizador de jogo, auxiliando Busquets na saída de bola e sendo um motorzinho no meio campo e o holandês, De Jong, se redescobriu em uma nova função, chegando cada vez mais ao ataque e marcando gols como nunca havia feito na carreira.

Dessa forma, os resultados começaram a vir juntos de boas atuações, mas a equipe ainda tinha uma pedra no sapato: os jogos grandes. Derrotas para Atlético de Madrid na LaLiga, Sevilla na Copa do Rei e Juventus e PSG na Champions League foram golpes duros para o time catalão e que fizeram Koeman repensar o esquema.

Primeiro voltou ao 3-5-2, mas dessa vez com Griezmann no banco e Dembélé e Messi fazendo a dupla de ataque. Com a volta de Dest do departamento médico, passou a utilizá-lo na ala direita e o meio era formado pela trinca de Busquets, De Jong e Pedri. Assim o time passou a ter mais controle da posse e ganhou dois novos fatores: a profundidade com os dois alas, Alba e Dest, e a possibilidade de melhorar sua marcação-pressão aproveitando-se do novo posicionamento de Dembélé, o qual facilitava a pressão alta nos primeiros portadores da bola do time adversário. A mudança surtiu efeito e o time conseguiu duas vitórias seguidas em cima do Sevilla por 2 a 0 e 3 a 0, com direito a uma remontada histórica na Copa do Rei

Porém, tal esquema não foi duradouro, pois o elenco voltava a ser desfalcado por conta de lesões. Dessa vez, Ronald Araújo e Piqué sofreram novas lesões e desfalcariam a equipe até o fim da temporada. Novamente, Koeman teve que se superar e mexer no time, entretanto, foram mudanças mais sutis. Optou por manter o esquema de três zagueiros e se adaptou ao 3-4-2-1. O time agora é formado por: Ter Stegen; Mingueza, De Jong e Lenglet; Dest, Busquets, Pedri e Alba; Messi e Griezmann; Dembélé. Nesse novo cenário o time manteve o bom apoio pelos lados com seus alas; ganhou uma saída de bola mais qualificada com o recuo de De Jong para a zaga; ganhou dois organizadores por dentro, Messi e Griezmann, e continua usando Dembélé como o homem mais avançado para servir como esse jogador que pressiona sem a bola e quando tem a bola é quem oferece a profundidade que o time tanto carecia no centro do campo.

MESSI

E, por fim, Messi. Seria impossível falar de um crescimento do Barcelona sem citar o argentino. Não fez bom início de temporada, mas sua virada de chave em janeiro foi fundamental para a equipe. Jogou nas mais diversas funções do ataque dentre os tantos desenhos táticos utilizados por Koeman e conseguiu manter um bom nível de atuação quase em todos os jogos neste ano. Foi eleito o Melhor Jogador da LaLiga em fevereiro e, atualmente, já é o líder em assistências da competição (8), o artilheiro (23) e já soma mais participações em gols do que jogos realizados na temporada. Num total realizou 40 jogos, fez 31 gols e gerou 10 assistências. Todo coletivo potencializa o individual, e o crescimento de Messi na temporada está muito aliado à evolução da equipe como um todo. 

Se no começo da época europeia víamos um Messi cabisbaixo e desanimado, o de hoje já inspira confiança e até mesmo uma esperança para os catalães de que ele possa permanecer na equipe e renovar seu contrato. 

Hoje, o Barcelona está em segundo lugar na LaLiga e na final da Copa do Rei. Uma temporada que se desenhava desastrosa, pode terminar com dois títulos devido a grande evolução do time catalão como um todo.