Real vence de novo, e Atalanta cai na Champions

A Atalanta deu adeus ao sonho da Champions. Diante do Real Madrid, e em desvantagem por conta do 1 a 0 no confronto de ida, um erro individual praticamente enterrou a chance de reação dos italianos. Depois, exposta por necessidade, a Dea sofreu mais dois e fez o seu de honra. Fim de jogo no Estádio Di Stéfano, 3 a 1.

A escalação do treinador Gian Piero Gasperini surpreendeu a todos, mas foi pouco eficaz diante de uma equipe bem armada defensivamente. No segundo tempo, Vinicius Junior teve seus lampejos e ajudou os merengues a selarem o placar. Sem surpresas pelo resultado final, mas com a sensação de que era possível complicar mais: Dessa forma, o Real venceu de novo, e a Atalanta caiu na Champions League.

Desfalques e Mudanças

Precisando ao menos de uma vitória simples para se manter viva no confronto, a Atalanta foi ao Estádio Alfredo Di Stéfano sem o lateral Hans Hateboer, machucado, e Remo Freuler, expulso de forma bastante polêmica no primeiro encontro, em Bérgamo, suspenso na Champions. Diante disso, Gasperini decidiu ousar na escalação.

Além de Pasalic, colocou em campo Malinovskiy, deixando o colombiano e artilheiro Zapata no banco. Josip Ilicic foi outro que começou a partida como opção. Também houve troca na meta, com a entrada de Sportiello no lugar de Golini. Os 11 titulares foram: Sportiello, Rafael Tolói, Romero e Djimsiti; Maehle, Pessina, de Roon e Gosens, Malinovskiy, Palasic e Muriel.

Já o Real Madrid contou com retornos importantes: Sergio Ramos e Benzema. Zinedine Zidane optou por armar uma linha de três zagueiros, com dois alas de bastante amplitude. Carvajal, machucado, e Casemiro, suspensos, foram desfalques. Além deles, o belga Hazard também ficou de fora por conta de mais uma lesão. Dessa vez, no músculo do quadril direito, o que deve afastá-lo dos gramados por 1 mês.

Com isso, Zidane levou a campo: Cortouis, Varane, Sergio Ramos e Nacho; Lucas Vásquez, Valverde, Modric, Kroos e Mendy; Benzema e Vinicius Junior.

O jogo é pela esquerda

Tanto para o Real Madrid, quanto para a Atalanta, a estratégia inicial foi investir nas jogadas pelo lado esquerdo de seus ataques, o que proporcionou um grande volume de jogo nestes setores ao longo da primeira meia hora. Os merengues apostaram na velocidade de Vinicius Junior e nas chegadas ao ataque de Mendy, que pouco tinha de se preocupar com a marcação por ali.

Isso porque a equipe visitante também explorava muito mais a faixa esquerda, com Gosens sendo bastante acionado e Muriel, deixando a referência para tentar ajudar na construção pelo setor. No entanto, o time italiano pecou demais nos erros de passes, o que impossibilitou triangulações e, até mesmo, a possibilidade de finalizações ao gol.

Também foram pouquíssimas as chances reais de gol nos primeiros 30 minutos de jogo. A melhor delas caiu nos pés do Vinicius Junior. Ele começou a jogada e acionou Benzema, que fez o papel de pivô com primor. O francês ajeitou a bola na medida, mas o brasileiro demorou para finalizar. Ao invés de bater de primeira, com o goleiro Sportiello já caído, tentou dar um toque a mais e acabou sendo travado na hora do arremate.

O erro fatal

E por falar no goleiro da Atalanta, foi a partir de seu pé direito que o sonho da Dea escorregou entre os dedos. Aos 34 minutos, o camisa 57 tentou sair jogando, mas mandou o lançamento no peito de Luka Modric. O croata carregou a bola pelo lado direito da área e serviu Benzema. O centroavante só precisou completar de primeira, com o pé direito, sem muita força. Sportiello nada pôde fazer.

Com mais uma bola na rede, o camisa 9 do Real agora tem 15 gols a mais que o segundo artilheiro do time na temporada (21, contra 6 de Casemiro), contando todas as competições. Além disso, ele alcançou a marca de 10 temporadas anotando ao mesmo 5 gols na Liga dos Campeões. No total, são 70 gols do francês no torneio europeu.

Em um jogo nervoso da Champions, equilibrado e com poucos espaços em ambos os lados do campo, uma falha individual acaba fazendo toda a diferença. O Real soube aguardar o momento, pressionou corretamente a saída de bola do arqueiro visitante e colheu os frutos. Com a vantagem de um gol no jogo (e dois no confronto), a equipe espanhola foi aos vestiários bem mais relaixada do que entrou em campo.

Vinicius Junior

Se o brasileiro desperdiçou uma chance boa na primeira etapa, com menos de 15 minutos do 2º tempo, ele foi capaz de agitar ainda mais o confronto, mostrando suas melhores virtudes. Primeiro, fez uma jogada sensacional: recuperou a bola, tocou para Mendy, partiu em velocidade do campo de defesa, deixou dois para trás, mas pecou na finalização de cara para o gol. Seria uma pintura!

Já na segunda escapada, Rafael Tolói não quis apostar em um novo erro de conclusão do camisa 20. Exausto, tentou fazer a falta com a perna esquerda, mas não conseguiu. Com a direita, derrubou Vini Junior dentro da área, concedendo a penalidade que foi convertida por Sergio Ramos. Sportiello ainda tocou na bola, mas não conseguiu a defesa. Imediatamente após o gol, aos 15 minutos, Tolói deixou o campo, encerrando de forma melancólica seu jogo de número 200 com a camisa do time de Bérgamo.

Vinicius Junior foi substituído aos 23 minutos pelo compatriota Rodrygo. Apesar dos dois gols perdidos (uma deficiência antiga e que precisa ser corrigida), ele deve ser considerado um dos destaques da classificação. Encontrando espaços pelo lado esquerdo desde o início do jogo, foi competente em explorá-los no começo do 2º tempo, arrumando um pênalti a favor do Real Madrid.

O adeus da Dea

Precisando de três gols, a Atalanta ainda viu Gosens deixar o campo machucado. O ala, que foi um dos mais acionados na primeira etapa, deu lugar ao esloveno Ilicic. Antes, na volta do intervalo, Zapata veio para o jogo no lugar de Pasalic, que não esteve bem no jogo desta quarta, assim como Malinovskiy. Uma tentativa tardia de Gasperini em corrigir a rota, talvez. A verdade é que sem Zapata no primeiro tempo, a equipe de Bérgamo pouco criou.

A culpa, tampouco, foi do substituto Muriel. O time simplesmente foi incapaz de furar o forte bloqueio imposto pelos merengues, com uma linha de três zagueiros e laterais em alerta para as escapadas.

Mesmo em dificuldades, o jogo ainda estava 0 a 0 até a falha grosseira de Sportiello. E isso também acaba ficando na conta do treinador, que promoveu a mudança no gol por opção técnica. No fim das contas, o erro do arqueiro desestabilizou a estratégia e expôs a Atalanta aos contra-ataques do Real. No segundo tempo, o golpe fatal veio com o pênalti. Valente, a Dea até continuou tentando, com finalizações ao gol. Courtois fez boas defesas em chutes de Zapata e Muriel.

Já aos 38, o goleiro não conseguiu repetir o feito em cobrança de falta. Bela batida de Muriel, por cima da barreira, e o gol de honra da Atalanta no confronto. Pouco depois, Asensio aproveitou contra-ataque, chutou no contrapé de Sportiello, que falhou de novo (desse vez de forma menos grave). O terceiro gol dos madrilenhos, diante de uma equipe que ainda não tinha sido vazada NENHUMA vez, fora de casa, na edição atual da Champions. Diante disso, trabalhos encerrados no Estádio Di Stéfano.

Saldo positivo

Com duas derrotas, mas a dignidade e esforço de sempre, a Atalanta dá adeus à Champions League uma fase antes do que na temporada passada. Evidentemente, não há como ignorar o impacto do primeiro resultado, de 1 a 0, em Bérgamo, a favor do time espanhol. “E se Freuler não tivesse sido expulso tão cedo naquele lance discutível?” Infelizmente, essa pergunta vai ficar apenas no imaginário dos torcedores.

De qualquer forma, a campanha da Atalanta deve ser, novamente, valorizada. São apenas duas partiipações do time italiano no principal campeonato do continente e, quem sabe, mais uma aparição em breve. Bem na Serie A, resta ao time nerazzurri buscar de novo a vaga na Champions através do campeonato nacional. A equipe está atualmente na 4ª posição, e é muito mais do que possível conseguir manter esse lugar até o fim.

Já o Real Madrid avança no torneio. Mostrando algumas boas virtudes, mas sem um brilho tão especial, o maior campeão europeu retorna às quartas de final após três temporadas. E sabe como é… melhor não deixar os merengues crescerem demais na Champions. O caminho da taça reside no DNA espanhol.