A Itália inicia nesta quinta-feira (25) sua trajetória nas eliminatórias europeias para a Copa de 2022, no Catar. Após ficar de fora do último mundial, realizado na Rússia, a seleção Azzurra certamente não quer (e nem pode) cogitar repetir a dose. Para isso, uma vitória diante da Irlanda do Norte, na estreia, é a pedida certa para Roberto Mancini e seus convocados.
O treinador italiano anunciou os nomes de sua lista na última sexta-feira (19). Com brasileiros entre os lembrados, algumas incertezas e já um desfalque certo, a equipe terá três jogos em um intervalo de apenas seis dias. A seleção também tem novidade no banco de reservas.
A seguir, um pouco mais sobre o duelo com a Irlanda do Norte, os elementos interessantes envolvidos neste jogo, além do calendário da seleção nas eliminatórias para a Copa. É a tetracampeã mundial Itália no começo de sua caminhada pelo retorno à Copa do Mundo, lugar de onde jamais deveria ter saído. Venha comigo neste pré-jogo!
Ficha Técnica
Itália x Irlanda do Norte
Eliminatórias Europeias: 1ª rodada (grupo C)
Estádio: Ennio Tardini (Parma)
Horário: 16h45 (de Brasília)
Transmissão no Brasil: Estádio TNT Sports
Os Convocados
A lista de Mancini conta com 38 nomes. Um número elevado, se comparado ao que as seleções nacionais costumam levar para os seus compromissos, justamente por conta da sequência intensa de partidas – as datas FIFA normalmente tem apenas dois duelos e não três, como agora. Abaixo, todos os convocados:
Goleiros: Cragno (Cagliari), Donnarumma (Milan), Meret (Napoli), Sirigu (Torino)
Defensores: Acerbi (Lazio), Biraghi (Fiorentina), Bonucci (Juventus), Chiellini (Juventus), Di Lorenzo (Napoli), Emerson Palmieri (Chelsea), Marco Ferrari (Sassuolo), Florenzi (Paris Saint Germain), Lazzari (Lazio), Mancini (Roma), Spinazzola (Roma), Rafael Tolói (Atalanta) e Bastoni (Inter)
Meio-campistas: Castrovilli (Fiorentina), Cristante (Roma), Locatelli (Sassuolo), Mandragora (Torino), Pellegrini (Roma), Pessina (Atalanta), Soriano (Bologna), Verratti (Paris Saint Germain), Barella (Inter), Sensi (Inter) e Ricci (Spezia)
Atacantes: Belotti (Torino), Berardi (Sassuolo), Bernardeschi (Juventus), Caputo (Sassuolo), Chiesa (Juventus), El Shaarawy (Roma), Grifo (Freiburg), Immobile (Lazio), Insigne (Napoli) e Kean (Paris Saint Germain).
Casos particulares
Em negrito, na lista de convocação acima, estão os jogadores de clubes italianos que registraram casos de Covid-19, recentemente. Bastoni, Barella e Sensi são da Inter, que sofreu com um surto do vírus no elenco na última semana. A equipe inclusive teve seu último duelo, contra o Sassuolo, adiado. Já Ricci joga no Spezia.
Os quatro jogadores não treinaram junto do restante do elenco ao longo da semana, mas estarão disponíveis para entrar na partida contra a Irlanda do Norte. Eles foram para Florença, onde fica o centro de treinamento da seleção italiana, e nesta quarta acompanharam a delegação até Parma, local da partida. Caberá a Roberto Mancini decidir, ou não, pela utilização destes quatro atletas.
Já o atacante Moise Kean, do PSG, estava presente na lista de 38 convocados, mas acabou retornando a França. O jovem de 21 anos sentiu-se fadigado, e a comissão técnica acabou por liberá-lo dos compromissos. Vale lembrar que no início de março ele testou positivo para Covid-19.
Os ítalo-brasileiros
Emerson Palmieri está na lista de convocados mais uma vez. O lateral-esquerdo do Chelsea, natural de Santos, já acumula 12 jogos com a camisa da Itália. Sua primeira participação aconteceu em setembro 2018, em um jogo amistoso contra Portugal. Essa partida, inclusive, representa a última derrota da Azzurra em qualquer compromisso internacional, seja oficial ou não. De lá para cá, a Itália não perdeu mais.
Rafael Tolói é o grande estreante entre os escolhidos por Mancini. O brasileiro, que joga na Atalanta desde 2015, conseguiu completar o processo de naturalização há cerca de um mês. E o “presente” foi a primeira convocação para a Itália. Aos 30 anos, o zagueiro, provavelmente, não começará jogando diante da Irlanda do Norte. Ainda se adaptando ao estilo de Mancini, no entanto, espera-se que ele ganhe alguns minutos, aos poucos. Tolói falou sobre o feito atingido:
“É uma sensação incrível […] Acho que a convocação é um reconhecimento do que eu tenho feito nas últimas temporadas pela Atalanta e fico grato por todos que me ajudaram de alguma forma”
#Azzurri 🇮🇹
Matteo #Ricci and Rafael #Toloi are about to give a press conference at #Coverciano 🎙️#VivoAzzurro pic.twitter.com/Uu1lqXPVhr
— Italy ⭐️⭐️⭐️⭐️ (@Azzurri_En) March 23, 2021
Novidade na comissão técnica
Daniele De Rossi, ex-volante e campeão mundial com a Itália em 2006, foi integrado a comissão técnica de Roberto Mancini. Aos 37 anos, ele vai acompanhar de perto o trabalho do treinador. De Rossi, que se aposentou em 2017, justamente no jogo contra a Suécia, que tirou a Itália do Mundial da Rússia, nunca escondeu o desejo de se tornar técnico também. O ídolo da Roma se mostrou animado com o novo desafio:
“Estou orgulhoso em começar esta nova etapa com a seleção da Itália e agradeço Gabriele Gravina e Mancini pela confiança e oportunidade.”
Welcome back, Daniele! 🤩#DeRossi #Azzurri 🇮🇹 #VivoAzzurro pic.twitter.com/qSi7VQZP7S
— Italy ⭐️⭐️⭐️⭐️ (@Azzurri_En) March 22, 2021
O duelo
Contra a Irlanda do Norte, a Itália inícia sua caminhada por uma vaga na Copa do Mundo. Após a eliminação traumática na repescagem, diante da Suécia, para o Mundial da Rússia, em 2018, a Azzurra conseguiu se recuperar. Em desempenho e, principalmente, nos resultados. Já são 22 partidas invicta (17 vitórias e cinco empates). A última derrota, como já destaquei, aconteceu em setembro de 2018, em um jogo contra Portugal, que terminou 1 a 0 a favor da seleção lusitana.
Em 2020, foram oito jogos da Itália sem derrotas. Seis deles pela Liga das Nações, competição interrompida por conta da pandemia de Covid-19. No final deste ano, está programada a disputa da fase semifinal, na qual a seleção de Mancini está incluída. A equipe enfrenta a Espanha por vaga na decisão. Do outro lado, França e Bélgica duelam.
Antes disso, em 2019, a Itália se classificou para a Eurocopa com uma campanha PERFEITA. Dez vitórias em dez jogos, 37 gols marcados e apenas quatro sofridos. O grupo enfraquecido ajudou, isso é verdade. Mas impossível não notar uma evolução, acompanhada de um rejuvenescimento pontual, da equipe nacional neste momento.
Um dos grandes trunfos do trabalho de Roberto Mancini foi reestabelecer a segurança lá atrás. No entanto, a base dessa solidez continua muito atrelada à experiência: Veteranos consagrados, como Chiellini e Bonucci, seguem presentes nas convocações. Acerbi e Florenzi também já são bastante rodados. O goleiro Donnarumma e o zagueiro Bastoni são as “caras” da nova geração no setor defensivo.
Nesta quinta-feira (25), é quase certo que a Itália vai manter seu tradicional 4-3-3, com uma trinca de meias com bastante qualidade e o escape em velocidade pelas pontas. Para fechar a conta, Immobille ou, quem sabe, Belotti (artilheiro da era Mancini com seis gols) no comando de ataque. Essa é a Itália atual. No papel, uma equipe não tão virtuosa como outras do passado, mas que tem em seu estilo de jogo seguro e coletividade o grande mérito.
A dúvida fica em relação aos pontas titulares. Chiesa, Bernardeschi, Insigne, El Shaarawy, Berardi. São muitas as opções e que possibilitam diferentes movimentações dentro de um mesmo esquema. É difícil cravar quem começa jogando, por causa da sequência de jogos. Muito provavelmente, Mancini vai mesclar bem as equipes ao longo das próximas três partidas, até por uma questão física.
No caso da Itália, o elenco em si é muito homogêneo, sendo possível fazer várias mudanças sem que a essência do time seja perdida. Por isso, a seleção da Bota continua franca favorita diante da Irlanda do Norte, mesmo com algumas incertezas e possíveis desfalques.
Já a equipe visitante, vem de um 2020 decepcionante na “segunda divisão” da Liga das Nações e com derrota na repescagem da Eurocopa. A seleção comandada por Ian Baraclough, portanto, não poderá disputar o torneio continental pela segunda vez em sua história. A estreia conteceu em 2016, na França.
Retrospecto
Se o momento atual da seleção italiana é um bom motivo para apostar na vitória da Azzura, o histórico diante da rival Irlanda do Norte ajuda a corroborar essa tese. Nos últimos nove jogos, seis vitórias da Itália, três empates e apenas uma derrota, que aconteceu nas eliminatórias para a copa de 1958!
Em casa, diante da adversária desta quinta-feira, campanha perfeita: seis triunfos em seis encontros. Além disso, a seleção não levou gols da Irlanda do Norte nos cinco duelos mais recentes. O último jogo entre ambas aconteceu em 2011, e terminou 3 a 0 para a seleção italiana. Os gols foram marcados por Cassano (duas vezes) e McAuley contra.
No Ennio Tardini, o restrospecto também é favorável à equipe da casa. Seis vitórias e uma derrota em sete partidas disputadas no estádio do Parma. O único revés aconteceu diante da França, em 2012. Agora, se Mancini deseja encontrar uma escrita para quebrar, vale lembrar que a Itália não venceu a Suécia nenhuma vez nos dois duelos da repescagem para a Copa de 2018.
Somente DUAS vezes em sua história, a azzurra ficou três jogos seguidos de eliminatórias sem vencer (em 1981 e 1997). Contra a Irlanda do Norte, é preciso conquistar o triunfo para evitar este registro negativo nos livros de história italianos.
A sequência
Após duelar com a Irlanda do Norte em casa, a Azzurra viaja para dois confrontos longe de seu território. Primeiro, contra a Bulgária, no dia 28 de março, e diante da Lituânia, três dias depois.
A equipe de Roberto Mancini ainda enfrentará a Suíça, posteriormente – o adversário mais forte da chave. Lembrando que apenas o primeiro colocado desse grupo C se classifica diretamente para o Mundial do Catar. Quem ficar em segundo, joga a repescagem. Essa, certamente, uma etapa da qual a Itália busca fugir nessa sua nova caminhada para garantir passagem à Copa do Mundo.
One more day until the #Azzurri are 🔙 in action! 👏😄#VivoAzzurro pic.twitter.com/KcCHTyJ9h5
— Italy ⭐️⭐️⭐️⭐️ (@Azzurri_En) March 24, 2021