Rafinha é página virada no Flamengo

Rafinha é carta fora do baralho no Flamengo. Depois de uma negociação que durou mais do que o imaginado, o clube desistiu oficialmente do lateral-direto. E o que tinha tudo para ser um retorno de quem nunca deveria ter saído, se transformou em frustração por parte da torcida, que contava com o retorno do jogador.

Sempre fui entusiasta da volta de Rafinha ao Flamengo. Um jogador diferente, líder, querido pelo grupo e com “cheiro” de títulos. Apesar de já veterano (faz 36 anos em setembro), Rafinha ainda sobra no futebol brasileiro e certamente elevaria ainda mais o patamar do já forte Flamengo.

Mas a imprevisibilidade faz parte do futebol. Tudo é muito cíclico. Não custa lembrar que quem quis sair do Flamengo foi o jogador. Em meio à pandemia, Rafinha optou por retornar à Europa para ganhar mais dinheiro.

Naquele momento, em agosto de 2020, o lateral não pensou no clube. Fez o que acreditou ser o melhor para sua carreira e para sua família. Direito dele, diga-se. Mas não se pode negar que o jogador abandonou o Flamengo, deixando o clube à procura de um novo lateral titular em momento extremamente delicado.

Ter um jogador como Rafinha de volta seria um grande luxo ao Flamengo, como bem disse um amigo rubro-negro recentemente. Mas o momento é outro. Não há espaços para loucuras financeiras. Se esse foi o real motivo da desistência, obviamente.

Manter os pés no chão não é uma opção para um clube que navega em águas calmas, mas sempre sujeitas a oscilações. É obrigação! Entender esse novo momento do mercado por conta da pandemia é um divisor de águas entre seguir com austeridade ou voltar ao amadorismo.

Muito se fala que a desistência da contratação se impôs pela questão financeira, pelo alto custo que Rafinha representaria ao clube em momento delicado. Há quem diga, também, que questões políticas foram preponderantes para o Flamengo tirar seu time de campo na negociação.

O motivo, sinceramente, se tornou secundário, a meu ver, em que pese o risco para o clube de perder um atleta de alto nível e vê-lo reforçar um rival. O fato é que o retorno de Rafinha parece ser página virada na Gávea. Uma pena para a torcida do Flamengo, mas assim é o futebol.

E se não vem mais, pelos motivos que forem, trata-se apenas de uma negociação que não deu certo. Não há qualquer razoabilidade em crucificar o atleta ou atirar pedras na Diretoria do clube. As críticas fazem parte do processo e as considero fundamentais, mas sem caça às bruxas.

Rafinha tem uma linda – e, infelizmente, curta – história no Flamengo. E ela jamais será apagada. O torcedor tem que ser grato por tudo que o jogador representou ao clube num dos momentos mais marcantes de sua vitoriosa trajetória, mas tudo passa. Até Zico passou. E o clube seguiu.

Ao jogador, resta ouvir outras propostas e continuar sua carreira. Ao Flamengo, foco nas contratações para tornar o grupo ainda mais forte nas competições que o clube terá em 2021. Nada é mais importante que a instituição. O Flamengo tem que buscar o que é melhor para si. E vida que segue.