Caos na Fiorentina! Prandelli sai, Iachini retorna

Cesare Prandelli não é mais treinador da Fiorentina. Mais cedo, nesta terça-feira (23), o italiano de 63 anos ligou para o presidente do clube, Rocco Commisso, e anunciou que estava entregando o cargo. Para seu lugar retorna Giuseppe Iachini, que comandou o time nas primeiras sete rodadas da Serie A na atual temporada. Resta apenas o anúncio oficial. Ou seja, um verdadeiro caos em Florença!

Os motivos para sua saída, de acordo com o próprio Prandelli, são pessoais. Em uma carta de despedida, ele pediu desculpas aos torcedores de Firenze, disse não conseguir mais tirar nada do time e ainda colocou em dúvida seu futuro como treinador. Um relato comovente e que deixou claro a falta de condições psicológicas para administrar uma equipe em crise neste momento.

Atualmente, a Viola está na 14ª colocação da Serie A, com 29 pontos, após 28 rodadas. Duas posições abaixo da que Iachini entregou a Prandelli, no começo do campeonato. Agora, o “novo velho” treinador terá desafio semelhante ao que encontrou na temporada passada. E que é algo nada ousado: apenas se manter na elite do calcio.

Legado de Prandelli

Neste momento, discutir os prós e contras do trabalho de Cesare Prandelli em sua segunda passagem na Fiorentina se torna uma matéria um tanto quanto complexa. Em números, algo ruim: apenas seis vitórias, seis empates e 11 derrotas nos 23 jogos.

Falei mais sobre as deficiências da Viola sob o comando de Cesare em um texto recente aqui no site. Portanto, não vou me alongar demais nesse assunto. Fato é que nos últimos três jogos a equipe apresentou uma melhoria na eficiência ofensiva. Três gols contra o Parma, quatro diante do Benevento e mais dois no Milan. Já a defesa segue sendo muito instável.

Não só pela má fase de Pezzella e Milenkovic, mas por todo o sistema de marcação. Se este ponto já era uma crítica recorrente no trabalho de Iachini, provavelmente o torcedor Viola continuará a sofrer com as falhas defensivas recorrentes (e, por consequência, com os gols sofridos).

Há também de se chamar atenção para as lesões. Um “legado” negativo que Iachini terá de contornar. Castrovilli retornou no último duelo, mas é preciso ficar atento para não deixar mais ninguém “estourar”. O brasileiro Igor Julio é o caso mais grave, e segue em recuperação. Biraghi, Amrabat, Kokorin, todos esses tiveram pequenos problemas musculares recentemente.

Em termos de sistema tático, provavelmente veremos o retorno definitivo do 3-5-2 e suas variantes. Iachini é um ENTUSIASTA deste desenho. Prandelli até tentou alterar a disposição tática da Fiorentina em alguns momentos, mas levou duros golpes também. No fim, é difícil dizer qual esquema vem sendo menos danoso para a Viola.

Vale dizer que Giuseppe Iachini já comanda a equipe violeta a partir de amanhã, quarta-feira (24). Serão cerca de dez dias para trabalhar, já que o próximo compromisso é apenas no dia 3 de abril, diante do Genoa, fora de casa. No entanto, o técnico não terá à disposição os jogadores que foram convocados por suas seleções nacionais: Castrovilli, Biraghi, Amrabat, Vlahovic e Milenkovic.

Retrocesso

Não há outra palavra para descrever este movimento de Rocco Commisso e comapanhia que não RETROCESSO. E pela simples cronologia dos fatos. Não que o trabalho de Prandelli na Fiorentina estivesse à frente do de Iachini em evolução, tampouco em resultados. A posição na tabela e as estatísticas estão aí para comprovar.

No entanto, o problema é perceber como a Fiorentina caminha em círculos. Cinco meses depois, a equipe retorna à estaca zero, e nós permanecemos constantemente presos neste dia da marmota. Ou seja, mais uma temporada despejada no lixo. Eu entendo que este seja um caso atípico, e que nem mesmo Commisso estivesse pensando na saída de Prandelli.

A ideia dele, provavelmente, era manter o treinador até o fim do campeonato, assegurar a manutenção na Serie A, desejá-lo boa sorte e buscar outro caminho para a temporada que vem. Agora, com o rompimento abrupto, não restaram muitas opções para o chefão da Fiorentina. Iachini, dando bobeira no mercado, foi a primeira opção.

Mas será que ninguém se pergunta por que o novo treinador da Viola estava sem contrato? NENHUM time o quis. Certamente não é à toa. Não tenho nada contra ele no âmbito pessoal, mas são nítidas suas limitações como comandante. Pode até ser um bom “apagador” de incêndios. Mas só.

E a Fiorentina parece se contentar em viver, ano após ano, nessa constante combustão. A todo momento, prestes a explodir. E a comparação aqui nem é Prandelli x Iachini. Talvez, nessas últimas dez rodadas, a Fiorentina emplaque bons resultados e termine na metade da tabela. Assim como na temporada passada. E aí? Será que os comandantes do clube vão se iludir de novo? Vão estender o contrato de Iachini DE NOVO?

Não dá mais para duvidar de nada. Portanto, o problema é o que este movimento representa. Desespero, somado à falta de planejamento. Uma combinação que costuma ser a receita do rebaixamento de uma grande equipe. A Fiorentina não tem elenco para estar nessa situação atual, mas acabou sendo levada a isso por uma sucessão de erros.

Em menos de um ano, qualquer sinal de otimismo foi pelo ralo. As perspectivas quanto a base do time já eram ruins. Muita gente pode estar de saída, enfraquecendo ainda mais a força do plantel. Agora, as dúvidas com relação ao treinador aumentam também. Para quem sonhou com Sarri, mas acordou com Iachini, deixo minha solidariedade. Ninguém disse que é moleza torcer pela Viola